quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Dica de Livro


"Foi em 1957 que a Máfia 'saiu do armário'. Involuntariamente, mas foi. Antes de 1957, homens de bom senso divergiam sobre a existência ou não de uma rede organizada de criminosos nos Estados Unidos. Por anos, o diretor do FBI, J. Edgar Hoover, assegurou à nação de que não havia uma organização semelhante, e dedicou os melhores esforços do FBI a investigações sobre suspeitos simpatizantes do comunismo".

Trecho do livro "O irlandês" (2004 - em inglês "I heard you paint houses"), de Charles Brandt, ex-investigador que escreveu uma história real que remonta as memórias do mafioso Frank Sheeran. O livro de memórias, lançado no Brasil recentemente pela editora Seoman (2020, 312 páginas), conta a saga de Frank Sheeran no mundo do crime, envolvido com a influente família de mafiosos Buffalino, na Pensilvânia, entre os anos de 1950 e 2000. Ex-combatente na Segunda Guerra Mundial e apelidado de 'Irlandês', Sheeran foi acusado de cometer dezenas de assassinatos, dentre eles o do líder sindical americano Jimmy Hoffa (desaparecido em 1975 e declarado morto em 1982, sendo que seu corpo até hoje nunca foi achado).
Em 2019 o diretor Martin Scorsese adaptou o livro para o cinema, numa megaprodução da Netflix aplaudida e premiada, com um elenco de astros como Al Pacino, Robert De Niro, Joe Pesci, Anna Paquin e Harvey Keitel - o longa-metragem de ação fez grande sucesso nas plataformas, exibido também nos cinemas, e recebeu 10 indicações ao Oscar, como melhor filme, direção, roteiro adaptado, atores coadjuvantes (Pacino e Pesci) e outros. Procure já o livro pela editora Seoman.




domingo, 26 de setembro de 2021

Cine Clássico


Suez

O diplomata e engenheiro francês Ferdinand de Lesseps (Tyrone Power) viaja ao Egito para conceber o projeto da construção do Canal de Suez. Ele é apaixonado por Eugenia de Montijo (Loretta Young), que acaba de alcançar o status de imperatriz ao se casar com o imperador Napoleão III, da França. Lesseps guarda fortes sentimentos pela mulher, e em Suez inicia um romance com Toni (Annabella), uma atraente mulher egípcia. A construção do canal encontra entraves políticos, que envolvem um acordo bilateral entre França e Egito e depois contará com a ajuda do Reino Unido.

Tecnicamente bem realizado, com produção da 20th Century Fox, “Suez” (1938) é um drama épico elegante, que custou caro para a época (U$ 2 milhões) reunindo astros do cinema clássico, como Tyrone Power (de “Testemunha de acusação” - faleceu novo, aos 44 anos, de infarto), Loretta Young (ganhadora do Oscar de atriz por “Ambiciosa”) e a francesa Annabella, que fez carreira em Hollywood (de “Rua Madeleine 13”), além de Joseph Schildkraut (ganhador do Oscar de coadjuvante por “A vida de Émile Zola”), e Sidney Blackmer (de “Alta sociedade” e que no fim da carreira faria “O bebê de Rosemary”). Nos anos 30 e 40 Hollywood fazia filmes com pano de fundo real misturados com romance e aventura, para atrair o público, como é o caso deste: fala-se da construção do Canal de Suez, localizado no Egito entre os mares Vermelho e Mediterrâneo, em tom épico, porém o romance entre os personagens é o que predomina. As figuras ali realmente existiram, Ferdinand Marie era o “Visconde de Lesseps”, um diplomata e empresário francês envolvido na construção do canal de Suez e no canal do Panamá, entre a metade e o final do século XIX, e era mesmo apaixonado pela imperatriz da França, a espanhola Eugenia. Há bonitos momentos românticos e grandiosas cenas nas paisagens desérticas do Egito, como a sequência de destruição final causada por uma tempestade de areia (o filme foi inteiramente rodado em estúdios em Hollywood, e as cenas do Egito não foram lá, e sim no deserto de Yuma, no Arizona).


Do notório diretor, roteirista e produtor canadense que fez centenas de filmes mudos nos EUA da década de 10, além de dezenas de longas até os anos 60, Allan Dwan. “Suez”, que acaba de sair em bluray pela Classicline (numa boa cópia de colecionador), recebeu três indicações ao Oscar: melhor fotografia (num primoroso preto-e-branco), som e trilha sonora. Existem duas versões, a de cinema, que é essa, de 98 minutos, e uma de 104 minutos, apenas exibida no lançamento e não disponível em mídia física. Para quem gosta de romances e filmes épicos, é uma opção recomendada.

Suez (Idem). EUA, 1938, 98 minutos. Romance/Drama. Preto-e-branco. Dirigido por Allan Dwan. Distribuição: Classicline

sábado, 25 de setembro de 2021

Cine Cult


Superstição

O fantasma de uma bruxa queimada viva no final do século XVII retorna para se vingar dos descendentes de seus algozes em uma comunidade nos Estados Unidos.

