sábado, 27 de junho de 2020

Resenhas Especiais



Ichi: O assassino

No Japão, um chefe da Yakuza desaparece levando consigo uma fortuna de três milhões de yens. Um velho membro da organização, Kakihara (Tadanobu Asano), junto da gangue da qual faz parte, dá início a uma caçada interminável pelo homem. Para auxiliar no caso, contrata o temível matador Ichi (Nao Ohmori), um rapaz com sede de vingança, que utiliza lâminas no sapato para esquartejar suas vítimas.

Do mangá para as telas, “Ichi: O assassino” (2001) é uma das fitas mais violentas já realizadas no cinema, um balde de sangue e crueldade, restrito a um público com nervos de aço (e estômago forte). A própria série de mangá a qual o filme se inspirou, chamada “Koroshiya Ichi” (de Hideo Yamamoto, lançada entre 1998 e 2001), já tinha um visual sanguinolento, com classificação indicativa para maiores de idade – o filme saiu tanto nos cinemas quanto em DVD com aviso para 18 anos, devido ao excesso de cenas de estupro, mutilação, tortura e nudez.


Dois anos antes o controverso (e muito criativo) diretor Takashi Miike havia causado furor em festivais de cinema asiático com seu chocante filme de ação/terror “Audição” (1999), que sofreu censura em vários países devido às cenas de desmembramento de corpos, decapitação, enfim, cenas atordoantes com uma violência gráfica única (se tiver curiosidade em assistir “Audição”, tem em DVD pela Versátil Home Video, no box ‘Obras-primas do terror – volume 5’). “Ichi” segue essa linha, lembra em certos pontos “Audição”, seu visual é bem estranho, com cores distorcidas e estouradas e uma câmera inquieta (que para alguns pode soar como “um filme mal gravado”). Por isso Miike é um diretor extremamente polêmico e autoral, suas obras perturbam, ficam na cabeça por dias - são dele também as fitas de terror “Uma chamada perdida” (2003) e “Lição do mal” (2012), e os de samurai “13 assassinos” (2010) e “Harakiri: Morte de Um Samurai” (2011, o remake do clássico japonês dos anos 60, “Harakiri”).
Reforçando: “Ichi” é violento, com sequências de perseguição em alta voltagem, outras brutais de tortura, com direito a membros decepados (o sangue exagerado, esguichando, é bem no estilo dos efeitos visuais realizados no Japão, das antigas fitas de samurai e de Yakuza - “Kill Bill”, do Tarantino, é uma homenagem a essas produções).

Ichi: O assassino (Koroshiya 1). Japão, 2001, 129 minutos. Ação. Colorido. Dirigido por Takashi Miike. Distribuição: Europa Filmes

 
Cine Clássico

Amor à italiana

Em Londres, um estadista almofadinha, Carter (Rock Hudson), conhece uma artista italiana com nervos à flor da pele chamada Toni (Gina Lollobrigida). Apaixonam-se, e num ímpeto louco, se casam. Com o passar dos meses descobrem que não têm nada em comum, optando pela separação. Anos depois os dois se reencontram, a paixão é reacendida e voltam a namorar. Também retornam as brigas, e novamente pensam na separação. No entanto, o estadista recebe um convite de promoção de trabalho, mas para isso ele precisa estar casado.

Aos amantes dos clássicos românticos, “Amor à italiana” é a recomendação dessa semana da coluna “Cinema em foco”. Uma fita graciosa, engraçada, leve e sofisticada, sobre uma segunda chance no amor, com dois grandes nomes do cinema fazendo par romântico, a italiana Gina Lollobrigida e o astro hollywoodiano Rock Hudson. Eles interpretam um casal briguento, que no final das contas se amam muito – Gina é uma italiana irritadiça, que atira objetos no marido durante as brigas (uma brincadeira sobre o lado ‘nervoso’ dos italianos), enquanto Hudson é um almofadinha que curte coisas finas. É um vai-e-vem com brigas, separação, romance, tentativas de reconciliação, marcado pelo humor e por bonitas paisagens urbanas.
Como muitos filmes da época (ele é de 1965), tem discurso machista, situações resolvidas num estalo de dedos e é lotado de estereótipos (como a italiana briguenta, que vive gritando) – Hollywood transitava para a modernidade dos temas na indústria de cinema, mas ainda mantinha sua mentalidade conservadora.


