A festa de despedida
Idosos
que residem em um asilo em Jerusalém criam uma máquina de auto-eutanásia para ajudar
um amigo que deseja morrer após longo período doente. No dia seguinte à morte
dele, rumores sobre o caso se espalham e familiares de outras pessoas em
condições críticas de saúde procuram o grupo para utilizar o dispositivo. Os
amigos então questionam se o método é legal ou não.
O cinema de Israel é ainda desconhecido
no Brasil, a não ser quando festivais exibem seus filmes, como faz muitas vezes
a Mostra de Cinema de SP e o Festival do Rio. Desde a década de 60 ele vem se
reinventando e abrindo possibilidades de novos temas, e nos últimos 15 anos
cinco longas israelenses foram indicados ao Oscar. Diretores como Amos Gitai,
Elia Suleiman, Eran Riklis, Ari Folman e Nadav Lapid se destacam nesse cinema, e
alguns títulos fizeram história em premiações, como Yossi & Jagger:
Delicada relação (2002), Um herói do nosso tempo (2005), Lemon tree (2008),
Free zone (2010), Tempestade de areia (2016) e Sinônimos (2019 – esse ganhador
do Urso de Ouro em Berlim). E “A festa de despedida” (2014) é um exemplar de
porte dessa boa fase do cinema de Israel, um dramédia (drama com comédia) com
humor negro em uma trama sensível e sagaz. Levou prêmios internacionais, sendo
dois deles no Festival de Veneza, indicado lá ao Queer Lion, o prêmio para
filmes de temática gay (isso porque na história há um idoso homossexual, muito
divertido por sinal).
Fala da eutanásia, um tema sério e
difícil, de maneira leve, até com certa fantasia. Aqui um grupo de idosos
inventam uma máquina para os doentes que escolhem morrer, para encurtar o período
de enfermidade e partirem sem dor – é uma espécie de dispositivo intravenoso
que, com apenas um botão, libera uma droga que paralisa o coração. O que era
para funcionar com um amigo se torna um negócio empreendedor, e a partir dessa
procura eles pensam se estão fazendo a coisa certa. Nessa discussão entram
questões religiosas, éticas e providenciais.
A dupla de diretores e roteiristas Tal Granit e Sharon Maymon fizeram antes curtas e
filmes para TV, e aqui, na estreia em longa-metragem ficcional, se destacam com
um cinema de qualidade, que preza pela fotografia e com um roteiro acessível a
todos. E souberam escalar um elenco de atores veteranos de primeira linha, a
destacar Ze’ev Revach, Ilan Dar e Aliza Rosen. Descubram esse filme de arte
humano e sensível.
A festa de despedida (Mita tova). Israel/Alemanha, 2014, 95
minutos. Drama/Comédia. Colorido. Dirigido por Tal Granit e Sharon Maymon.
Distribuição: Imovision
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