Popular em home video nos anos 80, o terror canadense “Superstição” (1982) virou cult do gênero com uma história sombria recheada de mortes brutais. Foi produzida numa época em que o slasher predominava no cinema teen americano, por isso traz fortes elementos desse cinema que apelava ao sangrento. Tem também um quê de fitas de casa mal-assombrada, de enorme apelo visual ao sobrenatural. O espírito de uma bruxa queimada viva 300 anos atrás retorna para uma cruel vingança, eliminando todos aqueles que tentam chegar perto da antiga casa onde morava.
Assustador, com clima tenso e momentos marcantes, o filme traz participações de coadjuvantes populares do cinema da época, como Albert Salmi, James Houghton, Larry Pennell, Jacquelyn Hyde e Lynn Carlin (indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante por ‘Faces’).


Disponível em DVD no box “Caça às bruxas no cinema – volume 2”, pela Versátil Home Video – é uma caixa de disco duplo, contendo quatro obras cinematográficas de vários países em inéditas versões restauradas, todas relacionadas à bruxaria – os outros filmes são “A marca do diabo” (1970), “O uivo da bruxa” (1970) e “A tragédia de Belladonna” (1973).


Superstição (Superstition). Canadá, 1982, 86 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por James W. Robertson. Distribuição: Versátil Home Video

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Dica de livro


"Belle Ombre agora não estava inteiramente visível no escuro, mas Madame Annette havia acendido a luz da porta da frente, e era possível adivinhar as proporções da casa pelo canto dianteiro esquerdo, onde ficava a cozinha. Tom sorriu consigo mesmo ao ouvir os comentários embasbacados de Chris, que mesmo assim o deixaram satisfeito".

Trecho do livro "Ripley subterrâneo", a intrigante continuação do cultuado romance policial da escritora americana Patricia Highsmith, lançado em 1971. Ganhou recentemente uma belíssima edição em capa dura no Brasil pela editora Intrínseca (2021, 353 páginas, tradução de Fernanda Abreu), já disponível nas livrarias.
Nessa parte 2 da saga "Tom Ripley", acompanhamos uma nova investida do golpista, que agora vive uma vida luxuosa na França. Ripley entra num esquema de falsificação de quadros, envolve-se num assassinato, e pode ser desmascarado a qualquer momento.
Mantendo o clima de suspense, ação e mistério do livro original, além do erotismo, o livro continua controverso e retrata um lado perverso do ser humano, na pele do astuto criminoso Tom Ripley. Deu origem a um filme de 2005 chamado "Ripley no limite" (2005), um thriller de Roger Spottiswoode, com Barry Pepper no papel do protagonista.




sábado, 18 de setembro de 2021

Cine Cult


Mamãezinha querida

A vida da atriz Joan Crawford (Faye Dunaway), a partir da adoção da filha Christina, marcada por abusos, violência física e loucura.

Produzido pela Paramount Pictures, o controverso filme de 1981 trata da biografia da atriz Joan Crawford pelo ponto de vista de sua filha adotiva, Christina Crawford, que sofreu horrores na mão da mãe dominadora e que aos poucos foi enlouquecendo. Ponto de vista esse que constava na autobiografia de Christina, que serviu de inspiração para o roteiro – o amargo livro de memórias dela chamado “Mommie dearest” saiu em 1978 e foi enorme sucesso editorial nos EUA, com mais de 3,7 milhões de cópias vendidas.
O filme não pestaneja em mostrar a violência da mãe contra a filha criança, uma relação de conflitos permanentes que se estendeu até o final da juventude de Christina, que teve uma vida sofrida, repleta de assédios, agressões psicológicas e espancamento.
Joan Crawford (1906-1977) foi uma das musas do cinema antigo, participou de grandes clássicos de Hollywood, e no início da década de 30 vivia uma fase de transição de carreira, entre os filmes mudos e os sonoros. No entanto seus filmes vinham perdendo público, ela até era chamada de “veneno de bilheteria”, época que se arrastou até 1940 e fez com que ela adotasse uma criança, Christina, e dois anos depois um menino, Christopher. Voltou ao estrelato ganhando um Oscar, por “Alma em suplício” (1945), depois a carreira derrapou novamente e se entregou a filmes B. Ela tinha complexos de ego, problemas com seus maridos (foi casada quatro vezes), ficando cada vez mais descontrolada, atacando os filhos pequenos em verdadeiras sessões de tortura. Teve problemas com álcool, xingava quem estivesse por perto, atirava copos nas crianças e por aí vai... Os conflitos só acabaram com a morte de Joan, em 1977, aos 71 anos, quando ficou acamada, solitária e depressiva.


