sábado, 29 de fevereiro de 2020

Cine Lançamento



Zumbilândia: Atire duas vezes

Trancados na Casa Branca em pleno apocalipse zumbi, Tallahassee (Woody Harrelson), Columbus (Jesse Eisenberg), Wichita (Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin) enfrentam uma longa jornada para sobreviver a uma nova raça de mortos-vivos, mais velozes e vorazes.

O quarteto original de “Zumbilândia” (2009) retorna com todo gás 10 anos depois nessa continuação super da hora, com mais sangue e mais momentos de ação. Não encontrou o devido público nos cinemas, tendo bilheteria de U$ 120 milhões, pouca coisa a mais que o anterior, mas como custou mais caro, ficou no prejuízo. Agora, em DVD e Bluray, recém-lançado pela Sony Pictures, o momento é ideal para conferir as loucas escapadas de Woody Harrelson, Emma Stone, Abigail Breslin e Jesse Eisenberg num mundo tomado por mortos-vivos.
No filme anterior o grupo quase sucumbiu aos desejos dos zumbis depois de ter matado metade deles... agora isolam-se na Casa Branca, onde irão se instalar nos aposentos oficiais do chefe de Estado, e farão muitas piadas com os ex-presidentes americanos. Na trama, um dos personagens centrais vai embora, então o restante segue no rastro para salvá-lo, já que não levou consigo nenhum apetrecho especial contra os mortos. Novas figuras entram em cena, como uma patricinha perdida (Zoey Deutch), um forasteiro metido a bonzão (Luke Wilson) e uma mulher esperta e toda armada (Rosario Dawson). Tem momentos engraçados, piadas banhadas a sangue com Homer Simpson, movimento hippie e até com o rei do rock, Elvis Presley.


Eu curto roteiros que subvertem o gênero, então para mim esse terrir é ideal, com um bom elenco, roteiro cheio de menções a filmes de zumbi, e a pitadinha extra, o gore (sanguinolento).
É tão bom quanto o primeiro “Zumbilandia”, graças ao retorno do diretor Ruben Fleischer, dos roteiristas (de “Deadpool”), dos produtores e dos astros originais.

Zumbilândia: Atire duas vezes (Zombieland: Double tap). EUA, 2019, 99 minutos. Comédia/Terror. Colorido. Dirigido por Ruben Fleischer. Distribuição: Sony Pictures


E se você assistiu à parte 2, não deixe de conferir “Zumbilândia” (2009)


Zumbilândia

Quatro sobreviventes de um apocalipse zumbi se unem para combater centenas de mortos-vivos famintos por carne humana.

Na linha do terrir (terror com comédia) com zumbis tivemos muitas produções de 30 anos para cá, e meus preferidos são “A volta dos mortos-vivos” (1985), “Fome animal” (1992), “Todo mundo quase morto” (2004), “Planeta terror” (2007), logicamente “Zumbilândia” (2009) e o recente “Os mortos não morrem” (2019). Todos foram realizados por diretores do cinema cult que brincavam com esse cinema descompromissado subvertendo assim o gênero.
“Zumbilândia” (2009) ganhou o público desse nicho de cinema e recebeu indicações a uma porrada de prêmios nos mais conhecidos festivais de cinema de terror. É uma comédia sanguinária maluca, com mortos-vivos famintos, muita perseguição, diálogos engraçados, referências aos montes e uma montagem divertida, veloz, com textos coloridos aparecendo na tela para explicar as estratégicas dos personagens para escapar com vida do ataque zumbi. A história se passa num futuro incerto (nem tão futuro assim), num mundo tomado por mortos-vivos, e um grupo de quatro amigos fugindo daquele perigoso mal – aliás, o elenco é afinado, todos com atores indicados ao Oscar: Woody Harrelson, Emma Stone, Jesse Eisenberg e Abigail Breslin.


Não exige muito do público... apenas se entregue e se divirta com cabeças rolando, mortes inusitadas e jatos de sangue por todo lado. Um dos momentos mais lembrados é de uma zoação com Bill Murray interpretando ele mesmo, porém zumbificado, ao som de “Ghostbusters”. O gran finale é num parque de diversões, dando margem para o capítulo dois, lançado nos cinemas em 2019 e que acabou de sair em DVD e Bluray pela mesma distribuidora desse aqui, a Sony Pictures. Vá adiante e aprecie caso goste do tipo de humor.

Zumbilândia (Zombieland). EUA, 2009, 88 minutos. Comédia/Terror. Colorido. Dirigido por Ruben Fleischer. Distribuição: Sony Pictures

Cine Lançamento


Projeto Gemini


Henry (Will Smith) é um matador profissional que acaba de se aposentar. Sem saber, envolve-se em uma conspiração e é perseguido por um grupo de assassinos de elite. Um dos membros do clã é um clone seu ainda mais mortal, Junior (Will Smith).