Do roteirista cinco vezes indicado ao Oscar, criador de fitas românticas e comédias clássicas, Melvin Frank, que também dirigiu o filme - ele é roteirista, por exemplo, de “Natal branco” (1954) e do premiado “Um toque de classe” (1973), que também dirigiu.
É o oitavo filme que a Classicline lança em DVD com a atriz Gina Lollobrigida, como forma de homenagear sua extensa carreira. Vale relembrar dela, hoje esquecida. Nascida na Itália, atuou em dezenas de produções, iniciou a carreira em seu país natal no final da década de 40, sendo dirigida lá por grandes nomes do cinema italiano, como Mario Costa, Carlo Lizzani, Pietro Germi, Steno, Mario Monicelli, Alberto Lattuada e Luigi Comencini. Estreou no cinema americano em “O diabo riu por último” (1953), depois esteve no elenco de produções notórias, como “Trapézio” (1956), “O corcunda de Notre Dame” (1956) e depois novamente com Rock Hudson em “Quando setembro vier” (1961) – estes três lançados em DVD pela Classicline. Gina recebeu duas indicações ao Globo de Ouro, abandonou a carreira em 1997 e completa em julho 93 anos.

Amor à italiana (Strange bedfellows). EUA, 1965, 98 minutos. Comédia romântica. Colorido. Dirigido por Melvin Frank. Distribuição: Classicline


quarta-feira, 24 de junho de 2020

Resenha Especial



Phenomena

A adolescente americana Jennifer (Jennifer Connelly) vai estudar num colégio interno para garotas na Suíça. Ela tem um dom especial, de se comunicar com insetos. Na cidade recém-chegada, um serial killer espalha o medo pelas ruas, e acaba seguindo os passos daquela garota.

Conto de fadas sobrenatural do mestre do terror italiano Dario Argento, que mistura giallo (fitas de psicopata, chamado de “Slasher” nos Estados Unidos) com toques de fantasia. Argento realizou em “Phenomena” sua obra mais poética e surrealista, repleta de violência e brutalidade, ao som de Goblin (o grupo que compunha as trilhas sonoras de grande parte de seus filmes, como “Suspiria”, e tinha um brasileiro no meio, Claudio Simonetti) – também notamos Iron Maiden (com “Flash of the blade”), Motörhead (“Locomotive”)  e Simon Boswell, um multiartista que combinava música eletrônica com ópera.
Rodado na Suíça e na Itália, o filme tem cenas sanguinárias marcantes, algumas escatológicas, com corpos em putrefação e decapitação, ou seja, o típico “gore” de Argento. Duas cenas que gosto muito, a da mosca que guia a protagonista por um lugar ermo, e uma sequência final no lamaçal com cadáveres boiando, que remete à icônica sequência de desfecho de “Poltergeist: O fenômeno” (1982).


Jennifer Connelly estava no começo de carreira (foi seu segundo filme), então com 15 anos, e pela primeira vez no papel principal, a da garota que se comunica com insetos. Além dela, uma legião de novos atores, sem contar as participações do veterano Donald Pleasence (o eterno Dr. Loomis, de “Halloween”) e da própria esposa do diretor, Daria Nicolodi (eles são pais da atriz Asia Argento).
O roteiro é de Argento com outro nome do cinema italiano, Franco Ferrini, que havia escrito “Era uma vez na América” (1984), ao lado de Sergio Leone e outros cinco roteiristas, e depois se entregou ao terror, criando um monte de fitas cult do gênero em parceria com Argento, como a trilogia de “Demons” (1985, 1986 e 1989), “Terror na ópera” (1987), “Trauma” (1993) e “Síndrome mortal” (1996).
A Versátil lançou há alguns anos a maior versão disponível do filme, chamada de “Versão integral”, inédita e restaurada, de 115 minutos. Havia nos Estados Unidos uma cortada, de 83 minutos, e uma “internacional”, de 110 minutos, também lançada em DVD no Brasil pela extinta London Filmes/Darkside. Procure a da Versátil e confira esse que é um dos meus filmes de terror favoritos do italiano Dario Argento.

Phenomena (Idem). Itália/Suíça, 1985, 115 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Dario Argento. Distribuição: Versatil Home Video

domingo, 21 de junho de 2020

Resenha Especial



 O ilusionista (*)

* Reedição, de uma resenha publicada em 2007

O mágico Eisenheim (Edward Norton) trava um embate com o príncipe Leopold (Rufus Sewell), herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, disputando inclusive o amor de uma mesma mulher, Sophie (Jessica Biel).