O filme mostra muito o descontrole da atriz com a filha Christina, em cenas difíceis de serem acompanhadas. No lançamento foi alvo da crítica, que achou tudo aquilo um exagero danado, e os outros filhos acusaram Christina de mentir (dois outros filhos de Joan não acreditavam que a mãe era louca assim, lembrando que o filme é um ponto de vista da filha pequena). Recebeu prêmios no Razzie Awards (os piores do ano), como pior filme, pior atriz para Faye e pior roteiro, e anos depois voltou a ganhar um prêmio de “pior filme da década” no mesmo Framboesa de Ouro.
Apesar das pesadas críticas da época, o filme teve boa bilheteria, e depois firmou-se cult. Revendo agora, em DVD pelas Obras-primas do Cinema, o filme não é a ruindade como apontavam, tirando momentos over de Faye Dunaway, sempre boa atriz e aqui num papel de mulher doida e doente.
Quem dirige é Frank Perry, de “Enigma de uma vida” (1968) - o roteiro é também dele com três outros roteiristas, dentre eles o duas vezes indicado ao Oscar Robert Getchell.
O filme causou estresse na equipe, pois Faye era uma atriz difícil de trabalhar, rude e exigente, brigava no set a ponto de pedir demissão de diretores, ganhando a alcunha de “pior pessoa de Hollywood”. Integra a cultura Camp (de exagero absurdos e um quê de brega/cafona), e há momentos realmente desesperadores de violência infantil. Em certo ponto Faye e Joan se juntam, duas atrizes grandes em cena, porém odiadas nos bastidores (Joan foi inimiga das estrelas Mary Pickford e Bette Davis, por exemplo).


Vale assistir para conhecer o paralelo entre o esplendor do mito Joan e seu lado intempestivo, ameaçador e furioso, de uma carreira de altos e baixos regada de momentos insanos e por vezes trágicos.

Mamãezinha querida (Mommie dearest). EUA, 1981, 129 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Frank Perry. Distribuição: Obras-primas do Cinema

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Cine Especial


Vingança

O piloto de caça da Marinha Michael Cochran (Kevin Costner) se aposenta e viaja ao México para rever um antigo amigo, Mendez (Anthony Quinn), hoje um poderoso empresário. Ele conhece a jovem esposa de Mendez, a sensual Mireya (Madeleine Stowe), e ambos se sentem atraídos. Iniciam um tórrido relacionamento secreto, até que Mendez descobre. O casal resolve fugir e são perseguidos por perigosos bandidos a mando de Mendez.

Uma fita de ação com romance que anteciparia “Amor à queima-roupa” (1993), do mesmo diretor Tony Scott, sobre um piloto que se apaixona por uma mulher sensual, esposa de um mafioso, e são perseguidos por criminosos.
Há poucas e boas cenas de ação, rodadas no México, com dois atores em ascensão (Kevin Costner, no auge, ganharia naquele ano o Oscar de melhor filme e diretor por ‘Dança com lobos’, e Madeleine Stowe vinha do sucesso ‘Tocaia’ e depois de muitos filmes nos anos 90 sumiria das telas). E claro a participação memorável e sempre imponente de um veterano de ponta, o astro nascido no México e duas vezes ganhador do Oscar Anthony Quinn, já no final de carreira, na época com 75 anos. Ele vale cada momento em cena com seu tipo intimidador e um vozeirão inigualável.


A fotografia ensolarada de um México perigoso dá o tom da história do romance proibido e da dupla vingança: a do mafioso diante da traição, e a do piloto no final do filme (que termina de maneira trágica).
Dirige o inglês Tony Scott (irmão de Ridley Scott e diretor de “Top Gun”, “Dias de trovão” e “Inimigo do estado”), que infelizmente morreu cedo, aos 68 anos, em 2012 (cometeu suicídio), deixando uma marca notável no cinema americano dos anos 80 e 90.
Exibido diversas vezes na TV na década de 90, sai agora em DVD numa edição especial no box “Tony Scott – The red collection”, pela Classicline, acompanhado dos longas “Fome de viver” (1983, com David Bowie e Susan Sarandon), “Amor à queima-roupa” (1993, com Christian Slater e roteiro de Quentin Tarantino) e “Estranha obsessão” (1996, com Robert De Niro e Wesley Snipes).


Vingança (Revenge). EUA/México, 1990, 124 minutos. Ação/Romance. Colorido. Dirigido por Tony Scott. Distribuição: Classicline

terça-feira, 14 de setembro de 2021

Dica de livro


"Quando Rick ouviu o barulho de seu casaco sendo consumido pelas chamas, seu pânico se inflamou tanto quanto a indumentária. Imediatamente, ele sentiu as labaredas subindo pelos ombros e estalando em volta da cabeça. Naquele momento, ele quase fez a pior coisa que poderia ter feito na situação: sair correndo cego de medo. Mas, um instante antes de Rick perder a cabeça, ouviu Cliff Booth dizer calmamente: - Rick, você está em cima duma poça d'água. Se jogue no chão".

