terça-feira, 27 de abril de 2021

Cine Clássico


Cabo do medo

Ao cumprir pena de 14 anos, Max Cady (Robert De Niro) sai da cadeia com um plano em mente: vingar-se do seu advogado de defesa, Sam Bowden (Nick Nolte). Segundo ele, Bowden omitiu provas no processo criminal, o que resultou em sua condenação. O ex-prisioneiro passa a perseguir o advogado e a família dele, composta pela esposa (Jessica Lange) e a filha adolescente (Juliette Lewis). 

Clássico do cinema de suspense e um dos thrillers mais lembrados pelo público, “Cabo do medo” agora pode ser assistido em high definition. Graças à distribuidora Classicline que, em parceria com a Universal Pictures, acaba de trazer para o mercado o filme em bluray (imagem e som estão com qualidade impressionantes, vale uma revisão!).
Dias atrás li o livro original que inspirou o roteiro das duas versões de cinema de “Cabo do medo”. O livro se chama “Os executores” (também intitulado “Os algozes”), no entanto a editora que o trouxe ao Brasil, Darkside Books, optou em traduzi-lo como “Cabo do medo”. Escrito pelo americano John D. MacDonald em 1956, o texto tem teor polêmico, criticado à época por ser violento demais, e dele nasceu a primeira versão para cinema, num roteiro porrada e tétrico de James R. Webb, experiente roteirista do cinema de faroeste e de fitas de guerra. Essa primeira versão para a telona surgiu em 1962, chamada de “Círculo do medo”, com Gregory Peck e Robert Mitchum nos papéis, respectivamente, do advogado e do criminoso (Mitchum está soberbo como Cady, repetindo outro personagem vingativo que fez no passado, o fanático religioso Harry Powell, de “O mensageiro do diabo” - e igualmente bem está Peck). O roteiro do filme de 62 trazia muitas diferenças com o livro original (por exemplo, o desfecho, que foi totalmente criado do zero).

Passados quase 30 anos, Martin Scorsese dirigiu a segunda versão, utilizando o roteiro de Webb como base (que modificava bem o livro de MacDonald), com mais ingredientes violentos e um novo final (esse segundo roteiro ficou sob a supervisão de Wesley Strick, que havia feito “Aracnofobia” e depois faria “Lobo”, com Jack Nicholson). Quase toda a trama se mantém, só que mais brutal, com cenas de crimes sanguinolentos, para resgatar a velha formula de “sede vingança” e “punição”. Não há gente de boa índole, ambos os personagens centrais tem sua culpa (advogado x criminoso), e para tanto criaram-se personagens com muitas camadas - assim como os coadjuvantes (a esposa, a filha adolescente, o tira que irá vigiar a casa etc).
Na época (1991) o filme fez carreira, quase todo mundo assistiu, pois virou sensação (eu mesmo assisti quando pequeno, em VHS), e acabou dando indicação tanto ao Oscar quanto ao Globo de Ouro de melhor ator a De Niro (que sempre esbanjou vigor com vilões) e de coadjuvante para Juliette Lewis (novinha, num bom momento) – e ainda indicado ao Urso de Ouro no Festival de Berlim.


Scorsese aproveitou a retumbante trilha sonora do filme de 1962, que era de Bernard Herrmann, e foi rearranjada por Elmer Bernstein, além de trazer parte dos atores do antigo para a nova versão: Gregory Peck, Robert Mitchum e Martin Balsam. Fez assim sua homenagem ao cinema de autor, com sacadas, ousadia e certo brilhantismo. Veja agora “Cabo do medo” em Bluray!

