quarta-feira, 27 de março de 2024

Cine Clássico


Manequim

Jonathan (Andrew McCarthy) é um jovem artista que fabrica uma manequim para uma loja. Ele se apaixona pelo boneco, até que um dia a manequim adquire vida. Ela tem o nome de Emmy (Kim Cattrall). Jonathan descobre que a manequim incorporou uma deusa egípcia de milhares de anos atrás, e os dois iniciam um relacionamento marcado por altas aventuras.

Comédia romântica em tom de fantasia que fez enorme e inesperado sucesso de público nos cinemas na época, em 1987, e depois foi muito reprisado na TV aberta. Teve até uma continuação, ‘Manequim: A magia do amor’ (1991), com história semelhante, mas outro elenco e direção.
Esse conto de fadas urbano, moderno e gracioso, conquista o público ainda hoje, e foi levemente inspirado na clássica comédia musical com Ava Gardner ‘A deusa do amor’ (1948), sobre uma estátua que cria vida depois de receber um beijo de um vitrinista de uma loja.
Andrew McCarthy, de ‘A garota de rosa shocking’ (1986), e Kim Cattrall, da série ‘Sex and the city’ (1998-2004), estavam no auge da carreira e fazem um belo par – ele, um rapaz de carne e osso, que adora andar de moto, e ela, a manequim que cria vida e tem um romance inusitado com o garotão, saindo em altas aventuras pelas ruas da Filadélfia.
O elenco de apoio é bacana, com nomes como a veterana Estelle Getty, o novato James Spader e os comediantes G.W. Bailey e Meshach Taylor (que faz piadas bem engraçadas). A música ‘Nothing's gonna stop us now’, de Jefferson Starship, recebeu indicação ao Oscar, Grammy e Globo de Ouro de melhor canção, a primeira nomeação da compositora Diane Warren, hoje campeã de indicações, com 15 ao todo - ela nunca ganhou nenhum, por incrível que pareça. A canção aparece nos créditos finais e retorna no filme dois. Outra música composta exclusivamente para o longa é a de abertura, toda em desenho animado, ‘In my wildest dreams’, de Belinda Carlisle.




Foi o melhor trabalho do falecido diretor Michael Gottlieb, que fez somente mais três filmes, dentre eles ‘O senhor babá’ (1993) - Gottlieb também foi roteirista aqui e dos outros trabalhos da carreira.
Saiu há poucos meses em DVD na coleção ‘Manequim’, juntamente com a continuação, ‘Manequim: A magia do amor’ (1991).

Manequim
(Mannequin). EUA/Reino Unido, 1987, 89 minutos. Comédia romântica. Colorido. Dirigido por Michael Gottlieb. Distribuição: Obras-primas do Cinema



Manequim: A magia do amor

Decorador de vitrines, Jason (William Ragsdale) liberta o espírito de uma mulher (Kristy Swanson) preso em uma manequim da loja onde trabalha. Juntos, viverão uma incrível história de amor e de aventuras.

Devido ao sucesso do filme anterior, ‘Manequim’ (1987), uma continuação era inevitável. O produtor do original, Edward Rugoff, trouxe o premiado produtor executivo John Foreman, de ‘Butch Cassidy’ (1969), para essa parte dois, mais movimentada e maluca, com impossíveis e destemidas peripécias na mesma Filadélfia. A trama segue a premissa do outro longa, um rapaz que se apaixona por uma manequim que adquire vida. Dessa vez, o papel principal é do carismático William Ragsdale, que vinha do terror de sucesso ‘A hora do espanto’ (1985). Ao seu lado, a atriz Kristy Swanson, que começou a carreira mirim, na época desse ‘Manequim’ tinha 22 anos e fez ‘Curtindo a vida adoidado’ (1986), além do papel-título do longa ‘Buffy, a caça-vampiros’ (1992). E o espírito agora é de uma mulher medieval, enquanto no anterior era uma deusa egípcia.
Investiram num vilão de peso, um conde maquiavélico que quer destruir o par romântico, feito pelo ator Terry Kiser, o morto Bernie das cultuadas comédias ‘Um morto muito louco – partes 1 e 2’ (1989 e 1993). O único personagem reaproveitado do filme um é o gay Hollywood, interpretado pelo mesmo Meshach Taylor, que fica com as piadas prontas.