Trecho de "Era uma vez em Hollywood" (2021), a estreia de Quentin Tarantino na literatura, um livro que ele escreveu a partir do próprio roteiro de seu filme homônimo. Com ritmo frenético, humor cáustico, ironias e inúmeras referências à era de ouro do cinema, o livro se passa na Los Angeles do final da década de 60, focando um astro da TV, Rick Dalton, e sua amizade com o dublê de cinema Cliff Booth. Tanto o cinema quanto a televisão passam por um amplo processo de transformação, e os dois procuram um lugar ao sol, até terem a vida revirada quando conhecem a modelo e atriz Sharon Tate.
O filme de Tarantino, o nono de sua carreira, ganhou dois Oscars, de melhor ator coadjuvante para Brad Pitt e design de produção, e indicado ainda a oito prêmios da Academia (como melhor filme, diretor e ator para Leonardo DiCaprio).
Em formato de bolso, o livro foi publicado no Brasil pela editora Intrínseca no mês passado (2021, 560 páginas, tradução de André Czarnobai), e já está disponível nas livrarias. Recomendo!





Resenha Especial


Highlander e a jornada de um viajante através do tempo

Por Felipe Brida*

(Texto escrito especialmente para o livreto do filme em bluray, lançado esse mês pela distribuidora Obras-primas do Cinema)

“Who wants to live forever”? O título da notável música da banda britânica Queen ressoou na década de 80 como uma ode ao amor infinito diante do incerto futuro que nos aguarda. Para o personagem Highlander, significava a vida eterna, a possibilidade de atravessar séculos e se adaptar às diversas realidades e contextos, sem nunca perder sua essência de insigne guerreiro.
“Highlander: O guerreiro imortal” deixou marcas em toda uma geração de cinéfilos, mesmo diante do tremendo fracasso em sua estreia nas salas de cinema – o longa foi lançado entre março e junho de 1986 em países como Estados Unidos, França, Itália, Holanda e Austrália, e no Brasil chegou em 18 de julho daquele ano. Fracasso porque o orçamento foi de U$ 16 milhões, rendendo no mundo apenas U$ 5,9 milhões. Por outro lado, isso fez com que ele rapidamente se transformasse em um cult movie. Dos bons! Na TV aberta, passou incontáveis vezes, o que atraiu públicos de diversas idades. E por fim, como se não bastasse, deu origem a cinco continuações, julgo eu inferiores, “Highlander 2: A ressurreição” (1991), “Highlander III: O feiticeiro” (1994), “Highlander: A batalha final” (2000) e “Highlander: A origem” (2007), além de séries ficcionais e séries animadas.


Rodado em quatro meses (entre abril e agosto de 1985), o filme britânico teve sua estreia mundial no extinto Festival de Cinema Fantástico de Avoriaz, na cidade francesa de Avoriaz, em janeiro de 1986, depois seguiu aos cinemas. Trazia uma história com elementos de vários gêneros, dentre eles ação e aventura em tom de fantasia e ficção científica, sem falar nas pitadas de romance. Na trama, o público acompanha a extensa jornada de um herói chamado Connor MacLeod (Christopher Lambert), do século XVI até meados dos anos 80. Isso porque ele é um viajante do tempo, um guerreiro imortal com poderes especiais, que vaga pela terra desde 1536 - nascido nas Highlands (“terras altas”), no extremo norte da Escócia, durante o período feudal, era um camponês que vivia de maneira tranquila num clã nas montanhas até conhecer Juan Sánchez-Villalobos Ramírez (Sean Connery), um mestre em lutas de espadas. Ramírez, com idade superior a 2000 anos, ensina MacLeod a lutar para ser um bravo guerreiro, e como ele possui os poderes de um Quickening (imortalidade), transmite ao jovem o tal dom. Ainda na Escócia do século XVI, MacLeod enfrenta Kurgan (Clancy Brown), um guerreiro de uma tribo bárbara do Mar Cáspio, juntamente com seu grupo. A rivalidade entre os dois atravessa também os tempos, e hoje eles se encontram em uma Nova York de 1985/1986 para um derradeiro confronto.


Foi o trabalho mais importante na carreira de Christopher Lambert, até hoje lembrado pelo papel desse notório protagonista do cinema. Esse foi seu 12º filme, após uma série de longas menores e independentes na França, entre 1979 e 1982; Lambert nasceu em 1957, era norte-americano, porém se mudou para a Suíça com a família ainda pequeno, na década de 60. Criado em Genebra, firmou-se depois em Paris entre os anos 70 e 80, e lá entrou para o cinema. Seu primeiro grande filme fora da França foi “Greystoke: A lenda de Tarzan, o rei da selva” (1984), no papel-título, depois veio o cult de Luc Besson “Subway” (1985) até chegar “Highlander”, e a partir daí vieram “O siciliano” (1987), “Face a face com o inimigo” (1992), “A fortaleza” (1992), “Mortal Kombat” (1995) e muitos outros, sem contar as duas continuações de “Highlander”.
Lambert fez uma parceria notável com Sean Connery, a dupla tem uma desenvoltura incrível em cena, mesmo Connery aparecendo pouco – o veterano ator que interpretou James Bond ficou uma semana no set de gravações, com um dos cachês mais bem pagos do cinema por um papel que aparece pouco, no caso U$ 1 milhão (Ramírez fica em cena por 30 minutos).