O cineasta Ang Lee realizou em “Projeto Gemini” seu primeiro filme de ação policial e o menos notório da carreira. Para quem teve dias de glória com a trilogia “A arte de viver” (1991), “Banquete de casamento” (1992) e “Comer beber viver” (1994), e “O tigre e o dragão” (2000), rodados em sua terra natal, Taiwan, ganhando aplausos e notoriedade nos Estados Unidos com as obras-primas “O segredo de Brokeback Mountain” (2005) e “As aventuras de Pi” (2012), este aqui é um pequeno passatempo cujo destaque está no uso de uma tecnologia primorosa. Tinha a pretensão de ser um grande projeto cinematográfico com o astro Will Smith, que faz papel duplo (o herói, um matador aposentado, e seu clone, um vilão, bem mais jovem), porém amargou nas bilheterias... Uma das falhas foi ter caído num roteiro bem manjado e previsível, sem maiores expectativas, em cima de uma história só – a de um cara fugindo de assassinos numa trama de conspiração, que levemente toca no tema da ética no mundo da genética, com elementos de “Missão: Impossível”. Como comentei, o atrativo se dá pela técnica pioneira de ultra-realidade; o diretor gravou tudo em 3D+, em uma velocidade cinco vezes a normal de cinema, na de 120 frames por segundo, com resolução 4K em câmeras 3D de última geração – a tecnologia é tão avançada que quase nenhum cinema do mundo conseguiu reproduzir o longa como foi pensado por Lee, o que fez com que a projeção sofresse adaptação para entrar no circuito. Em entrevista, Ang Lee sentiu-se frustrado por não permitir ao público a sensação que ele gostaria de provocar. Mesmo com as mudanças para as salas de cinema, dá para notarmos os efeitos diferenciados de explosão, nas perseguições em alta velocidade (a melhor delas é uma de moto nas ruas da Colômbia) e até mesmo a transformação no rosto do clone, para rejuvenescer Will Smith 30 anos. O 3D+ será o futuro do cinema, podem apostar!


Junta-se ao elenco desse filmão-pipoca três bons coadjuvantes, Clive Owen como o vilão, e a dupla Mary Elizabeth Winstead e Benedict Wong, que serão os aliados de Smith na trama. Se gosta do gênero e não chia da previsibilidade dos roteiros, entre de cabeça nesse blockbuster movimentado, que acaba de sair em DVD e Bluray pela Sony Pictures.

Projeto Gemini (Gemini man). EUA/China, 2019, 116 minutos. Ação. Colorido. Dirigido por Ang Lee. Distribuição: Sony Pictures

Viva Nostalgia!



Solaris

O psicólogo Kris Kelvin (Donatas Banionis) é enviado a uma estação espacial na órbita de Solaris, um planeta distante, desconhecido dos humanos. Ele tem como missão investigar as causas que levaram a tripulação de uma nave à insanidade. Ao chegar encontra antigos cientistas em estado de transe, além de sua esposa, que se suicidou anos atrás, e passa a ter um contato diário com o oceano de Solaris, que tem vida própria e é de promover estranhos fenômenos.

O cineasta Andrei Tarkovski dirigiu a segunda versão para o cinema (e a melhor de todas) de um romance hipnótico de ficção científica do polonês Stanslaw Lem (o livro está disponível no Brasil pela editora Aleph, li recentemente e recomendo a leitura). A essência da história, assim como a enorme complexidade de seus detalhes, permanece no filme, que é tão enigmático e estranho quanto o original. Tarkovski soube trazer a dimensão dos personagens narrados nas páginas de Lem para escrever o roteiro ao lado de Fridrikh Gorenshteyn, em particular na composição de Kris Kelvin, o psicólogo da missão crucial de resgate, enviado ao planeta Solaris, lugar temido e desconhecido, que possui um oceano dotado de inteligência, que pode entrar no íntimo das pessoas e materializar suas memórias tornando-as reais. Além da história curiosa, esse cult movie soviético, que é para alguns indecifrável, prima por elementos técnicos invejáveis, como a direção de arte meio futurista meio atual (com elementos de “2001 – Uma odisseia no espaço”, realizado quatro anos antes), truques de montagem, uma trilha sonora marcante, do compositor Eduard Artemev, que compôs para mais de 160 filmes, dentre eles “O espelho” (1975) e “Stalker” (1979), do próprio Tarkovski, e a fotografia com luzes e cores alternantes, de Vadim Yusov, que havia trabalhado com o diretor em “A infância de Ivan” (1962) e “Andrei Rublev” (1966). Sem contar a narrativa lenta e íntima, típicas do diretor, com longas passagens sem diálogos, só com imagens.