Cabo do medo (Cape Fear). EUA, 1991, 128 minutos. Suspense. Colorido. Dirigido por Martin Scorsese. Distribuição: Universal/Classicline

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Especial de Cinema


Oscar 2021: Nomadland é o grande vencedor da edição mais diferente da História do Oscar


E ontem à noite ocorreu a tão aguardada entrega do Oscar 2021. A 93ª edição do Oscar foi uma das edições mais diferentes em termos de formato (devido à pandemia). O Dolby Theatre, em Los Angeles, abrigou parte do evento, recepcionando apenas uma centena de pessoas (atores, atrizes, diretores, equipe técnica e apresentadores), enquanto a Union Station, a famosa estação de metrô de Los Angeles, abrigava outro grupo de apresentadores. Muitos artistas participaram online de suas casas, e durante a cerimônia houve a transmissão das músicas indicadas na categoria de ‘melhor canção original’, que haviam sido gravadas anteriormente.
O drama “Nomadland” foi o grande vencedor da noite, levando três prêmios principais: melhor filme, melhor direção e melhor atriz (para Frances McDormand). Em seguida empataram, com dois Oscars cada, os filmes “Meu pai” (melhor ator para Anthony Hopkins e melhor roteiro adaptado), “Mank” (design de produção e fotografia), “Soul” (animação e trilha sonora), “Judas e o messias negro” (ator coadjuvante para Daniel Kaluuya e canção), “A voz suprema do blues” (figurino e maquiagem/cabelo) e “O som do silêncio” (som e edição).
Surpresas da noite: a atriz sul-coreana Yuh-Jung Youn, de 73 anos, venceu o prêmio de coadjuvante por “Minari” (um prêmio louvável); o ator Anthony Hopkins, de 83 anos, ganhou do favorito, Chadwick Boseman (que tinha indicação póstuma), pelo seu papel impressionante em “Meu pai” (outro prêmio merecidíssimo); a cineasta chinesa Chloé Zhao entrou para a história ao ganhar o prêmio de direção por "Nomadland” (é a segunda mulher a ganhar o prêmio nessa categoria na História do Oscar); e quase metade das produções indicadas esse ano são em streaming, algo inédito no Oscar – eles podem ser conferidos na Netflix, Amazon Prime e Disney Plus.
Confira abaixo a lista dos vencedores do Oscar 2021.



Melhor filme

 

"Nomadland"

"Meu pai"

'"Judas e o messias negro"

"Mank"

"Minari"

"Bela vingança"

"O som do silêncio"

"Os 7 de Chicago"

 

Melhor atriz

 

Frances McDormand - "Nomadland"

Viola Davis - "A voz suprema do blues"

Andra Day - "Estados Unidos Vs Billie Holiday"

Vanessa Kirby - "Pieces of a woman"

Carey Mulligan - "Bela vingança"

 

Melhor ator

 

Anthony Hopkins - "Meu pai"

Riz Ahmed - "O som do silêncio"

Chadwick Boseman - "A voz suprema do blues"

Gary Oldman - "Mank"

Steve Yeun - "Minari"

 


Melhor direção

 

Chloé Zhao - "Nomadland"

Thomas Vinterberg - "Druk - Mais uma rodada"

David Fincher - "Mank"

Lee Isaac Chung - "Minari"

Emerald Fennell - "Bela vingança"

 

Melhor atriz coadjuvante

 

Yuh-Jung Youn - "Minari"

Maria Bakalova - "Borat: Fita de cinema seguinte"

Glenn Close - "Era uma vez um sonho"

Olivia Colman - "Meu pai"

Amanda Seyfried - "Mank"

 

Melhor ator coadjuvante

 

Daniel Kaluuya - "Judas e o messias negro"

Sacha Baron Cohen - "Os 7 de Chicago"

Leslie Odom Jr. - "Uma noite em Miami"

Paul Raci - "O som do silêncio"

Lakeith Stanfield - "Judas e o messias negro"

 

Melhor filme internacional

 

"Druk - Mais uma rodada" (Dinamarca)

"Shaonian de ni" (Hong Kong)

"Collective" (Romênia)

"O homem que vendeu sua pele" (Tunísia)

"Quo vadis, Aida?" (Bósnia e Herzegovina)

 

Melhor animação

 

"Soul"

"Dois irmãos: Uma jornada fantástica"

"A caminho da lua"

"Shaun, o Carneiro: O Filme - A fazenda contra-ataca"

