Começa hoje a Mostra Intl.
de Cinema de São Paulo
Começa hoje a 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo! Considerado um dos eventos mais importantes de cinema do país, o evento ocorre em diversas salas de cinema da capital até o dia 30 de outubro. Nesse ano, a Mostra exibirá 419 títulos de 82 países, premiados em festivais como Cannes, Berlim, Veneza e Sundance, distribuídos em mais de 20 salas de cinema da capital paulista. Além das sessões, haverá a promoção de debates, seminários e encontros durante o período do evento. Ontem foi anunciado o filme de encerramento da Mostra, que será ‘Megalópolis’ e contará com a presença do diretor Francis Ford Coppola, que receberá o prêmio Leon Cakoff. Sete filmes da edição desse ano estarão online de maneira gratuita na plataforma SPCine Play – ‘Árvores que eu me lembro’, de Erhan Tuncer; ‘O trator’, de Ramesh Yanthra; ‘Don Goyo’, de Jorge Flores Velasco; ‘O cheiro do leite queimado’, de Justine Bauer; ‘O vaqueiro’, de Emma Rozanski; ‘Ordem moral’, de Maria de Medeiros; e ‘Days’, de Tsai Ming-Liang. Os ingressos avulsos, os pacotes de 40 ingressos e as credenciais estão à venda pelo app da Mostra e pelo site da Velox Tickets. A programação completa da Mostra e outras informações podem ser acessadas no site oficial, em https://48.mostra.org. Confira abaixo drops de filmes da Mostra que já assisti e recomendo.
Betânia
Exibido na mostra
Panorama do Festival de Berlim, o filme brasileiro rodado no Maranhão chega
agora à Mostra de SP depois de ter estreado no Festival do Rio. É bonito, com
leveza e humor, conta com uma boa protagonista e é inspirado na vida de uma
maranhense que, aos 65 anos, ao ficar viúva, foi forçada pelas filhas a se
mudar de casa para ficar próxima a elas, na região das dunas maranhenses.
Chamada Betânia, ela ajuda a cuidar do neto enquanto o pai, que é guia
turístico, trabalha. E aos poucos outros personagens e subtramas vão cruzando a
rotina daquela mulher. Um filme autoral que reúne cantigas populares, com foco
no ‘Bumba meu boi’, e com bons momentos cômicos, que levam a plateia ao riso; e
tem um trabalho de vitalidade da atriz principal, Diana Mattos. O longa toca em
temas como consciência ambiental, velhice e as tradições culturais seculares do
Maranhão. A fotografia nas dunas é um brilho a parte. Sessões na Mostra de SP
nos dias 17 e 24/10 – veja programação em https://48.mostra.org
Segundo prêmio
Rodado em Granada, essa coprodução Espanha e França é um drama musical
que se passa nos anos 90, durante o boom dos movimentos alternativos culturais daquela
cidade. Uma pequena banda indie de rock grava um novo álbum enquanto seus
membros tentam estabilizar suas vidas. O grupo sofre um baque com a saída de
dois integrantes, restando ao cantor e ao guitarrista, que tem problemas de
vício, reconstruir a banda. A dupla de diretores, Isaki Lacuesta e Pol
Rodríguez, utiliza o formato de videoclipe para fazer o filme, que tem pegada
de obra independente. Grava os atores com enquadramentos fora dos padrões – de costas,
com close no rosto, por exemplo, para reforçar essa escolha indie até na forma.
Bacana, é um projeto pessoal dos diretores - Isaki Lacuesta dirigiu
anteriormente ‘A próxima pele’ (2016) e ‘Entre duas águas’ (2018). Ganhou os
prêmios de melhor filme espanhol, direção e edição no Festival de Málaga. Sessões
na Mostra de SP nos dias 17, 20, 21 e 30/10.
Oito cartões-postais
da utopia
Radu Jude, o diretor
romeno de ‘Má sorte no sexo – Ou pornô acidental’ (2021), vencedor do Urso de
Ouro em Berlim, e ‘Não espere muito do fim do mundo’ (2023), prova que é um dos
cineastas mais originais, ousados e disruptivos de seu país – que, aliás, tem
uma forte presença no cinema atual, com longas disputando e vencendo prêmios no
mundo todo. Agora, ao lado do jovem filósofo Christian Ferencz-Flatz, realiza
um documentário com centenas de propagandas antigas, realizadas no período de
transição pós-socialista da Romênia, entre os anos 90 e 2000. Os diretores cortaram
trechos dessas diversas peças publicitárias televisivas e as reuniram em oito
capítulos que tratam de assuntos como consumismo, gênero, amor, velhice,
questões do corpo e, como não poderia faltar nas obras de Jude, uma crítica
severa ao capitalismo. Engraçado e provocador, o filme é uma inteligente sacada
sobre o poder da publicidade e como ela vende padrões. E mesmo com apenas a reunião
de anúncios de TV, Jude consegue tecer fortes comentários sobre sua Romênia,
que desde o fim do socialismo sofre intermináveis transformações políticas e
sociais. Exibido no Festival de Locarno. Sessões na Mostra de SP nos dias 19,
21, 24 e 28/10. OBS – Também será exibido na Mostra outro filme de Jude de 2024,
‘Sleep #2’.
I saw the TV glow
Está na Mostra, sem
título em português, esse curioso, e bem melancólico, drama com terror psicológico
sobre um adolescente do subúrbio que é apresentado por uma nova amiga a um estranho
programa televisivo noturno. Os dois ficam fissurados vendo ‘Pink Opaque’até
altas horas da madrugada. O programa, que traz uma figura sobrenatural lidando
com problemas cotidianos, numa espécie de super-herói às avessas, muda
radicalmente a visão de mundo daqueles dois jovens, impactando também as
relações em casa e na escola. Não espere um filme de medo, monstros ou sangue, é
mais um drama pessoal com ares de terror, de dois adolescentes tristes que
compartilham a mesma experiência, na frente da TV, e como a realidade deles é alterada
a partir do brilho do televisor – em inglês o título seria ‘Eu vi o brilho da
TV’. Os dois são interpretados pelos bons Justice Smith, de ‘Observadores’ (2021),
e Brigitte Lundy-Paine, da série ‘Atypical’. A produção EUA/Reino Unido é da
queridinha A24. Exibido nos festivais de Sundance, Berlim e San Sebastián. Sessões
na Mostra de SP nos dias 21, 22 e 26/10.
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