Os elementos técnicos recriam tempo e espaço com perfeição. São aliados primorosos para a desenvoltura da história, e para que ela faça sentido. Destaco aqui o bem recriado design de produção, de Allan Cameron (de “Tropas estelares”), a estonteante direção de arte da dupla Tim Hutchinson (de “Willow: na terra da magia”) e Martin Atkinson (de “Zardoz”), e a permanente trilha sonora que fica em nossa mente, de Michael Kamen (de “Robin Hood, o príncipe dos ladrões”). Ainda tem o exímio trabalho de montagem, de Peter Honess (de “Los Angeles: Cidade proibida”), o figurino de forte apelo visual, do três vezes ganhador do Oscar James Acheson (de “O último imperador”), e a brilhante maquiagem de uma equipe liderada por Lois Burwell (ganhadora do Oscar por “Coração valente”); reunidos, propiciam fortes emoções ao público!
Não tem como não comentar sobre a fotografia de Gerry Fisher (de “Na trilha dos assassinos”), que mistura elementos luminosos, quando no passado na Escócia, e sombrios, na Nova York atual. Junto à fotografia, temos a dimensão das locações do filme, rodado em belíssimas paisagens das “terras altas”, como a vila histórica de Kyle of Lochalsh, no condado de Ross-Shire, os vales de Glen Coe, o lago de Loch Shiel (um dos mais extensos da Escócia), a ilha de Skye, além de momentos em Londres, no País de Gales e em Nova York (como os pontos turísticos de Central Park e de SoHo).
A ideia do personagem Highlander foi concebida pelo norte-americano Gregory Widen, que estreava como roteirista nessa história de fantasia para além do tempo, e retornaria com tema mítico em “Anjos rebeldes” (1995), onde também assumiria a direção. Escreveram o roteiro com Widen, Peter Bellwood (de “Phobia”) e Larry Ferguson (co-roteirista de “Um tira da pesada 2” e “A caçada ao Outubro Vermelho”).
“Highlander” caiu no gosto popular também graças à trilha da banda Queen, liderada por Freddie Mercury, cuja canção “Who wants to live Forever” marcou o ouvido do público. E não tem só essa na trilha: ao todo são oito músicas do Queen compostas para o filme, incluindo “A kind of magic”.


Viria a ser o maior sucesso de público e crítica do diretor Russell Mulcahy, australiano, que havia realizado anteriormente mais de 100 clipes de bandas famosas, como AC/DC, 10cc, Duran Duran, The Tubes, e de Paul McCartney, Elton John e Kim Carnes. Estreou em sua terra natal com “O corte da navalha” (1982), o cultuado filme de terror de um javali assassino, e “Highlander” foi seu segundo trabalho. Realizaria, anos mais tarde, a continuação “Highlander 2: A ressurreição” (1991), com a mesma dupla Lambert e Connery, mas duramente achincalhada pelo público pelo roteiro confuso, desconexo e fora do eixo. Em sua filmografia incluem “Sem limite para vingar” (1991, com Denzel Washington e John Lithgow), “Blue Ice” (1992, com Michael Caine e Sean Young), “O grande assalto” (1993, com Kim Basinger e Val Kilmer), “O Sombra” (1994, baseado nas histórias policiais para a rádio e depois para os quadrinhos, com Alec Baldwin), “Atirador de elite” (1996, com Dolph Lundgren), “O enigma de Talos” (1998, com Jason Scott Lee), “Ressurreição: Retalhos de um crime” (1999, novamente com Christopher Lambert), “Resident evil 3: A extinção” (2007), “O escorpião rei 2: A saga de um guerreiro” (2008), “Malone: Puxando o gatilho” (2009, com Thomas Jane) e “As aventuras de Errol Flynn” (2018, com Thomas Cocquerel), além de uma dezena de telefilmes, “A hora final” (2000, com Armand Assante), “O último batalhão” (2001, com Ricky Schroder), “Dale Earnhardt: A lenda da Nascar” (2004, com Barry Pepper), “A ilha misteriosa” (2005, com Kyle MacLachlan) e “Orações para Bobby” (2009, com Sigourney Weaver), e episódios para as séries “Teen Wolf” e “13 reasons why”.
Existem duas versões do filme disponíveis no Brasil: a de cinema, de 110 minutos, lançada em DVD em 2008 pela Universal Pictures, sem extras, e a estendida, de 116 minutos, que é essa que a Obras-primas do Cinema lança em bluray, vale mencionar pela primeira vez no território nacional.
“Highlander: O guerreiro imortal” permanece estonteante em sua trama profunda e seus elementos técnicos impactantes. Segue, portanto, como um dos maiores filmes de aventura de todos os tempos, agora numa versão de luxo para colecionadores, em bluray. Para ver e rever!
PS: Na edição especial há o filme em bluray e um disco em DVD com mais de três horas de extras, além de três cards colecionáveis, dois pôsteres e um livreto de 36 páginas.