Com novo diretor, Stewart Raffill, de ‘Piratas das galáxias’ (1984), o filme não fez o mesmo sucesso do anterior, mas foi tão reprisado quanto na TV aberta – acho que ainda mais do que o original. A música-tema do anterior, indicada ao Oscar ‘Nothing's gonna stop us now’, de Jefferson Starship, volta em dois momentos.
É daqueles filmes fáceis, uma típica sessão da tarde simpática, para todos os públicos. Saiu em DVD na coleção ‘Manequim’, juntamente com o primeiro filme, ‘Manequim’ (1987) - foto abaixo.


Manequim: A magia do amor (Mannequin: On the move). EUA, 1991, 95 minutos. Comédia romântica. Colorido. Dirigido por Stewart Raffill. Distribuição: Obras-primas do Cinema

sexta-feira, 22 de março de 2024

Especial de Cinema


‘É Tudo Verdade’ tem início dia 3 de abril com 77 filmes na programação

Considerado um dos festivais de documentário mais importantes do Brasil, o ‘É Tudo Verdade’ será realizado em formato presencial em São Paulo e no Rio de Janeiro no mês de abril. Ao todo serão exibidos 77 filmes, entre curtas, médias e longas-metragens, produzidos em 34 países.
O diretor-fundador do ‘É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários’, Amir Labaki, apresentou a programação da 29ª edição do festival durante coletiva de imprensa no Itaú Cultural em São Paulo, no último dia 20. O evento será de 3 a 14 de abril, simultaneamente em São Paulo e no Rio de Janeiro, com entrada franca. A itinerância do festival voltará a Belo Horizonte (MG), em parceria com o Instituto Cultural Vale.
O filme de abertura no RJ será “Um Filme para Beatrice”, de Helena Solberg, no dia 3 de abril, no Estação Net Botafogo, enquanto a abertura em SP será de “O Competidor”, de Clair Titley, em 4 de abril, na Cinemateca Brasileira – ambas as sessões apenas para convidados. A sessão de encerramento será de ‘Luiz Melodia - No Coração do Brasil’, de Alessandra Dorgan.


Neste ano, as sessões em São Paulo ocorrem no Espaço Itaú de Cinema - Augusta, Cinemateca Brasileira, Sesc 24 de Maio, Instituto Moreira Salles e Centro Cultural São Paulo; no Rio, as sessões são no Estação Net Botafogo e em duas salas do Estação Net Rio.
A programação abrange as Mostras Competitivas de Longas/Médias-Metragens Brasileiros e Internacionais e de Curtas-Metragens Brasileiros e Internacionais e as Mostras Não-Competitivas: Programas Especiais, O Estado das Coisas, Foco Latino-Americano, Clássicos ‘É Tudo Verdade’ e Retrospectivas.
A programação inclui também atividades de formação, como a 21ª Conferência Internacional do Documentário, em parceria com a Cinemateca Brasileira, o ciclo de palestras ‘Da Ideia à Tela’, em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura e da Economia Criativa do Estado de São Paulo e do Desenvolve SP, e o seminário ‘A Escrita do Documentário’, no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc/SP.
As Retrospectivas do ‘É Tudo Verdade 2024’ homenageiam o cineasta e fotógrafo brasileiro Thomaz Farkas (1924-2011), no ano do centenário de seu nascimento, e o diretor e ensaísta britânico Mark Cousins, que teve diversos filmes exibidos em edições passadas do festival, visita o Brasil pela primeira vez; Cousins inclusive irá ministrar uma masterclass.
Na mostra ‘Clássicos É Tudo Verdade’, destacam-se duas programações especiais: uma em celebração ao centenário de nascimento do documentarista americano Robert Drew (1924-2014) e outra aos 50 anos da Revolução dos Cravos em Portugal.
Em breve, no site do festival, em http://etudoverdade.com.br/br/home, informações sobre a retirada dos ingressos, que são gratuitos.