"Wolfwalkers"

 


Melhor documentário

 

"Professor Polvo"

"Collective"

"Crip camp: Revolução pela inclusão"

"O agente duplo"

"Time"

 

Melhor roteiro original

 

"Bela vingança"

"Judas e o Messias negro"

"Minari"

"O som do silêncio"

"Os 7 de Chicago"

 

Melhor roteiro adaptado

 

"Meu pai"

"Borat: Fita de cinema seguinte"

"Nomadland"

"Uma noite em Miami"

"O tigre branco"

 

Melhor figurino

 

"A voz suprema do blues"

"Emma"

"Mank"

"Mulan"

"Pinóquio"

 

Melhor maquiagem e cabelo

 

"A voz suprema do blues"

"Emma"

"Era uma vez um sonho"

"Mank"

"Pinóquio"

 

Melhor trilha sonora

 

"Soul"

"Destacamento Blood"

"Mank"

"Minari"

"Relatos do mundo"

 

Melhor canção original

 

"Fight for you" - "Judas e o messias negro"

"Hear my voice" - "Os 7 de Chicago"

"Husa'vik" - "Festival Eurovision da Canção: A saga de Sigrit e Lars"

"Io sì" - "Rosa e Momo"

"Speak now" - "Uma noite em Miami"

 

Melhor som

 

"O som do silêncio"

"Greyhound: Na mira do inimigo"

"Mank"

"Relatos do mundo"

"Soul"

 

Melhor efeitos visuais

 

"Tenet"

"Problemas monstruosos"

"O céu da meia-noite"

"Mulan"

"O grande Ivan"

 

Melhor fotografia

 

"Mank"

"Judas e o messias negro"

"Relatos do mundo"

"Nomadland"

"Os 7 de Chicago"

 

Melhor edição

 

"O som do silêncio"

"Meu pai"

"Nomadland"

"Bela vingança"

"Os 7 de Chicago"

 

Melhor design de produção

 

"Mank"

"Meu pai"

"A voz suprema do blues"

"Relatos do mundo"

"Tenet"

 

Melhor documentário de curta-metragem

 

"Collete"

"A concerto is a conversation"

"Do not split"

"Hunger ward"

"A love song for Natasha"

 

Melhor curta-metragem em live action

 

'"Two distant strangers"

"Feeling through"

"The letter room'"

"The present"

"White Eye"

 

Melhor curta de animação

 

" Se algo acontecer... te amo"

"Toca"

"Genius Loci"

"Opera"

"Yes people"

domingo, 25 de abril de 2021

Cine Cult


Leviathan


Uma expedição que atua no fundo do mar descobre um submarino soviético naufragado recentemente. O grupo decide entrar na embarcação e lá encontra uma estranha carga fechada em um cofre. O que os exploradores não imaginam é que no submarino habitam criaturas sanguinárias.

A distribuidora Obras-primas do Cinema redescobriu essa fita de terror cult e acaba de lançá-la no box “Sessão de Terror Anos 80 – Volume 4”. É o melhor da caixa ao lado de “A noite dos demônios” (1988, de Kevin Tenney), e além deles vem também os filmes “Sonho mortal” (1988 – de Andrew Fleming) e “Witchtrap: A noite das bruxarias” (1989, do mesmo Kevin Tenney).
Misturando terror e ação, a história se passa nas profundezas do oceano e é um derivado de “Alien” (só que nas águas), contando com elementos técnicos bem feitos – provavelmente o filme inspirou o recente “Ameaça profunda” (2020), com Kristen Stewart, cujas tramas se assemelham.
O título faz menção ao monstro marinho mítico ligado ao caos e citado na Bíblica, Leviatã, que aparece em diversas histórias do mundo do terror.
A produção (entre Itália e EUA) é assinada pela família de Dino de Laurentiis, tem trilha sonora do sempre correto Jerry Goldsmith, e os monstros marinhos foram criados por um dos magos dos efeitos visuais do cinema americano, Stan Winston, o criador de “Aliens”, “O exterminador do futuro” e “O predador”.