Highlander: O guerreiro imortal (Highlander). Reino Unido, 1986, 116 minutos. Ação/Ficção científica. Colorido. Dirigido por Russell Mulcahy. Distribuição: Obras-primas do Cinema

* Felipe Brida é jornalista e crítico de cinema, autor do livro “Cinema em Foco: Críticas selecionadas” (2013). Como crítico de cinema, mantém o blog Cinema na Web (de sua autoria, fundado em 2008), a coluna semanal “Cinema em Foco” (no jornal O Regional) e a coluna mensal “Middia Cinema” (na Revista Middia), além dos quadros semanais “Mais Cinema” (na Nova TV/TV Brasil) e “Palavra do Especialista – Cinema” (rádio Câmara de Bauru). Atua como palestrante em festivais de cinema em todo o Brasil e presta trabalho como curador e júri em festivais de cinema. É professor de Cinema, Comunicação e Artes no Senac, Fatec e Imes Catanduva (cidade onde reside). É pós-graduado em Artes Visuais pela Unicamp e Gestão Cultural pelo Centro Universitário Senac SP, e mestrando em Comunicação e Artes pela PUC-Campinas. Para contato: felipebb85@hotmail.com

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Cine Cult


Sexy e marginal


Durante a Depressão Americana, a jovem Boxcar Bertha (Barbara Hershey) perde o pai em um trágico acidente de avião. Largada no mundo, conhece o líder sindical Big Bill Shelly (David Carradine), que será seu namorado, e juntos lideram um grupo de intrépidos homens no combate à corrupção no sistema ferroviário americano. Eles assaltam pessoas e bancos para financiar a causa operária e viram alvo da polícia.

Rodado em apenas 20 dias inteiramente em locações do estado do Arkansas, esse foi o segundo trabalho dirigido pelo mestre Martin Scorsese, depois do experimental “Quem bate à minha porta” (1967 – com Harvey Keitel). O diretor, produtor e roteirista, hoje um dos nomes mais profícuos e imponentes do cinema hollywoodiano, faria no ano seguinte a fita policial “Caminhos perigosos” (1973), que abriria portas para ele, e ajudaria a consolidar no cinema seu maior parceiro, Robert De Niro – juntos fizeram obras-primas como “Taxi driver” (1976), “Touro indomável” (1980), “Os bons companheiros” (1990) e “Cabo do medo” (1991).
Pouco conhecido do público, “Sexy e marginal” é uma fita independente do período da ‘exploitation’, um cinema violento e erótico, mal visto pelos acadêmicos e considerado “lixo” para os diretores mais rigorosos. Há cenas acentuadas de assassinatos (como a crucificação final) e de sequências ousadas de sexo para os padrões da época – por isso chamavam esse estilo de cinema de “apelativo”.
Produzido por Roger Corman, um dos grandes diretores do cinema de terror dos anos 50 e 60, que fez filmes B aos montes e hoje está com 95 anos, o filme policial é baseado no livro do médico que cuidava dos pobres e ligado ao movimento anarquista Ben L. Reitman, apelidado de “médico dos vagabundos”, que tratou da verdadeira Boxcar Bertha e escreveu a obra com o título de “Sister of the road”, publicada em 1937.


Original, contava com dois astros em ascensão, Barbara Hershey (de “Hannah e suas irmãs” e indicada ao Oscar de atriz coadjuvante por “Retrato de uma mulher”) e David Carradine, da família Carradine de cinema, que no mesmo ano faria a estrondosa série “Kung Fu” e depois faria mais de 100 filmes, como “Kill Bill” – Barbara e David até tiveram um relacionamento durante as gravações.
Uma fita primária e original, do mestre Scorsese em início de carreira, que merece ser descoberta. Em DVD pela Obras-primas do Cinema.

Sexy e marginal (Boxcar Bertha). EUA, 1972, 88 minutos. Ação/Drama. Colorido. Dirigido por Martin Scorsese. Distribuição: Obras-primas do Cinema

sábado, 11 de setembro de 2021

Resenha Especial


Às voltas com o anticristo

Por Felipe Brida*

(Texto escrito especialmente para o livreto do filme em bluray, lançado esse mês pela distribuidora Obras-primas do Cinema)

Um segredo milenar escondido nos porões de uma igreja abandonada em Los Angeles poderá despertar o anticristo. Forças demoníacas estão à espreita, e a humanidade corre risco. Essa é a premissa de uma das melhores fitas cult de terror de todos os tempos, o sinistro “Príncipe das sombras” (1987), do mestre do terror John Carpenter. O diretor de “Halloween: A noite do terror” (1978), “A bruma assassina” (1980) e “O enigma de outro mundo” (1982) coloca mais uma vez o mal circulando entre os humanos, e ameaçando tomar conta das estruturas sociais.