Filmes e apresentações especiais

Esse ano o festival traz filmes premiados em festivais como Sundance, Toronto e Miami, todos exibidos pela primeira vez no Brasil. Destacam-se “Celluloid Underground” (2023, exibido nos festivais de Londres e Mumbai), “Copa de 71” (2023, exibido nos festivais de Toronto e Londres), “Diários da Caixa Preta” (2024, exibido nos festivais de Sundance e Miami), “E Assim Começa” (2024, exibido nos festivais de Sundance e CPH DOX), “Mixtape La Pampa” (2023, exibido nos festivais de San Sebástian e Mar del Plata), “O mundo é família” (2023, exibido no festival de Toronto) e “Zinzindurrunkarratz” (2023, exibido nos festivais de Telluride e Viena). Na programação de documentários brasileiros, integram a lista filmes como “Diamantes” (2024), “Fernanda Young - Foge-me ao Controle” (2024), “Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida” (2024) e “Lampião, Governador do Sertão” (2024).

Streaming

De 15 a 30 de abril, parte da programação estará gratuitamente no streaming Itaú Cultural Play. Serão nove títulos da Competição Brasileira de Curtas-Metragens e sessão também do curta “Paraíso, Juaréz” (1971), da Retrospectiva ‘Thomaz Farkas, 100’.

Realização e Parceiros

O ‘É Tudo Verdade’ é uma realização da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e do Ministério da Cultura do Governo Federal, através da Lei de Incentivo à Cultura (Lei N. 8313). Conta com patrocínio master do Instituto Cultural Vale, patrocínio do Itaú e da Desenvolve SP, parceria do Sesc-SP, apoio cultural do Galo da Manhã, SPCINE e Itaú Cultural.

quarta-feira, 20 de março de 2024

Nota do Blogueiro


Cine Debate traz fita independente alemã que reflete os temas 'mulher' e 'trabalho'


O Cine Debate do Imes Catanduva exibe neste sábado, dia 23/03, o drama independente alemão “Top girl – ou A deformação profissional” (2014, 94 minutos), exibida nos Festivais de Berlim e do Rio de Janeiro. É o segundo filme de uma trilogia sobre mulher e trabalho, todos escritos e dirigidos pela alemã Tatjana Turanskyj, iniciado com “Uma mulher flexível” (2010) e encerrado com “Disorientation is not a crime” (2016).
Sessão e debate será no Espaço de Tecnologia e Artes (ETA) do SESC Catanduva, às 14h, gratuito e aberto a todos os públicos – o filme tem classificação indicativa de 18 anos. A mediação do debate será pelo idealizador do Cine Debate, o jornalista, professor do IMES e do SENAC e crítico de cinema Felipe Brida.

Sinopse do filme

Helena é uma mãe solteira que vive com a filha de 11 anos. Ela trabalha como atriz e ocasionalmente como prostituta. Vive um relacionamento tenso com a mãe, uma professora de canto. Ao conhecer David, uma nova oportunidade lhe é oferecida.


Cine Debate

O Cine Debate é um projeto de extensão do curso de Psicologia do IMES Catanduva em parceria o SESC e o SENAC Catanduva. Completou 12 anos em 2024 trazendo filmes cult de maneira gratuita a toda a população. Conheça mais sobre o projeto em https://www.facebook.com/cinedebateimes

sábado, 16 de março de 2024

Resenhas especiais


Jogo sujo

O detetive Lou Torrey (Charles Bronson) é transferido de Nova York a Los Angeles, onde terá de investigar uma complexa rede de crimes cometidos pela máfia siciliana.