Ganhou o Fipresci (Prêmio da Crítica) e o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes, em 1972, onde concorreu à Palma de Ouro. Disponível em DVD pela CPC-Umes Filmes, em disco duplo (com filme e extras, dentre eles entrevistas especiais, making of e cenas excluídas); saiu também em Bluray pela CPC-Umes em parceria com a Versátil, numa edição de colecionador, hoje esgotada. A cópia do DVD está excelente, saindo da matriz restaurada em 2015 pela Mosfilm, com a metragem original de cinema (de 167 minutos) – opte por esta, pois há em circulação uma edição não autorizada do diretor, de 115 min. Depois de ver “Solaris” de Tarkovski, procure, para comparar, as duas outras versões para cinema do livro de Lem, ambas de mesmo título - tem o telefilme de 1968, feito na URSS, e o longa de 2002 de Steven Soderbergh, com George Clooney, indicado ao Urso de Ouro em Berlim.

Solaris (Solyaris). URSS, 1972, 166 minutos. Drama/Ficção científica. Colorido. Dirigido por Andrei Tarkovski. Distribuição: CPC-Umes Filmes (DVD) e Versátil/CPC-Umes Filmes (Blu-ray)


Quatro destinos

Durante a Guerra Civil Americana, quatro jovens irmãs vivem sob os cuidados da mãe após o patriarca sair de casa para servir o exército. Elas compartilham alegrias e tristezas, unidas por um forte laço para lidar com as dificuldades do cotidiano. Apaixonam-se, enfrentam problemas financeiros, até que uma terrível doença acometerá uma das irmãs.

Com a repercussão do novo “Adoráveis mulheres” (2019), recém-lançado nos cinemas brasileiros e candidato ao Oscar com seis indicações, a Classicline relançou o DVD de “Quatro destinos” (1949), a quarta versão e a melhor de todas para mim, que teve uma bilheteria extraordinária no ano de seu lançamento. Pra falar a verdade são muitas as versões do livro “Little women”, de Louisa May Alcott, que a gente chega a se perder... lembro de uma versão muda, “Little women”, de 1918, depois “Quatro irmãs” (1933, com Katharine Hepburn e Joan Bennett, que venceu o Oscar de roteiro), essa aqui de 1949, “Adoráveis mulheres” (1994, com Susan Sarandon, Winona Ryder, Kirsten Dunst, que pegou no Brasil e concorreu a três Oscars), uma versão atualizada da história chamada “Jovens mulheres” (2018), e a de 2019, com um grande elenco (com Saoirse Ronan, Florence Pugh e Meryl Streep, que achei apenas OK, nada além da conta). Todas vieram do romance traduzido como “Mulherzinhas”, que carrega traços autobiográficos de Louisa May Alcott, uma escritora norte-americana da metade do século XIX, bastante popular – ela escreveu uma espécie de continuação, também filmada diversas vezes, “Little Men” (ou “Homenzinhos”).
Basicamente é o dia a dia de quatro irmãs, interpretadas por June Allyson, Margaret O'Brien, Elizabeth Taylor e Janet Leigh, cada qual com um propósito de vida (uma quer ser escritora, outra pretende se casar etc). Todas vivem dias felizes com a mãe após o pai ir para a guerra (Estados Unidos enfrentava a Guerra Civil). Um dia, uma das garotas adoece, e o rumo daquela família muda drasticamente.


Tirando os moralismos da época, é um filme romântico bem encantador, ingênuo, com toque feminino, e como comentei, tem um fundo autobiográfico - Louisa May Alcott gostava de escrever desde novinha, passou por uma educação rígida, morou com a família numa casa rural e enfrentou um longo período de doença, situações essas que são pulverizadas entre os personagens do livro e do filme.
À frente do filme um time fantástico de atrizes em início de carreira (vide acima quem interpreta as irmãs), e participação dos atores Peter Lawford e Rossano Brazzi, além da veterana Mary Astor. Direção do lendário Mervyn LeRoy, que trabalhou no cinema mudo até o fim da Era de Ouro de Hollywood, fez por exemplo clássicos como “A ponte de Waterloo” (1940), “Quo vadis” (1951) e “Gypsy – Em busca de um sonho” (1962).
Produção original da MGM, traz um lindo Technicolor (técnica que consistia em colorir os filmes, que nasceu em 1915, teve seu auge nos anos 40 e 50, e terminou no fim dos anos 70) – por isso “Quatro destinos” ganhou o Oscar de direção de arte e foi indicado a melhor fotografia.
O livro que inspirou o longa, “Mulherzinhas”, acaba de ser relançado no Brasil pela Martin Claret. Vale conhecer!

