quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Especial de cinema

 

Os melhores filmes da Mostra de SP – Parte 6


A 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo segue na capital paulista até 30 de outubro. Nesse ano, serão exibidos 419 títulos de 82 países, distribuídos em mais de 20 salas de cinema de São Paulo. A programação completa da Mostra está no site oficial, em https://48.mostra.org.

Confira abaixo drops de mais filmes da Mostra que assisti e recomendo.

 



 

Maria Callas

 

O chileno Pablo Larraín encerra sua trilogia de biografias femininas com talvez o melhor dos três trabalhos, ‘Maria Callas’, um belíssimo drama que reconstitui os últimos dias da cantora lírica greco-americana, em Paris, no final dos anos 70. Anteriormente Larraín fez ‘Jackie’ (2016), sobre Jacqueline Kennedy no dia da morte do presidente Kennedy, e ‘Spencer’ (2021), sobre princesa Diana na difícil decisão de se separar de príncipe Charles – nos dois, as atrizes foram indicadas ao Oscar, Natalie Portman e Kristen Stewart. E agora, Angelina Jolie é Maria Callas, numa interpretação assombrosa, a melhor de sua carreira, e provável indicada ao Oscar em 2025. O filme acompanha a tumultuada trajetória da cantora, em crise com a voz, atormentada pelo passado e dependente de sedativos. Ela entra numa fase de autodestruição, isolada em sua mansão, somente em contato com seu mordomo (Pierfrancesco Favino), a cozinheira (Alba Rohrwacher) e com uma figura que ela cria em sua mente, uma espécie de autocontrole/alterego, que tem o nome do remédio em que ela é viciada, Mandrax (Kodi Smit-McPhee). Temperamental, Maria recorre a lembranças da época de ouro de sua carreira, nos anos 40 e 50, enquanto tenta voltar aos palcos com sua melhor performance. Belo e trágico, tem uma esplêndida direção de arte e figurinos, que é um investimento estético fora de série nas obras de Larraín. Indicado ao Leão de Ouro em Veneza, a coprodução Itália, Alemanha e Chile traz um elenco em sintonia, e participações ainda de Valeria Golino, Vincent Macaigne e Haluk Bilginer. Exibido também nos festivais de Nova York e Londres, deverá entrar em breve na Netflix. Foi o filme de abertura da Mostra e haverá sessões ainda nos dias 23 e 27/10.

 



 

O senhor dos mortos

 

Um filme menor de David Cronenberg, de um diretor que sempre tem algo a dizer. É um body horror menos ficcional e levado a outro patamar, e sua obra mais pessoal, até com tom autobiográfico. Trata do luto que Cronenberg enfrentou quando perdeu a esposa há alguns anos e ficou instigado com questões da morte. O francês Vincent Cassel - reparem o cabelo e o rosto muito semelhantes ao do diretor, interpreta um empresário que sofre com a morte da mulher e, para amenizar a dor, cria uma tecnologia que permite monitorar o corpo dos falecidos de dentro do túmulo. O morto é revestido por uma mortalha, e com acesso a um aplicativo, acompanha-se a decomposição dia a dia. As pessoas que o cercam acham tudo aquilo estranho e nojento, mas o empresário aposta na novidade e inaugura um cemitério próprio com a tecnologia. Uma noite os túmulos são violados, incluindo o da esposa, e ele investiga por conta própria o ocorrido, auxiliado pelos cunhados (papéis de Guy Pearce e Diane Kruger – que, aliás, faz dois personagens, a da esposa e o da irmã dela). Estranho, amargo, funesto, com uma trilha exemplar de Howard Shore, parceiro de trabalho de Cronenberg,  o filme tem o horror amenizado em muitos momentos pela comédia, mesmo que o humor seja macabro. O final simbólico é um barato. Exibido no Festival de Cannes. Sessões na Mostra de SP nos dias 23, 26 e 27/10.

 



 

O vaqueiro

 

Mais um bom filme independente da Mostra disponível online, e de forma gratuita, na plataforma Spcine Play, em www.spcineplay.com.br. Coprodução Colômbia/Reino Unido, o drama fala de uma colombiana que trabalha em um parque nacional e que certo dia encontra um cavalo perdido. Ela acolhe o animal, e ficam próximos. Aos poucos, ela se isola da família e da sociedade e assume uma nova personalidade, a de um vaqueiro, passando a viver um novo momento, de maneira livre e sem compromissos. Todo rodado em florestas da Colômbia, em língua espanhola, tem poucos diálogos e muitas cenas bem gravadas nas florestas com névoa, gerando uma plasticidade curiosa para o tom da obra. Haverá ainda uma sessão nos cinemas durante a Mostra de SP, no dia 29/10.




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