Vigoroso filme policial com Charles Bronson, que foi o rosto do cinema de ação dos anos 70, aqui repetindo o papel de um investigador durão, disposto a ir até o fim para resolver os casos que caem em suas mãos. Realizado no auge da Nova Hollywood, durante as grandes transformações nas produções do cinema americano, que propunha um viés mais autoral nas obras, esse thriller violento com boas cenas de ação é um prato cheio para os fãs de cinema policial e do ator Charles Bronson – em mais uma parceria com o diretor inglês Michael Winner; juntos fizeram o faroeste ‘Renegado vingador’ (1972), o notórios filme de ação que ganhou remake ‘Assassino a preço fixo’ (1972) e a retumbante trilogia ‘Deseja de matar’, um clássico absoluto, rodada entre 1974 e 1985.
O vencedor do Oscar Martin Balsam interpreta o vilão, o chefe da máfia siciliana, perseguido pelo detetive que quer desmantelar sua quadrilha.
Baseado no livro de John Gardner, com roteiro de Gerard Wilson, roteirista de outros filmes de Winner, como ‘Mato em nome da lei’ (1971) e um de meus preferidos, ‘Scorpio’ (1973).




Em DVD, disponível no box ‘Cinema Policial – vol. 8’, da Versátil Home Video, caixa que reúne três bons clássicos do gênero, ‘Os 26 do expresso postal’ (1967), ‘O golpe de John Anderson’ (1971) e ‘Duas ovelhas negras’ (1974).

Jogo sujo (The stone killer). EUA, 1973, 95 minutos. Ação/Policial. Colorido. Dirigido por Michael Winner. Distribuição: Versátil Home Video


A luta de Barbara e Alan

Barbara Lisicki (Ruth Madeleye) e Alan Holdsworth (Arthur Hughes) são dois deficientes físicos que lutam pelos direitos dos PCDs na Grã-Bretanha do final dos anos 80.

É incrível como tem filmes bons escondidos no catálogo da Netflix. Esse, por exemplo, assisti quando foi lançado lá em setembro de 2022, e essa semana revi com muita satisfação. Que filme bonito, delicado, com dois ótimos atores (desconhecidos), que esbanjam talento e carisma – os dois são PCDs, a atriz Ruth Madeleye é cadeirante, fez séries no Reino Unido, e Arthur Hughes, também ator de seriados e novelas no Reino Unido, tem deficiência nas mãos, braços e pernas. Eles interpretam os reais ativistas Barbara Lisicki e Alan Holdsworth, que eram artistas de rua e lideraram enormes manifestações na Grã-Bretanha entre 1989 e 1993 em busca de seus direitos e dos direitos de toda a comunidade com deficiência física, motora e intelectual.
O filme é muito curto, tem apenas 67 minutos, parece um episódio de série, e recomendo todos assistirem. Enquanto os atores contracenam para contar essa história de superação e luta, há reportagens da época entrelaçadas no filme, com narração da atriz principal.



Roteiro de Jack Thorne, roteirista colaborador de vários filmes, como ‘Extraordinário’ (2017), ‘Enola Holmes’ (2020) e ‘As nadadoras’ (2022). O filme foi produzido e distribuído pela BBC no Reino Unido; depois, em parceria com a Netflix, a BBC distribuiu o longa no restante do mundo.

A luta de Barbara e Alan (Then Barbara met Alan). Reino Unido, 2022, 67 minutos. Drama. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Bruce Goodison e Amit Sharma. Distribuição: Netflix

sexta-feira, 15 de março de 2024

Resenhas Especiais


Filmes de terror lançados em DVD pela Versátil Home Video - parte 4

Especiais efeitos

Neville (Eric Bogosian) é um diretor de cinema com a carreira em baixa. Ele acaba assassinando uma de suas atrizes e grava o crime. Dias depois, procura uma sósia para refazer a cena, que irá integrar seu futuro longa-metragem.