Quatro destinos (Little women). EUA, 1949, 121 minutos. Drama/Romance. Colorido. Dirigido por Mervyn LeRoy. Distribuição: Classicline

* Resenhas publicadas na coluna Middia Cinema, na revista Middia Magazine, edição de fevereiro/março de 2020

sábado, 22 de fevereiro de 2020

Dos livros para as telas


"O menino se agachou doante da ondulação e, com as duas mãos, começou a retirar a neve. Viu uma forma se moldar sob a neve que ele afastava, e, de repente, sob suas mãos, apareceu um rosto pálido na cavidade que ele fizera. Não era desse a voz que gritava. Ele tinha os olhos fechados e a boca aberta, porém cheia de neve; estava imóvel, não se mexia sob as mãos do menino. Já sentindo muito frio, tremeu ao tocar aquele rosto gelado. Era a cabeça de uma mulher. Os cabelos esparsos estavam cheios de neve. A mulher estava morta".

Trecho do romance "O homem que ri" (1869), do francês Victor Hugo, lançado no Brasil pela editora Martin Claret (tradução e notas de Regina Célia de Oliveira, 2019, 516 páginas). No livro conhecemos a trágica história de Gwinplaine, um jovem abusado e mutilado por um grupo de traficantes de menores, quando pequeno, e teve a boca cortada nas laterais - o que dava o aspecto de que ele sorria sempre. Marginalizado, entregue à própria sorte, cresce sem família nem amigos, até ir trabalhar num circo de horrores.
Com forte crítica social, Victor Hugo escreve uma inigualável obra-prima, um marco de sua literatura ao lado de "Os miseráveis" e "O corcunda de Notre Dame". Originou várias versões para cinema, dentre elas o filme homônimo de Paul Leni, de 1928, um clássico expressionista.
Já disponível nas melhores livrarias. Obrigado, Martin Claret, pelo envio do exemplar.



Resenha Especial



A última aventura de Robin Hood

Os últimos anos de vida do lendário ator americano Errol Flynn (Kevin Kline), o eterno Robin Hood do cinema.

Errol Flynn (1909-1959) integrou a galeria dos maiores astros da Era de Ouro de Hollywood, um nome imortalizado em clássicos de aventura intocáveis, como “Capitão Blood” (1935) e “As aventuras de Robin Hood” (1938). Era um homem alto, charmoso e galanteador, e como muitos astros da época, mulherengo. Mesmo casado, tinha uma fila de amantes, e teve relacionamento com menores de idade. É o caso retratado nesse drama pouco comentado em seu lançamento (2013), cuja polêmica história saiu das páginas do livro “The big love”, de 1961. Nos últimos dois anos de vida, o ator envolveu-se com uma menina de 15 anos, 33 anos mais jovem que ele, chamada Beverly Aadland (papel de Dakota Fanning), sua secretária e depois levou-a para fazer filmes, sem sucesso algum. A mãe da jovem, Florence Aadland (que no filme é interpretada por Susan Sarandon), viveu na corda bamba diante daquele romance, e foi ela quem escreveu o tal livro, dois anos após a morte de Flynn – muitas das passagens são questionadas, segundo a família do ator há muita deturpação e situações inverídicas ali.
Em todo caso como cinema o filme funciona bem, ainda mais quando toca no assunto-chave, as acusações de estupro do ator, com uma menor de idade (na década de 50 não se falava em pedofilia). Sabendo disso a mídia americana detonou o astro, o caso teve repercussão mundial, e fez afundar a carreira de Flynn, que adoecia a cada dia, entregou-se à bebida até morrer de infarto aos 50 anos.


Tem um sabor melancólico, com ares trágicos soltos no ar, que jogo luzes e sombras na vida de um grande ator do cinema de Hollywood e ainda retrata, como pano de fundo, o fim da Era de Ouro do cinema norte-americano.
Kevin Kline ficou a cara de Flynn, e Dakota Fanning, muito parecida com a verdadeira Beverly (a atriz Beverly Aadland nunca alcançou sucesso, dos quatro filmes que fez apenas em um recebeu crédito com o nome nos letreiros, foi casada três vezes e morreu esquecida em 2010, aos 67 anos).
Exibido no TIFF (Toronto International Film Festival), foi escrito e dirigido pela dupla Richard Glatzer e Wash Westmoreland, que eram casados – dirigiram juntos quatro longas, “The fluffer” (2001), “Meus quinze anos” (2006), este aqui e o mais importante da carreira, “Para sempre Alice” (2015 – que deu o Oscar de atriz para Julianne Moore, e no referido ano Glatzer faleceu vítima de esclerose lateral amiotrófica); depois da morte do companheiro, Westmoreland dirigiu a biografia “Colette” (2018) e em 2019 o suspense para o Netflix “Pássaro do Oriente”.
Quase ninguém ouviu falar da produção (uma pena), que saiu diretamente em DVD no Brasil pela Universal. Indico especialmente para quem curte relatos sobre os bastidores de Hollywood.