A direção é do italiano George P. Cosmatos (1941–2005), que no início de carreira fez um eletrizante disaster movie sobre uma contaminação em um trem (“A travessia de Cassandra”, de 1976), depois dirigiu um terror independente sobre ratos assassinos (“Origem desconhecida”, de 1983, com Peter Weller), no entanto ficou famoso por dois sucessos do cinema de ação com Sylvester Stallone, os violentos “Rambo II: A missão” (1985) e “Stallone Cobra” (1986) – não podemos nos esquecer de um dos mais refinados faroestes dos anos 90, feito por ele, “Tombstone: A justiça está chegando” (1993), que reunia um elenco de astros, como Kurt Russell, Val Kilmer, Bill Paxton, Sam Elliott e Charlton Heston.

“Leviathan” vale como uma sessão pipoca, mas para isso é necessário perdoar os clichês do gênero, um desfecho que nunca chega e outros absurdos no fundo do oceano. Dá certo porque o roteiro funciona, é ágil, com os personagens trancados numa embarcação em clima de claustrofobia – escrito por dois experts nos temas, David Webb Peoples (roteirista indicado ao Oscar por “Os imperdoáveis”, e de várias fitas scifi em parceria, como “Blade runner” e “Os 12 macacos”) e Jeb Stuart (dos longas de ação “O fugitivo” e “Duro de matar”).
No elenco tem Peter Weller (o eterno “Robocop”), Richard Crenna (o famoso coronel Trautman da trilogia “Rambo”), Daniel Stern, Ernie Hudson e Hector Elizondo.

Leviathan (Idem). EUA/Itália, 1989, 98 minutos. Ação/Terror. Colorido. Dirigido por George P. Cosmatos. Distribuição: Obras-primas do Cinema

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Nota do Blogueiro


Cine Debate será nesse sábado e traz cultuado drama de guerra dos anos 50

O Cine Debate do Imes Catanduva exibe esse mês o drama de guerra “De crápula a herói” (1959, 132 minutos), de Roberto Rossellini. O filme está disponível no site do SESC Digital, em https://sesc.digital/.../cinema-e-video/de-crapula-a-heroi
, e o debate será nesse sábado, dia 24/04, a partir das 14h, no Youtube do Sesc Catanduva – https://www.youtube.com/user/sesccatanduva. A transmissão é aberta e gratuita ao público, com debate virtual mediado pelo idealizador do projeto, o jornalista e crítico de cinema Felipe Brida, professor do Senac e do Imes Catanduva, e por Alexandre Vasques, programador cultural do Sesc Catanduva.

Sinopse: Em 1943, na Itália, um golpista sedutor e jogador inveterado (Vittorio de Sica) se passa por um coronel para tirar dinheiro de pessoas em busca de informações de familiares presos pelos nazistas. Ao ser desmascarado, aceita colaborar para Gestapo e finge ser o general Della Rovere.



Cine Debate

O Cine Debate é uma parceria do Imes com o Sesc e o Senac Catanduva e completa nove anos trazendo filmes cult de maneira gratuita a toda a população. Segue o mesmo formato do segundo semestre de 2020: uma vez por mês, online, porém agora aos sábados, a partir das 14h, pelo canal do Sesc no Youtube.
Vamos prestigiar, participar e debater cinema! Todos estão convidados!
Confira abaixo a programação dos próximos filmes do Cine Debate 2021 – todos os filmes estão disponíveis gratuitamente no site do Sesc Digital, procurem lá em sesc.digital/home

Maio: “Mamma Roma” (1962, 106 minutos)

Junho: “Tomates verdes fritos” (1991, 130 minutos)