Fita independente de suspense com terror pouco conhecida do público, que virou cult com o passar do tempo. Bebe na fonte do cinema de Brian De Palma, em especial traz elementos e clima de ‘Um tiro na noite’ (1981) e ‘Dublê de corpo’ (1984 – lançado dois meses antes de ‘Especiais efeitos’). O diretor e roteirista Larry Cohen vinha de uma carreira consolidada no cinema policial com terror, fez o bizarro e nojento ‘Nasce um monstro’ (1974), o estranhíssimo e apocalíptico ‘Foi Deus quem mandou’ (1976), a fantasia com monstros ‘Q – A serpente alada’ (1982) e o terror escatológico inúmeras vezes exibido na TV ‘A coisa’ (1985), e aqui rodou um curioso filme independente metalinguístico, sobre a produção de cinema, um filme dentro de outro, utilizando um assassinato real como pano de fundo. É a história de um diretor decadente que mata a atriz de seus filmes e depois procura uma mulher que se pareça com a vítima para refazer o crime na frente das câmeras. Com o desenrolar dos dias, o sádico cineasta vai perdendo a sanidade. A ideia central do filme de Cohen é discutir os ‘Video nasties’, aqueles com crimes reais que ganhavam força na época, e também tratar dos artifícios do cinema, como a montagem de um filme e as inspirações de um diretor.





Marcou a estreia do ator Eric Bogosian, de ‘Talk radio – Verdades que matam’ (1988), e foi o segundo filme da atriz Zoë Lund (1962-1999), que enfrentou problemas com as drogas e virou musa do cineasta Abel Ferrara, trabalhando com ele como protagonista nos violentos ‘Sedução e vingança’ (1981) e ‘Vício frenético’ (1992). A fotografia faz as cores explodirem na tela, numa mistura de pop art com psicodelismo, feita pelo diretor de fotografia Paul Glickman, parceiro de Larry Cohen em vários filmes.
Filme em ótima cópia, disponível em DVD no box ‘Obras-primas do terror: Anos 80 - Vol. 3’, da Versátil Home Video, numa caixa contendo os longas ‘O mensageiro de satanás’ (1981), ‘O enigma do mal’ (1982), ‘Tudo por uma verdade’ (1984), ‘Morte no inverno’ (1987) e ‘Sem face’ (1988).

Especiais efeitos (Special effects). EUA, 1984, 106 minutos. Suspense/Terror. Colorido. Dirigido por Larry Cohen. Distribuição: Versátil Home Video


Morte no inverno

Uma atriz em busca de trabalho (Mary Steenburgen) recebe a proposta de fazer um filme. Ela irá substituir a atriz principal de uma produção, que teve uma crise nervosa e abandonou as gravações. No entanto, terá de ficar isolada no casarão de um veterano diretor de cinema (Jan Rubes). Levada até lá pelo motorista do cineasta (Roddy McDowall), a atriz desconfia que caiu numa armadilha mortal.

Um dos suspenses mais instigantes dos anos 80, um thriller angustiante com pitadas de horror em que Mary Steenburgen, vencedora do Oscar, interpreta três personagens – ao longo do filme descobre-se o motivo. O veterano diretor Arthur Penn, três vezes indicado ao Oscar, de ‘Bonnie e Clyde – Uma rajada de balas’ (1967), ‘Pequeno grande homem’ (1970) e ‘Um lance no escuro’ (1975), caprichou na trama complexa, que vai se tornando uma fita diabólica, envolvendo assassinato, ocultação de cadáver, herança etc.
Mary está bem, carismática e fotogênica como de praxe, Roddy McDowall e Jan Rubes são dois bons vilões de peso dispostos a tudo nesse filme com viés de terror psicológico levado às últimas consequências. Imprevisível, o filme se passa integralmente num casarão isolado na neve, e parece uma peça de teatro, com poucos atores em cena e o mínimo de cenários. O diretor de fotografia inventa enquadramentos inusitados, por cima, por baixo, de lado, e até nisso o filme é criativo. Levemente inspirado em um romance de Anthony Gilbert, conta com uma fotografia sofisticada de interiores de Jan Weincke, de ‘Zappa’ (1983).






Não confundir com a fita policial de espionagem com humor de mesmo título em português, com Jeff Bridges e John Huston, de 1979.
Saiu em DVD no box ‘Obras-primas do terror: Anos 80 - Vol. 3’ - foto acima, pela Versátil Home Video, juntamente com os longas ‘O mensageiro de satanás’ (1981), ‘O enigma do mal’ (1982), ‘Especiais efeitos’ (1984), ‘Tudo por uma verdade’ (1984) e ‘Sem face’ (1988).