Esse é um filme que desde a abertura causa incômodo, nos preparando para o medo. Os créditos iniciais demoram nove minutos (algo raro no cinema) ao apresentar parte dos personagens em meio a situações estranhas numa Los Angeles ensolarada, sob a trilha sonora arrepiante do próprio Carpenter em parceria com Howarth - parceria nascida em “Fuga de Nova York” (1981), passando por filmes como “Christine, o carro assassino” (1983), “Os aventureiros do bairro proibido” (1986) e “Eles vivem” (1988). Depois de apresentados para o público, a trama sinistra começa: um padre convoca um grupo de pessoas formado por pesquisadores, cientistas e estudantes para investigar um recipiente contendo um estranho líquido verde, escondido no porão de uma igreja abandonada. Alguns se contaminam com aquela substância, e são transformadas numa espécie de zumbis. Do lado de fora da igreja, cerca de dez homens e mulheres em estado de transe, observam atentamente quem está lá dentro, como se uma força os atraísse. Os que não forma contaminados, na igreja, descobrem que o líquido verde é na verdade uma poção com a essência de Satanás, e ao entrar no corpo das vítimas, prepara o novo despertar do anticristo. Terrível, não?
Revendo o filme tempos atrás, lembrei da minha infância, quando assistia ao filme em “sessões da tarde” na TV nos anos 90. Eu tinha uma paura danada e pulava da cadeira com alguns jumpscares pontuais. A imagem de Alice Cooper como um dos vigilantes zumbificados marca até hoje, sem contar na grávida que tem o rosto derretido nas cenas que preparam o desfecho (continuam medonhos e assustadores!).
Esse é mais um roteiro caprichado de John Carpenter, novamente flertando com o desconhecido, cuja originalidade é sem tamanho. Aliás, mais uma vez ele brinca de forma inteligente com pseudônimos, ao assinar o roteiro como Martin Quatermass - alusão ao personagem Bernard Quatermass, o cientista britânico que investiga artefatos e crimes na série “The Quatermass experiment” (1953) e seus derivados, como os filmes “Terror que mata” (1955) e “Uma sepultura na eternidade” (1967). De acordo com Carpenter, “O enigma de outro mundo”, “Príncipe das sombras” e “À beira da loucura” (1994) integram o que ele chamou de “Trilogia do Apocalipse”. E quem gosta de terrorzão não pode perder essa trinca!
Como em outros longas-metragens do diretor (que aqui volta a trabalhar com os veteranos Donald Pleasence e Victor Wong), há muitas metáforas e momentos sem explicação concreta, ou seja, são ambíguos e abertos. Por exemplo, será que tudo aquilo ocorreu mesmo ou não passou de um sonho de um dos personagens (aquele que era perturbado com imagens distorcidas na TV)? Será mesmo que Satanás conseguiu sair da cápsula? Tudo fica subentendido para o público decidir...


Mais um grande lançamento da Obras-primas do Cinema em bluray, para os colecionadores do cinema de terror. Vale destacar que no ano passado a distribuidora havia trazido o filme em DVD no Brasil no box “Sessão de terror Anos 80 – volume 3”, ao lado de “Pague para entrar, reze para sair” (1981), “A passagem” (1988) e “Warlock: O demônio” (1989).

PS: Na edição especial há o filme em bluray, uma hora de extras, três cards colecionáveis, dois pôsteres e um livreto de 36 páginas.

Príncipe das sombras (Prince of darkness). EUA, 1987, 101 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por John Carpenter. Distribuição: Obras-primas do Cinema

* Felipe Brida é jornalista e crítico de cinema, autor do livro “Cinema em Foco: Críticas selecionadas” (2013). Como crítico de cinema, mantém o blog Cinema na Web (de sua autoria, fundado em 2008), a coluna semanal “Cinema em Foco” (no jornal O Regional) e a coluna mensal “Middia Cinema” (na Revista Middia), além dos quadros semanais “Mais Cinema” (na Nova TV/TV Brasil) e “Palavra do Especialista – Cinema” (rádio Câmara de Bauru). Atua como palestrante em festivais de cinema em todo o Brasil e presta trabalho como curador e júri em festivais de cinema. É professor de Cinema, Comunicação e Artes no Senac, Fatec e Imes Catanduva (cidade onde reside). É pós-graduado em Artes Visuais pela Unicamp e Gestão Cultural pelo Centro Universitário Senac SP, e mestrando em Comunicação e Artes pela PUC-Campinas. Para contato: felipebb85@hotmail.com

 

terça-feira, 7 de setembro de 2021

Cine Especial


Estranha obsessão

Gil Renard (Robert De Niro) é um vendedor de facas que no passado tentou ser jogador de baseball. Fanático pelo esporte, sempre é visto na torcida quando há jogos em sua cidade. Sua vida anda péssima, com problemas familiares e também no trabalho. Assim como Renard, seu ídolo, o jogador de baseball Bobby Rayburn (Wesley Snipes), enfrenta uma maré de azar. Ele acredita que pode ajudar o famoso jogador a se superar, então passa a segui-lo. Torna-se um fã obcecado, disposto a tudo, inclusive a matar, para estar próximo ao ídolo.