Julho: “Lili Marlene” (1981, 111 minutos)

domingo, 18 de abril de 2021

Nota do Blogueiro

Cinema - Em DVD

A distribuidora Obras-primas do Cinema lança esse mês dois boxes especiais aos colecionadores, em edições caprichadas, com disco duplo contendo muitos extras e cards colecionáveis.
O primeiro deles é "Sessão de terror Anos 80 - volume 4", com os filmes "Sonho mortal" (1988, de Andrew Fleming), "A noite dos demônios" (1988, de Kevin Tenney), "Leviathan" (1989, de George P. Cosmatos, com Peter Weller e Richard Crenna) e "Witchtrap: A noite das bruxarias" (1989, de Kevin Tenney, também conhecido no Brasil com o título "Bem-vindos à casa de Lauter: A morte os espera").
O segundo box é para fãs de filmes dos anos 30, e é uma raridade! Trata-se de "Cinema Pre-Code", uma caixa contendo quatro filmes, todos de 1933, que escaparam da censura imposta no cinema hollywoodiano por meio do 'Código Hays' (que perseguia produções de cunho erótico ou que apresentavam personagens de conduta moralmente reprovável/incorreta segundo os padrões religiosos). São eles: "O cântico dos cânticos" (com Marlene Dietrich), "Santa não sou" (com Mae West e Cary Grant), "Serpente de luxo" (com Barbara Stanwyck) e "Levada à força" (com Miriam Hopkins).
Todos já disponíveis nas melhores lojas! Procure e colecione!
Valeu, equipe da OPC, pelo envio dos dois boxes :)





sexta-feira, 16 de abril de 2021

Cine Especial


A visita


Dois irmãos vão passar uma breve temporada na casa dos avós, com quem nunca tiveram contato, enquanto a mãe faz uma viagem. Isolados numa antiga fazenda na Pensilvânia, Becca (Olivia DeJonge) e Tyler (Ed Oxenbould) percebem que há algo errado com os idosos, que impõe estranhas regras na casa e aos poucos se tornam violentos.

Com o megasucesso (de crítica e de bilheteria) de “O sexto sentido” (1999), o cineasta indiano M. Night Shyamalan, que pelo filme recebeu duas indicações ao Oscar (melhor diretor e roteiro original), era a promessa para dar novos rumos ao cinema de horror na virada do século. Não é segredo nenhum, mas isso nunca se concretizou... pelo contrário, o diretor foi se desintegrando perante aos olhos do público e dos críticos a cada nova produção lançada, onde tentava reinventar subgêneros, sempre com qualidade ora duvidosa ora péssima (depois de “O sexo sentido”, vieram, cronologicamente, “Corpo fechado” e “Sinais”, que ainda tinham algo de interessante ali, porém depois só se envolveu em tremendas furadas, vide “A vila”, “A dama na água”, e os lastimáveis “Fim dos temos”, “O último mestre do ar” e “Depois da Terra”). Enquanto via a decadência acentuada, recebia uma chuva de indicações ao Razzie Awards (o prêmio para os “piores do ano”), inclusive seus filmes deixaram de ser acompanhados nos cinemas.


Pois bem, após uma década de inferno astral, “A visita” (2015) foi o retorno triunfante do diretor ao ‘cinema de gênero’. Parece que reaprendeu a fazer cinema, mesmo com uma história meio gasta nas produções hollywoodianas.
Shyamalan recuperou o prestígio, afirmando, em entrevistas, que a qualidade de “A visita” está ligada à sua autonomia no corte final, sem seguir as imposições dos estúdios – o fez ao lado do produtor Jason Blum, da Blumhouse, produtora de fitas de terror como “A morte te dá parabéns”, “Corra!” etc. É seu filme mais barato (U$ 5 milhões), e no mundo acumulou U$ 100 milhões de bilheteria, o que o fez juntar grana para as duas produções seguintes, mantendo o cinema de autor pós-moderno, com sua inventividade e convenções, numa história que nos prende até o fim (são elas “Fragmentado” e “Vidro”, que encerravam uma trilogia iniciada em “Corpo fechado”).
“A visita” é basicamente um conto de fadas de horror, gravado sob a perspectiva (em primeira pessoa) de um pré-adolescente com uma câmera caseira (um “found footage”, ou seja, um filme gravado por alguém, e depois é descoberto, e naquele material há fatos macabros). O garoto, isolado na fazenda com a irmã mais velha, e com os avós desconhecidos, ficará frente a frente de situações desesperadoras quando os idosos, com traços de senilidade, vão se mostrando grosseiros, violentos e perturbados. É, por si só, uma fita de sobrevivência com ocorrências levadas ao extremo.
Segure-se na cadeira, pois há jumpscares e um final bem sinistro. Também há humor para suavizar a trama excitante de medo, com o garoto protagonista fazendo rap e gravando tudo o que vê para seu documentário experimental. Dica: assista ao filme em DVD, pois há, nos extras, um final alternativo.