A última aventura de Robin Hood (The last of Robin Hood). EUA, 2013, 90 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Richard Glatzer e Wash Westmoreland. Distribuição: Universal


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Resenha Especial



Quem matou Rosemary?

* Texto reeditado 

É noite de formatura na escola feminina de Avalon Bay. A festa retorna com tudo depois de ter sido suspensa por 35 anos, quando uma garota e seu namorado foram brutalmente assassinados. Só que o sádico psicopata nunca foi preso e voltará a atacar os jovens em uma noite de medo e terror.

Slasher notório do início dos anos 80 e um dos mais violentos já produzidos, do diretor de “Sexta-feira 13 – Parte 4: O capítulo final” (1984), Joseph Zito. Abre em preto-e-branco com o noticiário do final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e pula para um baile de formatura em Avalon Bay, no mesmo ano. A personagem-título da história, Rosemary, é morta ao lado do namorado, por alguém vestindo trajes do Exército. Por causa do fato o baile ficou proibido na cidade, até que resolvem reativá-lo, 35 anos depois. O assassino nunca foi preso, e ele volta a atacar com mais fúria.

Preparem-se para mortes horrorosas e cenas violentas, no melhor estilo gore que o cinema americano produziu – a maquiagem é de Tom Savini, mestre no assunto.
O filme saiu exatamente no ano de maior (e melhor) produção de slasher movies, 1981, junto de “Sexta-feira parte 2”, “Chamas da morte”, “Feliz aniversário para mim”, “Noite infernal” e o the best one, “Dia dos Namorados macabro”. E como todo exemplar que se preze, as revelações surgem apenas no finalzinho, incluindo a identidade do assassino. Até lá pistas dão indícios de possíveis pessoas ligadas às mortes...
Traz participação dos veteranos Farley Granger e Lawrence Tierney, enquanto os outros atores, bem jovenzinhos, iniciavam a carreira. Uns engrenaram, outros não.
Até meses atrás a única cópia disponível de “Quem matou Rosemary?” no Brasil era da própria Universal Pictures, com metragem menor que a exibida nos cinemas da época (em DVD são 84 minutos, editada devido à violência). Agora a Versátil acaba de distribuir o filme na versão original de cinema, sem cortes e restaurada, igual a lançada nos Estados Unidos (de 89 minutos), mas no box “Slashers vol. VI”; é uma caixa em edição limitada com cards e extras, onde acompanham também os filmes “Sombra no escuro” (1979), “Prefácio da morte” (1989) e “Popcorn – O pesadelo está de volta” (1991).
Sou fã do cinema slasher desde pequeno, então recomendo este bom terror que faz sangue escorrer pela tela da TV!

Quem matou Rosemary? (The prowler/ Rosemary’s killer). EUA, 1981, 89 min. Terror. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Joseph Zito. Distribuição: Versátil Home Video/ Universal Pictures

Cine Lançamento



Angry Birds 2: O filme

Os famosos pássaros coloridos e destruidores se preparam para enfrentar um perigo iminente na ilha onde vivem.

A continuação do sucesso “Angry Birds”, baseado no jogo de celular da Rovio, chega com tudo em DVD esse mês numa cópia bem bacana recheada de extras. Indicado para toda a família, em especial às crianças, conta com um time afiado de comediantes da geração atual, que empresta suas vozes com elegância, a destacar Jason Sudeikis, Danny McBride, Maya Rudolph, Bill Hader, Josh Gad, Peter Dinklage, além da participação de Awkwafina, Eugenio Derbez e Leslie Jones (no Brasil dublaram os personagens Marcelo Adnet, Fábio Porchat e Dani Calabresa). É uma aventura prato cheio para quem quer um entretenimento rápido, sem compromissos, para assistir em família e dar boas risadas. Achei tão divertido e maluquinho quanto o anterior, que havia feito mais bilheteria que este – na verdade essa segunda parte obteve metade da grana do primeiro filme, totalizando U$ 154 milhões, e ambos tiveram custos de produção semelhantes, por volta de U$ 70 milhões.