O cenário é Viena, na virada do século XX. Um estranho chamado Eisenheim (Edward Norton) chega à capital da Áustria e começa a fazer números de mágica em um teatro. Não são simples mágicas, mas verdadeiros truques, o que se assemelham a efeitos sobrenaturais (considerado necromancia). A população, diante das novidades, fica estarrecida. Eisenheim firma residência em Viena e reconhece na sociedade um amor de infância. O problema é que essa mulher, a jovem Sophie (Jessica Biel), hoje é noiva do príncipe Leopold (Rufus Sewell), um homem rude, único herdeiro do império austríaco. O ilusionista então divide seu tempo entre os números de mágica nos palcos e um romance escondido com o antigo amor. Essa combinação irá sacudir as bases do império e colocar a cabeça do ilusionista em jogo.
O drama recebeu uma única indicação ao Oscar de 2007, a de fotografia, para o britânico Dick Pope, fotógrafo da maioria dos filmes de Mike Leigh, como “Segredos e mentiras” (1996) e “Agora ou nunca” (2002). A indicação foi merecida, já que o grande charme do filme é a fotografia em tons de dourado, além do figurino e da cenografia de requinte. Esses três itens são combinados de maneira uniforme e trabalham em conjunto, resultando em um espetáculo visual incrível. A boa trilha sonora, do minimalista Philip Glass (indicado ao Oscar por “Kundun” e “As horas”), acompanha todo o ritmo das situações e dos personagens.
Já no começo do filme vemos a prisão do ilusionista em meio a uma apresentação. Ele é acusado de cometer fraudes e, portanto, enganar o público. A partir daí, a trama se constrói, em cima de uma narração sobre a vida do mágico, desde seu nascimento até o momento atual (mistura cenas atuais com flashbacks). O foco está no confronto entre o mágico e o príncipe truculento, até entrar em cena um inspetor de polícia (papel superlegal de Paul Giamatti), convocado para seguir os passos do ilusionista. O objetivo dele é descobrir a identidade verdadeira do mágico e desvendar os mistérios que cercam o famigerado ilusionista, um estranho que incomoda o governo imperial.
O atrativo à parte está na finalização das imagens das mágicas, em que são usados bons recursos de computação gráfica. Numa das sequências, por exemplo, o mágico retira uma semente de dentro de uma laranja, planta-a num vaso e em poucos segundos faz nascer uma laranjeira, que cresce rapidamente e atinge cinquenta centímetros, cheia de frutos. Ou então não permite que os reflexos acompanhem os movimentos de uma jovem em frente a um espelho.
Perdoa-se o clichê no romance proibido dele com a jovem, com a qual se reencontra depois de 15 anos, já que tirando isso tudo funciona. Rodado inteiramente na República Tcheca, é baseado num conto adaptado para o cinema pelo roteirista Neil Burger, que assina a direção.


Como um todo o filme é bonito, com riqueza de visual e boas interpretações do elenco, com destaque para Norton e Sewell. Fez muito sucesso e saiu no mesmo ano de outro filme curioso sobre mágicas e investigação, o premiado “O grande truque” (2006, de Christopher Nolan).

O ilusionista (The illusionist). EUA/República Tcheca, 2006, 108 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Neil Burger. Distribuição: Focus Filmes

Reeditado a partir de uma resenha originalmente publicada em 14/06/2007, no boletim informativo “Voz dos Jardins” (São José do Rio Preto/SP)

sábado, 20 de junho de 2020

Cine Cult



A história de um homem de verdade

O piloto russo Aleksey Meresyev (Pavel Kadochnikov) tem seu avião abatido, que cai atrás das linhas inimigas, durante a Segunda Guerra Mundial. Bastante ferido, perde as duas pernas, e após longo período de internação, sai do hospital com o objetivo de retomar suas missões de combate aéreo.

Quando o assunto é biografia, a antiga União Soviética sabia fazer filmes como ninguém. Existiram diversas produções notórias no país entre as décadas de 40 e 70 que recontavam os feitos de grandes personalidades da política e da guerra. “A história de um homem de verdade” está na lista dessas obras-primas do cinema soviético, um drama de guerra de 1948 que se tornou popular, centenas de vezes exibido nas TVs da Rússia. O título patriota enaltece uma figura nacional importantíssima da Segunda Guerra para os russos, o aviador Meresyev, que foi um ás de caça soviético abatido no ar durante um voo e que por pouco não morreu. O avião dele caiu atrás das linhas inimigas, numa floresta congelada, e ele precisou lutar com um urso para sobreviver – é a cena de abertura do filme, que provavelmente inspirou Alejandro G. Iñárritu em “O regresso”, de 2015 (lembram-se da cena chocante do embate travado entre DiCaprio e o urso que destroça suas pernas no filme que deu a ele o Oscar de melhor ator?). Penou horrores no hospital, teve as duas pernas amputadas, mas nunca desistiu de voltar à aviação (o que realmente ocorreu; ele, mesmo com próteses, continuou servindo a Aeronáutica, completou mais de 80 missões de combate no ar, e morreu aos 84 anos, em 2001). No segmento de fitas de superação, esse é um bom exemplo, menos melodramático, e com um semblante autoral.


Foi baseado em um romance de Boris Polevoy (que inspirou também uma ópera de Prokofiev nos anos 40), adaptado para as telas por uma roteirista russa, Mariya Smirnova. Tem uma fotografia lindíssima em preto-e-branco, do mesmo fotógrafo de “Amigos verdadeiros” (1954), Mark Magidson, que criou cenas emocionantes e introspectivas do personagem acamado no hospital. E quem protagoniza é um ator muito querido na Rússia nos anos 50 e 60, em um de seus primeiros filmes, Pavel Kadochnikov (1915-1988), que atuou, por exemplo, nas duas partes do monumental “Ivan, o terrível” (1944/1958).
A cópia disponível em DVD no Brasil está brilhante, licenciada pela Mosfilm, e distribuído pela CPC-Umes, na série “Cinema Soviético”.