Shyamalan criou uma atmosfera perturbadora, fez uma trama cheia de fatos inusitados e exóticos, com aparições noturnas que provocam aflição. É uma fita de consumo rápido para quem gosta do gênero, num dos poucos filmes em que ele não aparece como ator numa ponta, e um dos poucos que não recebeu indicação ao Razzie Awards. Ele agora está à frente de um novo trabalho de suspense, “Old” (com Gael García Bernal), previsto para estrear em julho de 2021. Vamos aguardar torcendo para que ele não caia de novo em desgraça!

A visita (The visit). EUA, 2015, 93 minutos. Horror. Colorido. Dirigido por M. Night Shyamalan. Distribuição: Universal Pictures

quinta-feira, 8 de abril de 2021

Cine Especial


Febre de juventude

Em 1964, os Beatles chegam aos Estados Unidos para uma turnê. A juventude fica alvoraçada para ver de perto os ídolos. Dentre eles estão seis adolescentes de Nova Jersey, que viajam até Nova York para assistir a um show do quarteto num programa de auditório. O grupo infiltra-se no hotel onde os Beatles estão hospedados e inicia uma louca aventura para ter contato com seus músicos preferidos.

“Febre de juventude” (1978) é um retrato fascinante e bem humorado da Beatlemania, com jovens histéricos que morriam por seus ídolos. A febre contagiou o mundo todo na década de 60, período recortado pelo filme, o auge musical do quarteto. Acompanhamos uma sucessão de trapalhadas, algumas em estilo pastelão, que diverte e ao mesmo tempo nos traz certa nostalgia. É uma fita bem a cara dos anos 70, com um elenco formidável que nos brinda com boas doses de risadas, praticamente todos em início de carreira - alguns foram para TV, outros fizeram filmes menores, mas nenhum virou astro ou estrela, exceto Nancy Allen (que trabalharia em vários filmes de Brian de Palma, como “Terapia de doidos”, “Vestida para matar” e “Um tiro na noite”). São eles Bobby Di Cicco, Marc McClure, Susan Kendall Newman, Theresa Saldana, Wendie Jo Sperber e Eddie Deezen.
A comédia já começa em ritmo frenético, as peripécias crescem na tela, beirando o nonsense e dando o ar da graça. Percebam que os Beatles só aparecem de costas ou em pormenores (como na cena debaixo da cama, em que vemos os pés deles).
Embarque nessa aventura criativa, descontraída e nostálgica, e cante junto canções memoráveis do Beatles, como “I wanna hold your hand” (título original do filme), “Twist and shout”, “Love me do”, “From me to you”, “Please, Mr. Postman”, “She loves you”, “Money” e outras.


Estreia do diretor e roteirista Robert Zemeckis, que depois faria sucessos como “Tudo por uma esmeralda” (1984), a trilogia “De volta para o futuro” (1985, 1989 e 1990) e ganharia o Oscar de direção por “Forrest Gump: O contador de histórias” (1994). A produção é assinada por Steven Spielberg, que fez longa parceria com Zemeckis - vide “Carros usados” (1980), “De volta para o futuro”, “Uma cilada para Roger Rabbit” (1988) etc. Em DVD numa edição caprichada pela Obras-primas do Cinema.