Mudaram os diretores, mas a história segue a mesma linha, uma saga movimentada, com visual alegre, chamativo com as cores fortes como do jogo, e embalada com uma trilha sonora repleta de sucessos do passado (“All by myself”, “Lovin’ you”, “Space oddity”) – o diretor principal agora é Thurop Van Orman, roteirista de “Hora da aventura”, duas vezes indicado ao Emmy.
Dos produtores de “Shrek” e “Tá chovendo hamburguer”, a animação foi coproduzida pela Rovio, que é a empresa finlandesa criadora dos jogos de Angry Birds para celulares. Já disponível em DVD e Bluray.

Angry Birds 2: O filme (The Angry Birds movie 2). EUA/Finlândia, 2019, 97 minutos. Animação. Colorido. Dirigido por Thurop Van Orman e John Rice. Distribuição: Sony Pictures


E se você assistiu à parte 2, não deixe de ver “Angry Birds: O filme” (2016)


Angry Birds: O filme

Três pássaros que não podem voar, amigos de velha data, juntam forças para conter a temível invasão de porcos verdes na Ilha dos Pássaros.

Baseada no popular jogo de celular da empresa finlandesa Rovio, que tem uma legião de jogadores no Brasil, a animação em computação gráfica fez enorme sucesso nas salas de cinema em 2016, com uma bilheteria de U$ 355 milhões. Antes já havia uma série para a TV, também em animação, chamada “Angry Birds Toons” (2013), depois houve desdobramentos, como “Angry Birds Blues” e “Angry Birds Stella”, e no ano passado saiu a boa continuação do filme, voltada para todos os públicos.
Os adeptos do jogo de celular vão imediatamente reconhecer os pássaros-personagens, como o estressado Red, que quebra tudo, o pássaro preto que explode, Bomba, e o veloz Chuck.  Na história, eles criam um plano mirabolante para expulsar os inimigos da Ilha dos Pássaros, que são os dominadores porcos verdes.
Comediantes americanos famosos emprestam suas vozes, e retornam com tudo no filme 2, como Jason Sudeikis, Danny McBride e Maya Rudolph, e aqui tem participações especiais de Sean Penn e Kate McKinnon. Sou fã do jogo de celular e curti muito os dois filmes!
Disponível em DVD, Bluray, Bluray 3D e em plataformas digitais como o Netflix.

Angry Birds: O filme (Angry Birds). EUA/Finlândia, 2016, 96 minutos. Animação. Colorido. Dirigido por Clay Kaytis e Fergal Reilly. Distribuição: Sony Pictures

sábado, 15 de fevereiro de 2020

Resenha Especial



As confissões

Num hotel de luxo, os ministros representantes dos países que integram o G8 aguardam uma importante reunião que seguirá em total sigilo. Ali também está hospedado um monge italiano, Roberto Salus (Toni Servillo). A poucas horas do encontro o principal articulador, o ministro Daniel Roché (Daniel Auteuil), é encontrado morto, asfixiado por um saco plástico. Inicia-se uma investigação, e no decorrer dela os outros sete ministros descobrem que o falecido havia se confessado com o monge Salus pouco tempo antes de morrer. Receosos de que o monge saiba demais, eles pressionarão o religioso a contar a confissão do morto.

Está aí um bom drama político adequado para os dias atuais, bem construído, com uma envolvente trama de assassinato, diálogos inteligentes e pitadinhas de humor. Coprodução França/Itália, tem ecos do suspense “A tortura do silêncio” (1953, de Hitchcock, sobre um padre que ouve a confissão de um assassino e tem de guardar segredo), porém vai pra outro caminho, fazendo uma provocação ao G8 (antigamente G7, ou seja, a cúpula dos oito países mais industrializados do mundo, dentre eles Estados Unidos, França, Itália e Japão), ao criticar a forma de condução desses encontros e o que é discutido ali a sete chaves – no filme, os ministros são um bando de gente gananciosa, dispostos a cometer qualquer crime para desvendar segredos.


Abre como uma trama de mistério e termina com uma moral, tipo fábula, num desfecho simbólico. Gosto particularmente da trilha sonora, pontuada a cada 10 minutos, da charmosa fotografia – do hotel luxuoso no Mar Báltico, com vistas para o mar, e da atuação do melhor ator italiano de hoje, Toni Servillo, que pinta em várias produções italianas, muitas delas com o diretor Paolo Sorrentino (com ele fez “As consequências do amor”, “A grande beleza” e “Il divo”). Pelo trabalho o ator recebeu indicação ao David di Donatello, o maior prêmio da Itália, uma espécie de Oscar de lá; além dessa categoria no festival, o filme foi nomeado aos prêmios de roteiro, produção, fotografia e ator coadjuvante (Pierfrancesco Favino, outro bom ator, nascido em Roma, que se destacou no filme “Suburra” e esteve em diversos longas americanos, como “Guerra mundial Z” e “Anjos e demônios”).
Conheça a filmografia do diretor, o também dramaturgo e novelista Roberto Andò, de “Viva a liberdade” (2013 – novamente com Toni Servillo) e de “O Caravaggio roubado” (2018), que escreveu esse caprichado roteiro junto de Angelo Pasquini, seu parceiro roteirista de outras produções.


