Dois jovens soldados
britânicos precisam atravessar trincheiras e campos minados para entregar uma
mensagem primordial para o comandante da tropa que está do outro lado das
linhas inimigas, durante a Primeira Guerra Mundial.
O diretor e
roteirista Sam Mendes (ex-marido de Kate Winslet), de “Beleza americana”
(1999), “Estrada para perdição” (2002) e de dois filmes de James Bond, “007:
Operação Skyfall” (2012) e “007 contra Spectre” (2015), realizou um grande
épico cinematográfico e um dos longas-metragens de guerra mais impressionantes
dos últimos anos. Posso dizer que é uma façanha de técnica inconfundível e difícil
de ser idealizada, cheia de referências e truques visuais, a começar pelo plano-sequência
que atravessa o filme inteiro (são duas horas ininterruptas de gravação, pelo
menos assim era a ideia original do diretor, mas logicamente deve ter ocorrido
um corte ali e uma emenda acolá, que ficaram imperceptíveis, assim como houve
em “Arca Russa” e “Birdman”).
Parte de um
roteiro básico, de uma história só, cheia de reviravoltas, sobre um soldado britânico
que, com ajuda de outro soldado, vaga pelo front de guerra, na Primeira Guerra
Mundial, atravessando as linhas inimigas com destino ao comandante da tropa,
para entregar a ele a seguinte mensagem: a ofensiva contra os alemães não pode ocorrer
pois se trata de uma armadilha. E o que assistimos é toda a travessia infernal e
heroica desse soldado, chamado Schofield (interpretação boa do jovem George
MacKay, de “Capitão Fantástico” e “A verdadeira história de Ned Kelly”), que
corre contra o tempo para levar tal mensagem – ele e o colega têm poucas horas
até a ofensiva, passarão por campos minados, por corpos em decomposição nas
trincheiras, levarão tiros, sem contar explosões, queda de avião etc
O que o
protagonista presencia são histórias reais vividas pelo próprio avô do cineasta
Sam Mendes, Alfred Hubert Mendes, que aos 19 anos lutou num batalhão britânico
na Primeira Guerra, sobreviveu e depois virou escritor - ele morreu em 1991,
aos 93 anos de idade.
A fotografia
é impecável, de Roger Deakins (ganhadora do Oscar), que usa uma câmera
penetrante e íntima, que observa e capta tudo ao redor, de expressões de medo
dos personagens a grandes sequências panorâmicas, e de explosões que colocam o
espectador dentro do filme.
É uma obra desafiadora,
com momentos de angústia, tensão, feitos com vigor. E atenção para
participações especiais excelentes de Colin Firth, Mark Strong, Benedict Cumberbatch
e Richard Madden.
Foi um dos
melhores filmes de 2019, e ganhou três Oscars em 2020 (melhor fotografia,
efeitos visuais e mixagem de som), indicado ainda ao Oscar de melhor filme,
diretor, roteiro, maquiagem/cabelo, design de produção, trilha sonora e edição
de som. Levou também para casa quase todos os Baftas daquele ano (sete ao todo,
como filme, diretor, filme britânico do ano e outros). Disponível em DVD,
bluray e nas plataformas digitais.
1917 (Idem). EUA/Reino Unido/Índia/Espanha
2019, 119 minutos. Ação/Guerra. Colorido. Dirigido por Sam Mendes. Distribuição: Universal Pictures
Nenhum comentário:
Postar um comentário