Morte no inverno (Dead winter). EUA, 1987, 101 minutos. Suspense/Terror. Colorido. Dirigido por Arthur Penn. Distribuição: Versátil Home Video

segunda-feira, 11 de março de 2024

Especial de cinema


Noite de Oscar: ‘Oppenheimer’ ganha sete prêmios, e cerimônia tem discursos contra a guerra em Gaza e na Ucrânia

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood realizou na noite de ontem a entrega do Oscar 2024, numa cerimônia marcada por discursos políticos. ‘Oppenheimer’ ganhou sete Oscars, os principais da noite, como melhor filme, diretor e ator, para Cillian Murphy. ‘Pobres criaturas’ ficou em segundo lugar, recebendo quatro prêmios, dentre eles uma das boas surpresas da noite, a de melhor atriz para Emma Stone. Surpresas também foram os prêmios de melhor filme estrangeiro, para o instigante drama ‘Zona de interesse’, melhor animação, para o japonês ‘O menino e a garça’, e roteiro adaptado para ‘Ficção americana’.
Durante a premiação houve discursos contra a guerra da Ucrânia - quando o diretor ucraniano Mstyslav Chernov subiu ao palco para receber o Oscar de melhor documentário, pelo contundente ’20 dias em Mariupol’, além de equipes de outros filmes criticarem a guerra na Faixa de Gaza. Quase no final da cerimônia, o apresentador Jimmy Kimmel zombou de Donald Trump, pedindo a prisão dele, após o ex-presidente ridicularizar Kimmel nas redes sociais durante o evento.
Num dos blocos do evento, o ator John Cena chegou nu ao palco, tapando as partes íntimas com o envelope de melhor figurino, o que causou furor e muito riso na plateia; na hora de anunciar o ganhador, Cena vestiu rapidamente uma túnica.
A 96ª edição do Oscar ocorreu em Los Angeles e foi transmitido no Brasil pela TNT e MAX. Confira abaixo a lista completa dos vencedores.

 


Melhor Filme

 

Oppenheimer

 

 

Melhor Ator

 

Cillian Murphy, por “Oppenheimer”

 

 

Melhor Atriz

 

Emma Stone, por “Pobres Criaturas”

 

 

Melhor Direção

 

Christopher Nolan, por “Oppenheimer”

 

 

Melhor Ator Coadjuvante

 

Robert Downey Jr., por “Oppenheimer”

 

 

Melhor Atriz Coadjuvante

 

Da’Vine Joy Randolph, por “Os Rejeitados”

 

 



Melhor Filme Internacional

 

Zona de Interesse (Reino Unido)

 

 

Melhor Roteiro Original

 

Anatomia de uma Queda

 

 

Melhor Roteiro Adaptado

 

Ficção Americana

 

 

Melhor Fotografia

 

Oppenheimer

 

 

Melhor Montagem

 

Oppenheimer

 

 

Melhor Animação em Longa-Metragem

 

O Menino e a Garça

 

 



Melhor Documentário de Longa-Metragem

 

20 Dias em Mariupol

 

 

Melhor Som

 

Zona de Interesse

 

 

Melhores Efeitos Visuais

 

Godzilla Minus One

 

 

Melhor Design de Produção

 

Pobres Criaturas

 

 

Melhor Cabelo e Maquiagem

 

Pobres Criaturas

 

 

Melhor Figurino

 

Pobres Criaturas

 

 

Melhor Trilha Sonora Original

 

Oppenheimer

 

 

Melhor Canção Original

 

“What Was I Made For”, de “Barbie”

 

 

Melhor Documentário de Curta-Metragem

 

The Last Repair Shop

 

 

Melhor Curta-Metragem em Live-Action

 

A Incrível História de Henry Sugar

 

 

Melhor Animação em Curta-Metragem

 

War is Over! Inspired by the music of John & Yoko

 

 

sexta-feira, 8 de março de 2024

Resenhas Especiais


Filmes de terror lançados em DVD pela Versátil Home Video - parte 3

O mensageiro de satanás

Vítima constante de bullying na corporação militar, o cadete Coopersmith (Clint Howard) está prestes a surtar. Um dia, encontra no porão da academia de polícia um livro em latim. Com a ajuda de um computador, traduz os escritos, o que o faz invocar o diabo. Tomado pelo mal e com sede de vingança, ele irá eliminar seus colegas um a um.