A história de um homem de verdade (Povest o nastoyashchem cheloveke). URSS, 1948, 91 minutos. Drama. Preto-e-branco. Dirigido por Aleksandr Stolper. Distribuição: CPC-Umes Filmes

Cine Especial



Os Boxtrolls

Os Boxtrolls são monstrinhos que habitam os subterrâneos da cidade Pontequeijo. Segundo a lenda, eles saem à noite de suas tocas para roubar queijos e raptar crianças - mas na verdade, eles formam uma comunidade adorável que cuida de crianças abandonadas. Um dia, um malvado senhor lança o desafio de exterminar todos os Boxtrolls, contando com ajuda de poucos moradores, o que dá início a uma guerra pelas ruas escuras da pequena cidade.

Indicado ao Oscar, ao Globo de Ouro e ao Bafta de melhor animação em 2015, a animação é um barato para quem curte histórias mais sinistras, com personagens bizarros, de traços grotescos – no lançamento, em 2014, elegi “Boxtrolls” a melhor fita do gênero daquele ano, que tende agradar mais o público jovem do que crianças (tirei por base minha sobrinha, de 7, que achou estranho demais para a idade dela). Tem um porquê da animação carregar pequenas estranhezas: quem produziu é a Laika, um estúdio norte-americano de stop-motion, que realizou dois outros no mesmo estilão, “Coraline e o mundo secreto” (2009) e “ParaNorman” (2012), ambos indicados ao Oscar de animação, e com certeza inovadores na linguagem e no tipo de desenho (quem assistiu a um deles sabe do que estou falando).
No filme, baseado no romance inglês “Here be monsters!” (2005), escrito e ilustrado por Alan Snow, um bando de criaturinhas feiosas invadem as ruas de uma cidade fictícia, cheia de sujeira e estranhezas, sempre à noite, para caçar comida. Eles são “trolls” dentro de uma caixa (por isso o título), reza a lenda que atacam crianças, mas a realidade eles cuidam delas, ou melhor, das que foram abandonadas pelos pais – um deles é o garoto principal, Ovo, que se juntará a uma menina rica para barrar o extermínio dos amiguinhos monstrengos, já que uma parte da população, irada, pretende limpar as ruas, a mando de um vilão (fanático por queijos, que quer alcançar um lugar ao sol na sociedade).


A composição das cenas em CG são uma maravilha à parte, um trabalho de artesão de imagens (foi o único longa-metragem da dupla Graham Annable e Anthony Stacchi), sem contar as sequências de perseguição, que nos deixa tensos. E como muitas das animações atuais, traz forte comentário social, aqui trata do abandono de crianças, da perseguição ao “diferente”, da ganância ao poder e do consumismo exagerado.
Revi dias atrás, “Boxtrolls” continua um lindo presente aos fãs do gênero animação. Ah, e reparem nas vozes, tem os talentosos Ben Kingsley, Toni Collette, Jared Harris, Nick Frost, Simon Pegg, Elle Fanning e Tracy Morgan.

Os Boxtrolls (The Boxtrolls). EUA, 2014, 96 minutos. Animação. Colorido. Dirigido por Graham Annable e Anthony Stacchi. Distribuição: Universal Pictures

sábado, 13 de junho de 2020

Cine Cult



Lobos

O policial Dewey (Albert Finney) investiga uma série de crimes brutais pelos becos de Nova York e suspeita que as mortes tenham ligação com lobisomens.

Único filme de ficção do diretor de fotografia e documentarista Michael Wadleigh, de “Woodstock - 3 dias de paz, amor e música” (que ganhou Oscar na categoria documentário em 1971), que infelizmente deixou a carreira nos anos 80. Digo infelizmente, porque “Lobos” é um baita trabalho, um cult de terror violento, macabro, sobre lobisomens espalhados pelo submundo de Nova York, entre prédios decadentes e pela sujeita das ruas do Bronx, um dos bairros mais perigosos e destoantes de NY. Albert Finney, falecido em 2019 aos 82 anos e indicado a cinco Oscars, era um exímio ator, que deixa sua marca e o vozeirão típico no papel do protagonista, um policial atormentado por pistas que levem à resolução dos crimes brutais da história. As investigações o levam a rituais indígenas praticados por um grupo de pessoas misteriosas, e ele presenciará mortes horrendas pela noite afora (tem cenas fortes de decapitação, entranhas pelo chão etc). O grande feito do filme, pelo qual ficou conhecido, foram os efeitos visuais pioneiros, com filtros e alterações de cores, que colocam os lobisomens em primeira pessoa, ou seja, vemos pelos olhos deles. É criativo, enigmático, e na mesma década quem se utilizou desses efeitos num formato semelhante foi “O predador” (1987).


