segunda-feira, 18 de abril de 2011

Resenha


Ensaio sobre a cegueira


Por Morgana Deccache *


Um filme que leva além da expectativa da busca da cura para a cegueira física, nos guia pelos corredores da decadência de uma civilização quando todos são tomados pela cegueira sem explicação, não enxergam mais e nem tão pouco percebem o outro. O foco do filme não é desvendar a causa da doença ou sua cura, mas mostrar o desmoronar completo da sociedade que perde tudo aquilo que considera civilizado. Ao mesmo tempo em que vemos o colapso da civilização, um grupo de internos tenta reencontrar a humanidade perdida. O brilho branco da cegueira ilumina as percepções das personagens principais, e a história torna-se não só um registro da sobrevivência física das multidões cegas, mas também dos seus mundos emocionais e da dignidade que tentam manter. O filme, baseado no best seller do escritor português José Saramago, vencedor do prêmio Nobel, cujo roteiro para cinema ficou a cargo de Don Mckellar, de 'O Violino Vermelho', nos leva a refletir que mais que olhar é preciso perceber, reparar no outro. Só dessa forma o homem se humaniza novamente. Vale a pena conferir as entrelinhas de olhos bem abertos para que de repente você seja levado a descobrir sua “cegueira branca”, a que somos acometidos vez em quando na vida.


Informações técnicas


Título Original: Blindness

Ano: 2008

Direção: Fernando Meirelles

País de Origem: Canadá/Brasil/Japão

Gênero: Drama

Tempo de Duração: 121 minutos


(*) Morgana Deccache é jornalista, professora universitária no campo de Comunicação e palestrante com formação nas áreas de liderança e teatro amador de pantomima. É também locutora e professora de cursos profissionalizantes. Escritora nas horas vagas. Natural do Rio de Janeiro, atualmente reside em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, e trabalha como professora em cursos técnicos.

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