A montanha sagrada
Num
mundo corrupto e violento, um ladrão (Horacio Salinas) caminha errante em busca de salvação. Cruza com um alquimista (Alejandro Jodorowsky), que o
apresenta a sete pessoas vindas de sete planetas solares. Todos estão à procura
da Montanha Sagrada.
Um
dos filmes mais surrealistas de todos os tempos, ousado, hermético no sentido,
de difícil interpretação e que contesta o consumismo, a ditadura da beleza, a
guerra, o sensacionalismo da mídia e, claro, todas as formas de religião. Escrito
e dirigido pelo chileno Alejandro Jodorowsky (que interpreta um alquimista meio
guia espiritual) três anos depois do cultuado e bizarro faroeste “El topo”
(1970), a obra extensivamente crua e filosófica gera incômodo pelas imagens fortes
e profanas, como a marcha de soldados levantando cruzes com corpos de carneiros
sem pele, excrementos em igrejas e fuzilamentos – na época muitas sequências
passaram por censura em alguns países. Bem inserido na Estética do Feio, o polêmico
filme se passa em um lugar qualquer da América Latina com evidências de regime ditatorial
(foi produzido no México), discutindo o autoritarismo nas relações de poder e a
repressão de grupos marginalizados, numa época onde Golpes de Estado e regimes
militares invadiam o mundo espalhando o medo.
Um
experimento sem limites de um diretor ultracriativo, que também pensou em cada
milímetro de cenário, com pura geometria, e de figurinos excêntricos (as cores
vibrantes inundam a tela num espasmo sensorial). Um delírio cinematográfico
como só Jodorowsky ousou fazer. Para ver e refletir.
A montanha sagrada (La montaña sagrada). México/EUA,
1973, 115 min. Drama. Dirigido por Alejandro Jodorowsky. Distribuição:
Obras-primas do Cinema
* Publicado na coluna Middia Cinema, na revista Middia, edição de julho/agosto de 2017
* Publicado na coluna Middia Cinema, na revista Middia, edição de julho/agosto de 2017
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