Finney arrebenta em cena, bem acompanhado no elenco, com Diane Venora, Gregory Hines, Dick O’Neill e o assustador Edward James Olmos.
A sinistra história partiu do romance de Whitley Strieber, escritor de outro livro que virou um bom filme cult da década de 80, “Estranhos visitantes” (de ETs, de 1989).
Assista em DVD pela Warner Bros, que soltou o filme em duas versões – simples, e em edição dupla contendo junto a fita cult de terror de Abel Ferrara “Invasores de corpos – A invasão continua” (1993).



Lobos (Wolfen). EUA, 1981, 115 minutos. Ação/Terror. Colorido. Dirigido por Michael Wadleigh. Distribuição: Warner Bros.

Cine Clássico



O Vale dos Reis

Em 1900, no Egito, o arqueólogo Mark Brandon (Robert Taylor) auxilia uma misteriosa mulher, Ann (Eleanor Parker), a encontrar túmulos antigos. O objetivo dela é cumprir uma antiga missão, que seu pai não conseguiu, em busca de um provável tesouro milenar deixado por José do Egito. Pelo deserto, montados em camelos, enfrentarão o calor e muitas armadilhas.

Passatempo caro para a época (com custo de U$ 2 milhões), essa fita de aventura originalmente produzida pela MGM preza pelas lindas paisagens do verdadeiro Vale dos Reis, às margens do Rio Nilo, no Egito. O filme custou caro porque foi inteiramente rodado fora dos Estados Unidos, passando por várias cidades do Egito, como Giza, Cairo, Suez, Luxor, e seus exuberantes pontos turísticos, como Monte Sinai, os Templos de Karnak e de Luxor, e ainda teve locação no país vizinho, Líbia. Em segundo plano, menos importante, a aventura propriamente dita, meio manjada e forçada, sobre dois exploradores que tentam encontrar um mapa do tesouro que possa ter ligações com José do Egito (segundo o Antigo Testamento, José tinha o poder de descobrir coisas ocultas). Juntos adentrarão um mundo místico, pelas tumbas de faraós, artefatos, ciladas e bandidos que matam para valer (com reviravoltas e motivos impossíveis no estilo Allan Quatermain). Se você não liga, vai com fé!


A dupla é bem legal, Robert Taylor (astro de “Quo Vadis”) e Eleanor Parker (grande atriz, falecida em 2013 aos 91 anos, indicada a três Oscars), e este é um dos cinco filmes dirigidos pelo roteirista Robert Pirosh, ganhador do Oscar de melhor roteiro por “O preço da glória”, em 1949 (ele lutou na Segunda Guerra defendendo os americanos). Pirosh desenvolveu o roteiro de “O Vale dos Reis” a partir do famoso livro de Arqueologia “Gods, graves and scholars”.
Relançado em DVD pela Classicline, o filme atende ao gosto popular, e por ser uma aventura corriqueira, atinge o objetivo de entreter.

O Vale dos Reis (Valley of the Kings). EUA, 1954, 86 minutos. Aventura. Colorido. Dirigido por Robert Pirosh. Distribuição: Classicline

Cine Lançamento



Um inverno para lembrar

Lucia (Cecilia Valenzuela Gioia), uma garota argentina de 21 anos, sofre de ataques de pânico, possivelmente relacionados a traumas de infância. No inverno, retorna para sua cidade natal, Salta, e lá fica próxima de Olivia, uma adolescente, com quem inicia um relacionamento amoroso. Uma será o suporte da outra para superar problemas de família e a reconhecer questões de sexualidade.

Fita independente de estreia da cineasta argentina Cecilia Valenzuela Gioia, num projeto delicado, simples e bem autoral, onde dirige, produz, escreve e protagoniza uma história de amor vivida por ela anos atrás. Fala de duas garotas que se apaixonam durante a estada de uma delas numa cidade pequena no Noroeste da Argentina, Salta (o filme foi rodado lá, uma província montanhosa, localizada a 1200 metros de altitude). Nesse inverno inesquecível, compartilham dias de paixão e ao mesmo tempo têm de lidar com problemas pessoais envolvendo família, aceitação, traumas de infância. As cenas sutis de momentos românticos se contrapõem com a trilha sonora de balada (há cenas bem fotografadas dentro de boates), a historia passageira é sincera, e o correto trabalho da atriz/diretora define a pessoalidade da produção (que vale destacar, custou U$ 2 mil dólares, ou seja, um valor irrisório para se produzir um filme). E chama a atenção também pela duração curta, de apenas 63 minutos (passa bem rápido, até sentimos falta de mais desdobramentos da vida da personagem).


