A cruz de ferro
Em 1943, no auge da Segunda Guerra, Rolf
Steiner (James Coburn) é promovido a sargento e recebe a dura missão do capitão
Stransky (Maximilian Schell) de localizar a cruz de ferro de um tenente morto
em combate. Para satisfazer a vontade do chefe, Steiner desloca um grupo de
homens destemidos, sem saber o que encontrará pelo caminho.
Sam Peckinpah (1925-1984)
dirigiu com muita dificuldade esse filme de guerra violento, considerado por
Orson Welles um dos melhores do tema já produzidos no cinema. O diretor de
obras-primas como “Meu ódio será sua herança” (1969) e “Sob do domínio do medo”
(1971) demorou para levantar recursos financeiros para o projeto, e estava consumido
pelo álcool (Peckinpah era viciado em bebida). Mas nada disso atrapalhou a conclusão
desse filme visceral, produzido no Reino Unido e na Alemanha Ocidental e rodado
na antiga Iugoslávia. A complexa trama, baseada
no livro do alemão Willi Heinrich, traz um sargento recém-nomeado que recebe a
missão quase suicida de satisfazer o ego de um melancólico capitão nazista, de
obter a cruz de ferro de um tenente morto. Vale destacar que a tal cruz de
ferro era uma condecoração militar única e preciosa, originalmente do Reino da
Prússia e depois utilizada no Império Alemão e objeto de desejo no Terceiro
Reich, exclusiva dos tempos de guerra. Receoso quanto à missão, o sargento reúne
homens para se jogar no front para encontrar a almejada cruz.
Com cenas típicas do diretor, de tiros e
mortes em câmera lenta (característica fecunda do cineasta), e um vasto
material de arquivo (vídeos e fotos da Segunda Guerra Mundial, no caso), tem um
humor cínico e reviravoltas marcantes. Quebra o estereótipo dos nazistas vilões
para mostrá-los como soldados quaisquer em meio à dureza de uma guerra. Fala da
truculência dos inimigos (no caso os soviéticos e os americanos) e das
artimanhas de sobrevivência no meio do caos. Um dos mais complexos personagens
da história é o capitão Stransky (interpretado pelo ótimo Maximilian Schell),
um homem já cansado da guerra que envia a tropa atrás da cruz somente para
satisfazer seu ego e honrar o nome da família (e também de ganhar mais um item
para sua coleção particular).
Complementam o time de astros e estrelas James
Coburn, James Mason, David Warner e Senta Berger. Teve uma continuação bem
inferior dois anos depois, “Ruptura das linhas inimigas” (1979), com novo
diretor, produtor e elenco (incluindo Richard Burton e Rod Steiger).
Saiu em
diversas edições em DVD no Brasil e recentemente a melhor delas foi
disponibilizada ao público, a da Classicline, com metragem estendida, de 132
minutos – a mais comum de se ver é a de cinema, de 119 minutos.
A cruz de ferro (Cross of iron). Reino
Unido/Alemanha, 1977, 132 minutos. Guerra. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido
por Sam Peckinpah. Distribuição: Classicline (DVD de 2022)
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