A longa caminhada de Billy Lynn
Sobreviventes da Guerra do Iraque, o soldado norte-americano Billy Lynn (Joe Alwyn) e os membros da Companhia Bravo retornam para casa. Em poucos dias eles serão condecorados pelas mãos do presidente Bush, durante o Halftime Show, no Dia de Ação de Graças. No caminho, lembranças amargas dos dias trágicos vividos na guerra tomarão conta do grupo.
Premiado duas vezes com o Oscar de diretor, o chinês Ang Lee imprime um retrato humano dos soldados norte-americanos que voltaram da carnificina da Guerra do Iraque, em 2005, inspirado em eventos reais contidos no romance homônimo de Ben Fountain, best seller nos Estados Unidos. O diretor refaz o antes, o durante e o depois do conflito armado para ampliar discussões acerca da transformação de homens comuns em máquinas de matar, e a luta pela sobrevivência em meio a monstruosidade de uma guerra sem limites.
Com produção caprichada e uma fotografia esplêndida do vencedor do Oscar John Toll, buscaram um ator britânico estreante, Joe Alwyn, para o papel central de Billy Lynn, jovem de 19 anos, observador, traumatizado e em processo de reconstrução. Assim como os companheiros do Exército, desceu ao inferno no Iraque, arrancou suor e sangue para lutar pelos ideais patriotas e sair do campo minado com vida. No longo caminho de volta para casa, após terem perdido a alma e vários amigos, são trucidados por memórias trágicas, de gente sucumbindo por balas, de barulho de tiros e bombas, num medo constante de um novo perigo.
São poucas as cenas de ação, pois não é um filme de guerra, e sim um drama sobre a guerra, que melhora na segunda parte, onde há um convite para conhecermos o “Halftime Show”, um evento tradicional nos EUA que celebra o heroísmo no intervalo de um jogo de futebol americano, composto por um show milionário, colorido, com fogos de artifício, cheerleaders e música pop, cujo objetivo é promover a condecoração dos soldados. Nesse ponto o filme aporta em uma crítica sensata ao paradoxo que é isto tudo, sobre a espetacularização da tragédia, das honras e homenagens cheias de pompa prestadas aos restos de homens que retornaram ao país. Este tipo de evento existe há mais de meio século e já foi alvo de críticas por todo tipo de segmento, inclusive dos defensores dos Direitos Humanos.
Para viverem os personagens dos soldados inquietos e destruídos, os atores participaram de treinamentos pesados do Exército como se estivessem no campo de batalha, durante semanas inteiras de isolamento, para darem o melhor de si. Falando em atores, no elenco do filme há inúmeras participações especiais, como Steve Martin, Vin Diesel, Kristen Stewart, Chris Tucker e Garrett Hedlund, algumas sem peso para a história, outras mais fundamentais.
Produção menor de Ang Lee, todavia importante para uma reflexão tanto da guerra quanto do sensacionalismo provocado pela mass media.
O DVD recém-lançado pela Sony traz bons bônus, como quatro documentários e making of, cenas excluídas e trailers.
A longa caminhada de Billy Lynn (Billy Lynn's long halftime walk). EUA/ China/Inglaterra, 2016, 112 min. Dirigido por Ang Lee. Distribuição: Sony Pictures
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