Exibido nos cinemas argentinos no final de 2016, ganhou prêmio do Júri no Festival de Cinema Independente de Roma (RIFF) em 2017, e somente dois anos depois saiu em DVD no Brasil (em 2019), pela Focus Filmes (do grupo A2 Filmes). Uma produção bonitinha de temática gay que vale uma espiada.

Um inverno para lembrar (El color de un invierno). Argentina, 2016, 63 minutos. Drama/Romance. Colorido. Dirigido por Cecilia Valenzuela Gioia. Distribuição: Focus Filmes

sábado, 6 de junho de 2020

Resenhas Especiais


Hoje tem resenha das duas adaptações para o cinema do polêmico livro de James M. Cain, "O destino bate à sua porta". Confira!

O destino bate à porta (1946)

Na Califórnia dos anos 30, o romance extraconjugal entre a sexy Cora (Lana Turner) e o amante Frank (John Garfield) desencadeará um maquiavélico plano de assassinato.

Inegável clássico do cinema noir americano, produzido pela MGM, agora disponível em DVD numa excelente cópia pela Classicline. É o trabalho mais conhecido do diretor e roteirista Tay Garnett, baseado no polêmico livro de James M. Cain – na época do lançamento, tanto do livro (em 1934) quanto o filme (em 1946) quase houve censura, devido ao teor escandaloso (um tórrido romance extraconjugal entre um pobretão e uma garçonete, e o plano que ambos se metem para matar o marido da personagem, para que amante e mulher consigam viver juntos). Cain escreveu vários livros com tramas policiais incisivas, que viraram filmes noir, como “Pacto de sangue” (1944) e “Alma em suplício” (1945, que deu a Joan Crawford o Oscar de atriz).
No cinema noir havia um incrível jogo de luzes, histórias policiais com assassinato e a consequente investigação, as personagens femininas (as “mulheres fatais” do cinema, e Lana Turner foi uma delas) arquitetavam planos diabólicos, onde manipulavam homens aparentemente inocentes para terminar ação, ou seja, era um cinema sério, conflituoso, instigante, com resoluções difíceis (passando longe de finais felizes). Todos os elementos descritos você encontra nesse ótimo exemplo do gênero! Ainda sobre o noir americano, o modelo desse fazer cinema foi inspirado nos primórdios do noir da França do final da década de 30 (Jean Renoir foi um mestre lá na Europa com a abordagem), e nos Estados Unidos esse subgênero policial (intitulado também de “polar”) resistiu por duas décadas (as de 40 e 50), abrindo o campo para um neonoir nos anos 70 e 80 (com diretores como Arthur Penn, Lawrence Kasdan e Bob Rafelson, que realizou uma boa adaptação do livro de Cain, no filme homônimo, de 1981 – veja texto a seguir).


Filmão necessário para os amantes do antigo cinema!
Curiosidade: Três anos antes de “O destino bate à porta”, o italiano Luchino Visconti havia feito uma versão do livro de Cain, “Obsessão” (1943), uma notória obra do Neorrealismo.

O destino bate à porta (The postman always rings twice). EUA, 1946, 113 minutos. Drama/Suspense. Preto-e-branco. Dirigido por Tay Garnett. Distribuição: Classicline (DVD de 2019); Warner Bros. (DVD de 2005)


O destino bate à sua porta (1981)

Frank (Jack Nicholson) recebe uma proposta por acaso, de trabalhar num posto de gasolina junto de um restaurante à beira da estrada. Quem o contrata é Nick (John Colicos), um descendente de gregos, casado com Cora (Jessica Lange), que atua no estabelecimento como garçonete. Frank e Cora iniciam um tórrido romance secreto, e ela convence o amante a matar o marido para fugirem juntos.

Terceira versão para o cinema de um polêmico livro de James M. Cain, publicado em 1934, que deu o que falar, pelo teor escandaloso, sobre traição, forte teor sexual e planos de morte. A primeira é a do italiano Luchino Visconti, “Obsessão” (1943), uma fita neorrealista da gênese do movimento na Itália, e a segunda, “O destino bate à porta” (1946), com John Garfield e Lana Turner nos papéis principais.
O dramaturgo David Mamet, roteirista e diretor de “Jogo de emoções” (1987), bolou a boa adaptação do livro de Cain quando no início da carreira. Trouxe ingredientes contemporâneos, ousou ainda mais com momentos calientes entre os amantes da história (agora os ótimos Jack Nicholson e Jessica Lange), e quem dirigiu foi Bob Rafelson, parceiro de velha data de Nicholson, com quem havia trabalhado em “Cada um vive como quer” (1970) e “O dia dos loucos” (1976, também chamado de “O rei da ilusão”). Rafelson acertou em recontar a trama com mais sordidez, e fechou com chave de ouro na questão técnica de seu filme mais lembrado: tem o diretor de fotografia de Ingmar Bergman, Sven Nykvist (num dos poucos trabalhos fora da Suécia), o compositor Michael Small (de duas trilhas famosas do cinema dos anos 70, “Maratona da morte” e “Caçador de morte”), e o montador Graeme Clifford, que depois viria a ser diretor (de “Frances”, com Jessica Lange, por exemplo). Só nisso ganhou pontos, amarrou bem o roteiro, que permanece obscuro e sinistro (perde o fôlego depois da metade, quando entra o julgamento, mas sempre é bom ver Jessica e Nicholson brilhando em cena – além de John Colicos, um grande ator, já falecido).