Do começo ao fim, ‘O mensageiro de satanás’ é um filme assustador, com cenas macabras de assassinato, ambientado nos porões escuros de uma academia militar que mais parece uma igreja medieval decadente. A fotografia enegrecida dá o tom funesto desse terror oitentista original e de classificação indicativa 18 anos – no Reino Unido, por exemplo, foi banido, taxado de ‘Video nasty’.
Clint Howard, de ‘Um sonho distante’ (1992), é um rosto coadjuvante conhecido, começou a carreira como ator mirim, aos cinco anos de idade, participou de mais de 200 longas e aqui é o protagonista, um cadete da academia militar que invoca o diabo por meio de um computador para acabar com seus colegas que fazem bullying com ele – os estudantes da academia militar batem nele, jogam-no ao chão, fazem piadas por ser gordinho e ter bochechas grandes. Quando invoca o diabo pelo computador, a máquina pede ‘sangue humano’, o que levará o jovem a matar todos para saciar a sede monstruosa do equipamento eletrônico. Lançado em 1981, já se discutia o perigo do uso indevido do computador – na época as máquinas eram de propriedade dos militares e dos governos, para estratégias de guerra, e só anos depois viriam a ser de uso doméstico.
Prepare-se para um filme forte, de violência brutal, com direito a uma chacina no final com várias cabeças sendo decapitadas.
Co-estrelam o veterano R.G. Armstrong, de ‘O predador’ (1987), Joe Cortese, de ‘A outra história americana’ (1998), Don Stark, de ‘Peggy Sue, seu passado a espera’ (1986), e Claude Earl Jones, de ‘Miracle Mile’ (1988). Estreia na direção de Eric Weston, que escreveu o roteiro, e depois dirigiria ‘Marvin e Tige - Todo mundo precisa de alguém’ (1983) e ‘Triângulo de ferro’ (1989).




Filme em ótima cópia, disponível em DVD no box ‘Obras-primas do terror: Anos 80 - Vol. 3’, da Versátil Home Video, caixa contendo os filmes ‘O enigma do mal’ (1982), ‘Especiais efeitos’ (1984), ‘Tudo por uma verdade’ (1984), ‘Morte no inverno’ (1987) e ‘Sem face’ (1988). Aqui nos é apresentada a versão com cortes, de 92 minutos, em vez da original de cinema com cinco minutos a mais.

O mensageiro de satanás (Evilspeak). EUA, 1981, 92 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Eric Weston. Distribuição: Versátil Home Video


Sem face

Detetive particular investiga o desaparecimento de uma modelo. Tudo leva a uma clínica de cirurgia plástica, mantida pelo Dr. Flamand (Helmut Berger), local que esconde segredos sinistros.

Releitura do clássico filme de terror “Os olhos sem rosto” (1960), com muita violência, crimes brutais, sangue e erotismo, dirigido pelo mestre do cinema exploitation Jesús Franco, que também assinava como Jess Franco – nascido na Espanha, escreveu, dirigiu e produziu mais de 130 filmes na Espanha, Itália e França, como ‘O terrível Dr. Orloff’ (1962 – e várias continuações de ‘Dr. Orloff’), ‘O diabólico Dr. Z’ (1967), ‘Ela matou em êxtase’ (1971) e ‘Lua sangrenta’ (1981).
‘Sem face’ é um eurotrash com uma história tensa e cheia de mistério, sobre um cirurgião plástico cujos procedimentos estéticos não são nem um pouco ortodoxos. Mulheres começam a desaparecer em Paris ao passarem pela clínica dele, e a polícia inicia uma exaustiva investigação, partindo da clínica do médico até boates e outros points da noite parisiense.
Helmut Berger, Telly Savallas, Christopher Mitchum (filho do veterano Robert Mitchum), Stéphane Audran, Caroline Munro e Brigitte Lahaie são alguns nomes conhecidos que aparecem no filme. Cuidado com a classificação indicativa, devido às cenas fortes – duas delas causam impacto, como a da injeção no olho e uma decapitação horrenda.