Quando lançado em VHS, em 1996, muita gente assistiu a esse filme de suspense com Robert De Niro em mais um papel de vilão doentio, aqui um fã psicótico, num tipo que sabia representar bem (lembram-se de “Cabo do medo” e “Os intocáveis”?). Não é uma grande obra, nem original, mas tem bons elementos do thriller psicológico e um bom trabalho de De Niro e Wesley Snipes (como o jogador de baseball que sofre nas mãos do obcecado homem).


Há no cinema americano vários filmes sobre fãs dispostos a tudo para ter seu ídolo próximo, na linha de suspense/terror, como “O fã: Obsessão cega” (1981), “Louca obsessão” (1990) e, lembrei agora, “O rei da comédia” (1983), com o mesmo De Niro, dirigido por Martin Scorsese – essa era uma sátira, de humor negro, com Jerry Lewis como ele mesmo.
Ellen Barkin, hoje sumida das telas, faz uma locutora de rádio, e Benicio Del Toro, em início de carreira, interpreta um jogador rival de Snipes. John Leguizamo também aparece numa ponta.


É baseado num romance de Peter Abrahams, lançado em 1995, e dirige o inglês Tony Scott, irmão de Ridley Scott, de “Top Gun: Ases indomáveis” (1986) e “Inimigo do estado” (1998), que infelizmente morreu cedo, em 2012. Já havia uma cópia esgotada no mercado brasileiro, pela Spectra Nova, e agora sai em DVD numa edição de luxo no box “Tony Scott – The red collection”, pela Classicline, acompanhado dos longas “Fome de viver” (1983), “Vingança” (1990) e “Amor à queima-roupa” (1993).


Estranha obsessão (The fan). EUA, 1996, 116 minutos. Suspense. Colorido. Dirigido por Tony Scott. Distribuição: Classicline

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Na Netflix


Arquivos de um serial killer

Em 1983, um homem recluso chamado Dennis Nilsen confessou, em gravações de fitas cassetes, ter assassinado 15 pessoas no Reino Unido. Ele é preso, e a polícia britânica inicia uma investigação que irá durar vários anos.

Documentário chocante produzido pela Netflix que registra o método de crimes cometidos pelo serial killer mais notório do Reino Unido, Dennis Nilsen. Um cidadão recluso que atraía homens gays até sua casa, matava-os e escondia partes do corpo no armário de seu quarto, e partes enterrava em seu jardim. O caso teve ampla repercussão na Europa nos anos 80, e Nilsen é considerado até hoje um dos assassinos mais frios e perversos da história. Com imagens televisivas da época, o doc entrevista famílias e amigos das vítimas, e até de pessoas que cruzaram o caminho do assassino e por pouco não foram mortas.
De curta duração (são 84 minutos), o filme é pesado e pode impressionar os mais sensíveis. Estreou recentemente na Netflix, que vem investindo em séries e documentários de crimes reais (há ao menos 60 obras desse tipo lançados entre 2019 e 2021 na Netflix).


Arquivos de um serial killer (Memories of a murderer: The Nilsen tapes). Reino Unido, 2021, 84 minutos. Documentário. Colorido. Dirigido por Michael Harte. Distribuição: Netflix

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Dica de Livros


A editora Aleph, especializada em literatura de ficção científica, lançou recentemente a edição de luxo do livro "Jurassic Park" (1990), em um box que acompanha a continuação, "O mundo perdido" (1995), ambos escritos por Michael Crichton. Os dois livros, que chegam com novas capas, devidamente ilustradas, reúnem uma trama mirabolante de aventura, ação e suspense, de um mundo aterrador dominado por dinossauros criados a partir de modernos processos de genética e da biotecnologia, e que ganhou as telonas pelas mãos do cineasta Steven Spielberg nos anos 90. Confira abaixo trechos dos dois livros:

"O carro moveu-se adiante e Tim olhou para trás, na direção dos hadrossauros. De repente, ele viu um animal amarelo-pálido se mexendo com rapidez, na lateral dos bichos e meio afastado. Havia faixas marrons nas costas dele. Tim o reconheceu de imediato" (Trecho de 'Jurassic Park', 1990)

"E então, abruptamente, o tiranossauro se afastou e caminhou para a frente do carro. Deu as costas para eles, erguendo sua enorme cauda bem alto. O tiranossauro recuou na direção do automóvel. Os três homens escutaram a cauda raspando sobre o teto do carro. As ancas do bicho chegaram mais perto..." (Trecho de 'O mundo perdido', 1995)