Para quem gosta de suspense e mistério, uma obra neonoir recomendadíssima! Disponível em DVD e Bluray, pela Warner Bros.

O destino bate à porta (The postman always rings twice). EUA, 1981, 122 minutos. Drama/Suspense. Colorido. Dirigido por Bob Rafelson. Distribuição: Warner Bros.


Cine Lançamento



Velozes & furiosos: Hobbs & Shaw

O agente Luke Hobbs (Dwayne Johnson) e o fora-da-lei Deckard Shaw (Jason Statham) se unem, mesmo não se gostando, para uma missão dificílima: caçar a gangue do perigoso Brixton (Idris Elba), um bandido cibernético que está a poucos passos de startar uma guerra biológica no mundo.

O primeiro spin-off da franquia multimilionária “Velozes & furiosos”, uma das mais rentáveis do cinema, chegou com tudo em DVD e Bluray pela Universal, ambas em edições especiais com extras imperdíveis. Aliás, é um dos filmes mais movimentados da cinessérie, recheado de enérgicas reviravoltas, escapadas impossíveis, tiros ensurdecedores e explosões até dizer chega! Tenho certa simpatia pela franquia, não acho esse o melhor (ainda prefiro o anterior, “Velozes & furiosos 8”), mas reconheço que é um prato cheio para quem curte passatempo voraz, lotado de efeitos visuais mirabolantes. Nos cinemas ficou em cartaz um mês inteiro, em agosto de 2019, e mesmo sendo o mais caro das nove fitas, foi o que teve menos bilheteria (foram U$ 200 milhões de custo contra U$ 760 milhões de renda) – as partes sete e oito, por exemplo, tiveram respectivamente U$ 1,5 bilhões e U$ 1,240 bi pelo mundo afora.
É porrada e corrida nos 137 minutos, adrenalina de sobra, com um elenco que se diverte em cena – além da dupla central, com suas piadinhas e provocações, tem Idris Elba numa composição interessante de vilão cibernético com armas biológicas, a bonita Vanessa Kirby e participações dos britânicos Helen Mirren (de volta como Queenie) e Eddie Marsan. Quem dirige é David Leitch, um ex-dublê que havia demonstrado capacidade em cinema de ação quando fez o barulhento “Atômica” (2017) e em seguida “Deadpool 2” (2018).



Velozes & furiosos: Hobbs & Shaw (Fast & Furious presents: Hobbs & Shaw). EUA/Japão, 2019, 137 minutos. Ação. Colorido. Dirigido por David Leitch. Distribuição: Universal Pictures

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Resenhas Especiais


Três filmaços em DVD, distribuídos pela Versátil Home Video, para conferir na quarentena!

Hamlet

Hamlet (Kenneth Branagh), príncipe da Dinamarca, ao retornar para casa, recebe a notícia de que o pai, o rei Hamlet, morreu há poucas semanas, e que a mãe, em seguida, casou-se com o seu tio. Numa noite estranha, o fantasma do rei aparece para Hamlet e conta que foi assassinado pelo tio, então ele prepara um plano de vingança. 

A suntuosa versão para cinema de Kenneth Branagh de uma das maiores peças do dramaturgo inglês William Shakespeare está de volta ao catálogo da Versátil Home Video. Está disponível em DVD, em edição dupla, numa cópia restaurada formidável, para cinéfilo nenhum botar defeito – com a metragem original, de 4h02, um dos maiores em termos de metragem da história do cinema, além de uma hora de extras.
Brannagh realizou aqui seu projeto mais íntimo, onde dirige, adapta a história e protagoniza no papel do príncipe da Dinamarca, que bola um plano de vingança contra o tio, por ter matado o pai com o objetivo de obter a coroa real. Tem todos os elementos típicos da tragédia de Shakespeare num espetáculo visual difícil de ser feito, que vai de um figurino impecável, direção de arte de puro esplendor, cenários monumentais, um sem-número de figurantes e um elenco ilustre, com participações de Kate Winslet, Julie Christie, Jack Lemmon, Charlton Heston, Derek Jacobi, Robin Williams, Gerard Depardieu e Billy Crystal.Em estilo teatral, com diálogos longos e uma trama mirabolante sobre regicídio, vingança e sacrifício na era Elizabetana, o filme recebeu, em 1997, quatro indicações ao Oscar (roteiro adaptado, direção de arte, figurino e trilha sonora), além de exibido em Cannes fora da competição.Um deslumbre de produção, para público que gosta de fitas de arte.

