A
gaiola dourada
Casados há mais de 30
anos, os portugueses Maria (Rita Blanco) e José Ribeiro (Joaquim de Almeida)
residem no primeiro andar de um prédio luxuoso em Paris, conhecido como “A
gaiola dourada”. Eles têm filhos, são amorosos com os vizinhos e vivem em um
espaço bem modesto, diferentemente dos outros moradores do local. Maria
trabalha como zeladora do edifício, enquanto José é um dedicado mestre de
obras. Certo dia chega até eles uma carta informando a morte de um tio de José
em Portugal. Como ele é o único herdeiro, receberá de herança uma grande área
de vinhas, onde se produz um dos melhores vinhos da Europa. Com todos os laços
enraizados na França, será que o casal de imigrantes portugueses retornará ao
país natal?
Alarmante sucesso de
público na Europa, essa deliciosa comédia dramática francesa (bem emotiva mesmo)
cativou o público, inclusive os brasileiros (foi exibido na Mostra
Internacional de Cinema de São Paulo em 2013 concorrendo na categoria de melhor
filme do júri internacional). Com roteiro e direção de um cineasta estreante, o
luso-francês Ruben Alves, o filme tem um sabor especial para nós, brasileiros,
que nos aproxima dos personagens centrais: a charmosa cultura portuguesa
(culinária, músicas), o modo passivo de encarar a vida e o jeito caloroso de
tratar as pessoas (o que é um complicador para o protagonista, José, que, por
ser um homem de bom coração, atende a todos e nunca é atendido). Há muita
brasilidade na rotina do casal de imigrantes alojados na gaiola dourada, que
encontrará empecilhos entre os amigos, os patrões, os vizinhos e no próprio
seio familiar para poder voltar à terrinha (e quem sabe lá Maria e José poderão
enriquecer, com os hectares vinícolas que de repente “caíram” em suas mãos como
um tesouro dos céus).
Numa crescente, os
personagens centrais tendem aos conflitos internos, indecisões, amarguras (não
é por menos, diante da situação emergente em que se deparam).
Concorreu ao César (o
Oscar francês) de “melhor primeiro filme” (para um diretor iniciante), bem como
ao Globo de Ouro português (de atriz e ator, para Rita Blanco e Joaquim de
Almeida, duas figuras incríveis, de gênio forte). Para se ver com paixão e
admirar a direção de arte formidável e as belíssimas locações de Douro, em
Portugal. Por Felipe Brida
A
gaiola dourada (La
cage dorée). França, 2013, 90 min. Comédia dramática. Dirigido por Ruben Alves.
Distribuição: Paramount Pictures
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