As confissões (Le confessioni). Itália/França, 2016, 108 minutos. Drama/Suspense. Colorido. Dirigido por Roberto Andò. Distribuição: Mares Filmes

Cine Lançamento



Abominável

Três adolescentes viajam até o Monte Everest para ajudar um Yeti a retornar para sua família.

Os desenhos animados fazem parte das lembranças da maioria das pessoas, e hoje muita gente gosta de cinema porque quando pequeno tinha o costume de ver filmes de animação. É a iniciação mais gostosa de qualquer cinéfilo, não é mesmo? Eu digo, sou fã de carteirinha das produções da Disney, do Studio Ghibli, da Pathé e Gaumont, e da Dreamworks. E esta última acaba de lançar em DVD o gracioso e fofinho “Abominável” (2019), que concorreu a quatro Annie Awards, considerado o Oscar infantil. Pretendia ser finalista do Oscar 2020, o que não ocorreu... Apesar de ter toda uma ingenuidade, com apelo para crianças, não tem como jovens e adultos não embarcarem no clima alegre, descontraído e mágico do longa, uma coprodução China e Estados Unidos que obteve boa bilheteria.
É uma fita que resgata a lenda do Yeti, o tal do “Abominável Homem das Neves”, nos Estados Unidos conhecido como “Pé Grande”, uma criatura meio macaco meio urso, que supostamente habita o gelo dos Himalaias (na década de 60 o governo do Nepal declarou que ele existe, até registrou fotos de um deles na montanha). Para encantar as crianças, os produtores deram um tom bem infantil, amoroso, sobre a força da amizade e com uma proposta ambiental, de cuidar dos bichinhos, salvá-los da destruição dos humanos. E assim, com muita energia, momentos encantadores e engraçados, a animação acerta no alvo.


Para conceber o design do Yeti, a diretora e roteirista Jill Culton homenageou seu cachorro - e a garotinha principal, Yi, é inspirada nela quando jovem. É o melhor trabalho de Jill, que dirigiu o primeiro “O bicho vai pegar” (2006), e agora, com mais propriedade, realizou uma fitinha fofa, com um fim emocionante, que de abominável só tem o título!
Vozes principais dos adolescentes Chloe Bennet e Albert Tsai, e de coadjuvantes famosos como Eddie Izzard, James Hong e Sarah Paulson.
PS: Entre 2018 e 2019 tivemos três animações com tema e criaturas parecidos, “PéPequeno” (assim mesmo, escrito tudo junto), este aqui e o indicado ao Oscar esse ano “Link perdido”. Recomendo todos eles!

Abominável (Abominable). EUA/China, 2019, 97 minutos. Animação. Colorido. Dirigido por Jill Culton. Distribuição: Universal/ Dreamworks

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Especial de Cinema


Oscar histórico: sul-coreano 'Parasita' rouba a noite em Los Angeles e ganha quatro prêmios

Supresa e reconhecimento! O filme sul-coreano "Parasita" puxou para si os holofotes na noite de ontem, na entrega do Oscar. Recebeu quatro estatuetas das seis que concorria, sendo duas em categorias principais e aguardadas: melhor filme e melhor diretor, desbancando favoritos como "1917", "Coringa" e "Era uma vez em... Hollywood". Além desses, ganhou o de filme estrangeiro e roteiro original. No palco, o cineasta Bong Joon-ho subiu quatro vezes, e quando foi receber a de melhor direção, agradeceu empolgado os diretores que disputavam juntos o prêmio, falando de sua admiração pelos filmes de Scorsese, Phillips, Tarantino e Mendes. No anúncio de melhor filme, a plateia vibrou, aplaudindo em pé a equipe de "Parasita". Foi uma noite histórica!
Tirando as premiações do filmaço sul-coreano, o restante seguiu o resultado praticamente do Globo de Ouro; melhor ator para Joaquin Phoenix, atriz para Renée Zellweger, coadjuvantes para Laura Dern e Brad Pitt etc. E o Brasil não ganhou na categoria documentário... a estatueta dourada foi entregue para "Indústria americana" (do Netflix).
Confira abaixo a lista dos premiados.