Hamlet (Idem). Reino Unido/EUA, 1996, 242 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Kenneth Brannagh. Distribuição: Versatil Home Video


Águia solitária

Em 1927, um aviador de nome Charles Lindbergh (James Stewart), viaja sozinho em seu monomotor, de Nova York a Paris, sem fazer escala, num trajeto total de 5,8 mil quilômetros. A façanha foi considerada um triunfo, única no gênero, nos primórdios da era da aviação.

Uma fita praticamente esquecida do mestre Billy Wilder, de “Crepúsculo dos deuses” (1950) e “Se meu apartamento falasse” (1960), descoberta pela Versatil, que a lançou em DVD numa linda cópia restaurada e com vários extras, em 2016. É um belíssimo clássico sobre aviação, que mistura drama e aventura, baseado no livro de memórias do piloto Charles Lindbergh (1902-1974), que virou símbolo da aviação americana – ele trabalhava levando correspondências em avião, foi desprezado pelas ideias mirabolantes e acabou fazendo história no final da década de 20 ao se transformar no primeiro homem a cruzar o Atlântico num monomotor, sem pouso ou escala. O filme reconstitui com primor detalhes da saga de Lindbergh, um apaixonado pelo que fazia, que inspirou empreendedores e aviadores nos anos seguintes – é uma composição discreta de James Stewart, que ficou loiro para interpretar o personagem (20 anos mais novo que o ator), e o realizou no intervalo entre dois clássicos que faria com Alfred Hitchcock, “O homem que sabia demais” (1956) e “Um corpo que cai” (1958).
Teve uma indicação ao Oscar, de melhor efeitos visuais, realmente impressionantes para a época, com planos panorâmicos gravados do alto do avião, numa fotografia lindíssima da dupla Robert Burks e J. Peverell Marley. O roteiro é de Billy Wilder, a partir das memórias do próprio aviador. Está aí uma sugestão muito legal e inspiradora para quem gosta de histórias sobre grandes feitos humanos.

Águia solitária (The spirit of St. Louis). EUA, 1957, 134 minutos. Drama/Aventura. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Billy Wilder. Distribuição: Versatil Home Video 

Trágica obsessão

O empresário Michael Courtland (Cliff Robertson) tem a vida destruída quando a esposa e a filha pequena, vítimas de um sequestro, morrem numa perseguição com a polícia. Quinze anos depois, na Itália, ele conhece uma mulher idêntica à falecida esposa, chamada Sandra (Geneviève Bujold), que se torna seu objeto de obsessão.

Grandioso suspense mirabolante de Brian De Palma, e um dos menos lembrados dele, que recebeu uma digna cópia em DVD em 2015 pela Versatil Home Video (a partir de uma versão restaurada americana). Novamente o diretor utiliza virtuosismos para homenagear Alfred Hitchcock (aqui com “Um corpo que cai”), numa história com “déjà vu”, obsessão, crime e um desfecho particular, notavelmente brilhante (como sempre nas obras de De Palma).
Os elementos técnicos dessa joia da Nova Hollywood têm o melhor do cinema da época: trilha sonora, indicada ao Oscar, de Bernard Herrmann (indicação póstuma, pois ele faleceu um ano antes, e nessa mesma edição do Oscar foi nomeado por outra trilha magnífica, de “Taxi driver”), fotografia do húngaro Vilmos Zsigmond (que trabalhou em várias vezes com Palma, fez “Amargo pesadelo”, ganhou o Oscar por “Contatos imediatos de terceiro grau”), um bom elenco, com destaque para Cliff Robertson, Geneviève Bujold e John Lithgow, em seu segundo filme no cinema (ele voltaria a trabalhar com De Palma em “Um tiro na noite” e “Síndrome de Caim”), roteiro e argumento original de Paul Schrader, outro mestre da violência no cinema setentista, e locações exuberantes na Itália (na verdadeira Florença, onde existe a igreja do filme, a Basílica di San Miniato al Monte). Tem toda uma armação irremediável, que necessita de atenção plena do público para desvendar os detalhes da sinistra trama, das consequências que dragam os personagens para o fundo do poço, e da retumbante conclusão (os momentos em câmera lenta de Palma, nas cenas de revelação, perseguição ou morte, são pra lá de criativas).
Um ótimo exemplar do cinema de suspense dos anos 70. Não perca!

Trágica obsessão (Obsession). EUA, 1976, 99 minutos. Suspense. Colorido. Dirigido por Brian De Palma. Distribuição: Versatil Home Video