Febre de juventude (I wanna hold your hand). EUA, 1978, 104 minutos. Comédia. Colorido. Dirigido por Robert Zemeckis. Distribuição: Obras-primas do Cinema

quarta-feira, 7 de abril de 2021

Cine Cult

 

Spartacus

Na Roma Antiga, o guerreiro Spartacus (Vladimir Vasiliev) é preso e forçado a lutar como gladiador. Quando numa luta mata seu colega, revolta-se contras as forças do governo autoritário e organiza um levante.

A CPC-Umes Filmes, distribuidora especializada em trazer ao Brasil DVDs e Blurays de fitas de arte russa e soviética, inova ao lançar esse mês um filme-balé (ou teatro-filme, filme-dança, como queiram), que vem atraindo olhares curiosos do público-colecionador. Produzido em 1977, “Spartacus” é considerada uma das apresentações mais importantes do grupo Ballet Bolshoi. É, sem dúvida, uma experiência diferente assistir a um balé filmado, ainda mais do notório Bolshoi (não é a mesma coisa que assisti-lo nos palcos, obviamente, pois a arte da dança se faz única e presente com o público ao vivo, no espaço de encenação).
Política, a obra conta, por meio da dança, a trajetória de Espártaco (109 a.C. – 71 a.C.), um guerreiro da Trácia (região onde hoje é a Macedônia) que viveu na República romana e ficou conhecido por liderar uma revolta com 40 mil escravos contra a legião de Crasso, para reivindicar melhores condições de trabalho.
Esse filme-balé tem ecos do livro “Spartacus” (escrito por Howard Fast na cadeia, quando o autor foi preso no Macarthismo acusado de colaborar com os comunistas – seu livro virou em 1960 a obra-prima de Stanley Kubrick, com roteiro escrito por Dalton Trumbo, um sucesso ganhador de quatro Oscars). Também dialoga com a Liga Espartaquista, da filósofa polonesa Rosa Luxemburgo, aquela organização marxista de luta social, que atuou na Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial. Apoia-se, assim, ao livro de Fast e ao movimento de Rosa para lançar críticas ferozes ao autoritarismo nos tempos atuais (inclusive o espetáculo do Bolshoi foi censurado, e em muitos países foi proibido de ser levado ao público).


Conta com música escrita pelo compositor armênio Aram Khachaturian, além de roteiro e direção da dupla Vadim Derbenyov e Yuri Grigorovich (dançarino e coreógrafo do Bolshoi por 30 anos).
Confira essa joia rara e conheça um pouco do trabalho do Ballet Bolshoi, uma das companhias de dança mais antigas e influentes do mundo.

Spartacus (Spartakus). URSS, 1977, 89 minutos. Drama/Musical. Colorido. Dirigido por Vadim Derbenyov e Yuri Grigorovich. Distribuição: CPC-Umes Filmes


sexta-feira, 2 de abril de 2021

Nota do Blogueiro


Filmaços em DVD e Bluray

Vejam só os lançamentos em DVD da distribuidora Classicline, que traz clássicos imperdíveis pela primeira vez no Brasil. Para o mês de abril tem a comédia romântica "Indiscreta" (1958, de Stanley Donen), com Cary Grant e Ingrid Bergman; a aventura scifi "A ilha misteriosa" (1961), baseada no famoso romance de Julio Verne; a aventura disaster movie "Krakatoa: O inferno de Java" (1968, com Maximilian Schell e Brian Keith); o western com Clint Eastwood "Joe Kidd" (1972, de John Sturges); e o drama belga vencedor do Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro "Minha vida em cor-de-rosa" (1997).
Para fechar com chave de ouro, a Classicline, em parceria com a Paramount Pictures, lança em bluray o imperdível "Era uma vez no oeste" (1968), um dos mais notórios faroestes de todos os tempos, com um elenco impressionante, que vai de Charles Bronson a Claudia Cardinale. Só tem filme bom para os colecionadores! Procure já os filmes no site da Classicline - https://www.classicline.com.br/
Obrigado, pessoal, pelo envio dos filmes! 🙂