Melhor filme

Parasita
1917
Adoráveis Mulheres
Coringa
Era uma Vez em... Hollywood
Ford vs Ferrari
História de um Casamento
O Irlandês
Jojo Rabbit

Melhor diretor

Bong Joon-ho (Parasita)
Martin Scorsese (O Irlandês)
Quentin Tarantino (Era uma Vez em... Hollywood)
Sam Mendes (1917)
Todd Phillips (Coringa)

Melhor atriz

Renée Zellweger (Judy: Muito Além do Arco-Íris)
Charlize Theron (O Escândalo)
Cynthia Erivo (Harriet)
Saoirse Ronan (Adoráveis Mulheres)
Scarlett Johansson (História de um Casamento)

Melhor ator

Joaquin Phoenix (Coringa)
Adam Driver (História de um Casamento)
Antonio Banderas (Dor e Glória)
Jonathan Pryce (Dois Papas)
Leonardo DiCaprio (Era uma Vez em... Hollywood)

Atriz coadjuvante

Laura Dern (História de um Casamento)
Florence Pugh (Adoráveis Mulheres)
Kathy Bates (O Caso Richard Jewell)
Margot Robbie (O Escândalo)
Scarlett Johansson (Jojo Rabbit)

Ator coadjuvante

Brad Pitt (Era uma Vez em... Hollywood)
Al Pacino (O Irlandês)
Anthony Hopkins (Dois Papas)
Joe Pesci (O Irlandês)
Tom Hanks (Um Lindo Dia na Vizinhança)

Melhor roteiro original

Parasita
1917
Entre Facas e Segredos
Era uma Vez em... Hollywood
História de um Casamento

Melhor roteiro adaptado

Jojo Rabbit
Adoráveis Mulheres
Coringa
Dois Papas
O Irlandês

Melhor filme internacional (estrangeiro)

Parasita (Coreia do Sul), de Bong Joon-ho
Corpus Christi (Polônia), de Jan Komasa
Dor e Glória (Espanha), de Pedro Almodóvar
Honeyland (Macedônia do Norte), de Tamara Kotevska e Ljubomir Stefanov
Os Miseráveis (França), de Ladj Ly

Melhor animação

Toy Story 4
Como treinar o seu Dragão 3
Klaus
Perdi Meu Corpo
O Link Perdido

Melhor documentário

Indústria Americana (EUA)
The Cave (Tailândia/Irlanda)
Democracia em Vertigem (Brasil)
For Sama (Síria/Reino Unido)
Honeyland (Macedônia)

Melhor montagem

Ford vs Ferrari
Coringa
O Irlandês
Jojo Rabbit
Parasita

Melhor fotografia

1917
Coringa
Era uma Vez em... Hollywood
O Farol
O Irlandês

Melhores efeitos visuais

1917
O Irlandês
O Rei Leão
Star Wars: A Ascensão Skywalker
Vingadores: Ultimato

Melhor design de produção

Era uma Vez em Hollywood
1917
O Irlandês
Jojo Rabbit
Parasita

Melhor Figurino

Adoráveis Mulheres
Coringa
Era uma Vez em Hollywood
O Irlandês
Jojo Rabbit

Melhor maquiagem e cabelo

O Escândalo
1917
Coringa
Judy: Muito Além do Arco-Íris
Malévola: Dona do Mal

Melhor trilha sonora

Coringa (Hildur Guðnadóttir)
1917 (Thomas Newman)
Adoráveis Mulheres (Alexandre Desplat)
História de um Casamento (Randy Newman)
Star Wars: A Ascensão Skywalker (John Williams)

Melhor canção original

(I’m Gonna) Love Me Again, de Rocketman
I’m Standing With You, de Superação: O Milagre da Fé
Into The Unknown, Frozen II
Stand Up, de Harriet
I Can’t Let You Throw Yourself Away, de Toy Story 4

Melhor mixagem de som

1917
Ad Astra: Rumo às Estrelas
Coringa
Era uma Vez em... Hollywood
Ford vs Ferrari

Melhor edição de som

Ford vs Ferrari
1917
Coringa
Era uma Vez em Hollywood
Star Wars: A Ascensão Skywalker

Melhor Curta-metragem live action

The Neighbor’s Window
A Sister
Brotherhood
Nefta Football Club
Saria

Melhor Curta documentário

Learning to Skateboard in a Warzone (If You’re a Girl)
In the Absence
Like Overtakes Me
St. Louis Superman
Walk Run Cha-Cha

Melhor Curta-metragem de animação

Hair Love
Dcera (Daughter)
Kitbull
Memorable
Sister