Filme em ótima cópia, disponível em DVD no box ‘Obras-primas do terror: Anos 80 - Vol. 3’, da Versátil Home Video, caixa contendo os longas-metragens ‘O mensageiro de satanás’ (1981), ‘O enigma do mal’ (1982), ‘Tudo por uma verdade’ (1984), ‘Especiais efeitos’ (1984) e ‘Morte no inverno’ (1987).


Sem face (Les predateurs de la nuit/ Faceless). França, 1988, 98 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Jesús Franco. Distribuição: Versatil Home Video

quarta-feira, 6 de março de 2024

Cine Clássico


Os abutres têm fome

O pistoleiro Hogan (Clint Eastwood) salva uma freira, Sara (Shirley MacLaine), de um ataque de três homens no deserto do México. De personalidades opostas, precisam deixar as diferenças de lado para cruzar o deserto e assim sobreviver. Hogan tem uma missão de vida ou morte e é obrigado a levar a freira junto: encontrar um quartel francês para desmantelá-lo, acabar com os soldados que oprimem cruelmente o povo mexicano e roubar deles ouro para distribuí-lo aos moradores locais.

Faroeste classe A empolgante e inusitado, com assinatura da Malpaso, produtora de Clint Eastwood, que realizou praticamente todos os filmes do ator/diretor entre os anos de 1960 e 2010. Eastwood repete o papel do pistoleiro solitário e caladão, mortífero no gatilho, com um figurino semelhante ao da ‘Trilogia do Dólar’. Com olhar sagaz e desconfiado, ele atira sem piedade, joga dinamites e está disposto a eliminar um quartel inteiro para apreender cargas de ouro roubada do povo mexicano. Mas ao seu lado estará uma figura ilustre, uma freira que ele salvou do estupro no deserto – papel brilhante de Shirley MacLaine, de ‘Se meu apartamento falasse’ (1960), no auge da carreira. Uma dupla improvável, que não se dá bem, e que ao longo da história será balançada por surpresas.
O contexto do filme é o México do reinado do imperador Maximiliano, entre os anos de 1864 e 1867, quando forças francesas invadiram e ocuparam áreas do México. A história se passa ali, no meio do calor do deserto e das armadilhas selvagens dos foras-da-lei. A fotografia ensolarada de Gabriel Figueroa e a direção de arte condizem com essa ambientação – o filme foi rodado nos desertos do México, nas regiões de Sonora e Chihuahua, uma produção difícil, num calor insuportável, contam os produtores. A trilha, não poderia ser diferente, é memorável, de Ennio Morricone, o pai das trilhas dos western spaghetti. Roteiro de Budd Boetticher, que dirigiu muitos faroestes com Randolph Scott, como ‘Entardecer sangrento’ (1957).





Shirley MacLaine não se deu com o diretor, Don Siegel, que aqui fortaleceria uma duradoura parceria com Clint Eastwood; ela está num papel de alívio cômico, que originalmente seria de Elizabeth Taylor. MacLaine traz o humor necessário para uma história de violência e opressão - na época o faroeste causou burburinho pelas cenas violentas, de tiros com sangue, algo que não acontecia nas produções americanas. O desfecho, o ataque ao forte francês, é uma sequência estrondosa, de 10 minutos de tiros e explosões.
É um dos filmes da minha vida, já o assisti umas dez vezes e nunca me canso. Saiu em DVD e em bluray pela Classicline, em edições diferentes – o filme em DVD tem a metragem de cinema, 114 minutos, enquanto o bluray, com ótima imagem, traz o corte para a TV americana, com 10 min a menos. Em 2002 o filme já havia saído em DVD pela primeira vez no Brasil pela Universal Pictures.

Os abutres têm fome (Two mules for Sister Sara). EUA/México, 1970, 114 min. (em DVD) e 104 min. (em BD). Faroeste/Aventura. Colorido. Direção: Don Siegel. Distribuição: Classicline