sábado, 29 de julho de 2017

Nota do blogueiro


"Tentei guardar o registro da cena na minha cabeça como uma foto. O Dr. Fowler esticado na cama com um buraco no olho e os miolos espalhados pelas cobertas. Havia um abajur aceso na mesinha de cabeceira ao lado da Bíblia. Dentro da Bíblia havia balas de revólver. A foto no porta-retratos, antes da cômoda, agora presa à mão fria do médico". Trecho do romance de investigação com pitadas de horror "Coração satânico", o super lançamento da Darkside Books de junho passado (319 páginas, tradução de Carla Madeira). Escrito por William Hjortsberg e publicado em 1978, a sinistra história policial que envolve ocultismo, desaparecimento e assassinatos brutais numa Nova York da década de 50 originou o cultuado filme homônimo de 1987, dirigido magistralmente por Alan Parker. O livro já se encontra disponível para venda nas melhores livrarias. Obrigado, equipe da @darksidebooks, pelo presente.


sexta-feira, 28 de julho de 2017

Nota do blogueiro


Grandes lançamentos da Universal, Paramount e Sony Pictures que chegaram no mercado em DVD para locação  e venda - e que recebi em casa dias atrás. Os dramas vencedores do Oscar "Um limite entre nós" e "Manchester a beira-mar", o thriller de espionagem indicado ao Oscar "Aliados", o drama de guerra "A longa caminhada de Billy Lynn", o suspense eletrizante "Fragmentado" e o drama britânico "T2 Trainspotting", continuação  de "Trainspotting -  Sem limites". Um melhor que outro! Obrigado, @sonypictureshebr @universalpicsbr @paramountmovies, pelo envio dos DVDs.


quinta-feira, 27 de julho de 2017

Resenha Especial


Aleksandr Nevsky

Na Rússia do século XIII, o príncipe Aleksandr Nevsky (Nikolay Cherkasov) organiza um exército popular para lutar contra os Cavaleiros Teutônicos, que pretendem invadir o território russo durante as Cruzadas.

Monumental aventura épico-filosófica soviética, dirigida pelo mestre da linguagem cinematográfica Sergei Eisenstein, que estruturou uma biografia audaciosa de Aleksandr I, da Novogórdia (1220-1263), líder militar da Rússia Medieval, traçando forte paralelo com o Nazismo, cujo partido se fortalecia na época do filme (1938). Com trilha retumbante de Serguey Prokofiev, que repetiu a dose com Eisenstein em “Ivan, o terrível” (1944-1945), o épico é dividido em dois blocos essenciais: no primeiro, dramático, sólido e de teor musical, conta-se o exílio de Nevsky, a invocação de seu nome pelo povo de Novgorod, como um salvador, e em seguida os acontecimentos que o levaram a estruturar o levante popular; no segundo, a demarcação da guerra, com gigantescas batalhas entre os russos e os alemães e agregados que compunham a Ordem dos Cavaleiros Teutônicos, organização militar da Igreja Católica.
Ímpar na linguagem construtivista, Eisenstein era mestre nas referências semióticas. Quando menciona os teutônicos faz alusão aos nazistas. A truculência nas ações dos cavaleiros, de invadir casas e matar pessoas nas ruas, mostradas no filme, seria a mesma praticada pelas hordas hitleristas, como a SS e a Gestapo, quando a Segunda Guerra estouraria um ano depois – reparem nas cenas chocantes de crianças queimadas vivas na fogueira! Uma obra cinematográfica até premonitória!
Falando em Construtivismo, Eisenstein recorre a recursos grandiosos de montagem, com destaque na segunda parte do filme, com enquadramentos, músicas rápidas e avanço das imagens.
Conhecido no Brasil com o título de “Cavaleiros de Ferro”, o filme foi restaurado pela Mosfilm em 2015 e chega com esta ótima cópia em DVD no Brasil pela CPC Umes Filmes. Surpreenda-se com a forma e o estilo do diretor Sergei Eisenstein, que revolucionou a linguagem do cinema.

Aleksandr Nevsky (Aleksandr Nevskiy). URSS, 1938, 103 min. Drama/Ação. Dirigido por Sergei M. Eisenstein. Distribuição: CPC Umes Filmes

* Publicado na coluna Middia Cinema, na revista Middia, edição de julho/agosto de 2017

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Resenha especial


Homem comum

Documentário que registra duas décadas na vida de um caminhoneiro paranaense, Nilson de Paula, hoje cego, viúvo e com sérios problemas de saúde.

Qual o real significado de viver para um cidadão comum? A resposta aparenta ser simples, mas está distante de conclusões determinadas. Nesse premiado documentário brasileiro, o diretor Carlos Nader caminha na direção de soluções para esta questão crucial, a partir das histórias de vida de um caminhoneiro cheio de sonhos e esperanças, que representam, no geral, os anseios do povo brasileiro. Ensaio e narrativa se misturam, documentário e ficção tornam-se um só, vida e morte se completam e ilustram a essência do filme, uma obra pessoal e especial do cineasta paulistano.
Nader conheceu o protagonista de seu “Homem comum” em 1994, por mero acaso, num ponto de encontro de caminhoneiros. Dali em diante iniciou uma extensa jornada audiovisual, de quase vinte anos, capturando momentos alegres e tristes de Nilson com a família até o falecimento dele, em 2012. Em casa ou na rua, as falas simplórias do humilde trabalhador demonstram a generosidade de uma vida dedicada a duras viagens nas estradas pelo Brasil afora, ao lar, à esposa e filhos. Dificilmente Nilson consegue exprimir com palavras o real significado de viver. É nas imagens que parte da resposta surge, elas substanciam o que o diretor quer saber do caminhoneiro para contar ao público.
No documentário intercalam-se cenas caseiras antigas de Nilson, gravadas por Nader, algumas bem tristes, retiradas do baú familiar, como a morte da mulher amada (aparece o velório e o funeral, registro guardado até então a sete chaves pelo cineasta), e cenas cotidianas atuais, de um senhor debilitado, cego, solitário. No antes e depois, desabrocham temas tão simples e tão essenciais.
Junto, Nader cria um paralelo, de sábia inteligência cinematográfica, com o cultuado filme dinamarquês de tema semelhante “A palavra” (1955), de Carl T. Dreyer, e também com um curta em preto-e-branco dirigido por ele mesmo especialmente para o projeto, chamado “Life: the dream” (este, um segmento baseado em “A palavra”, mas em ambiente inglês, para dialogar sobre a brevidade da vida).
Feito de maneira autoral, artesanal e com afeto por um diretor aplaudido em festivais, “Homem comum” instiga o público a repensar o que a vida é e o que queremos deixar escrito durante nossa existência. Venceu o prêmio de melhor documentário no Festival É Tudo Verdade, em 2014, e melhor montagem no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, em 2016.
Quem quiser assistir ao doc, ele está disponível em DVD, lançado pelo Instituto Moreira Salles (IMS). O disco traz o documentário, em metragem ampliada, de 103 minutos (20 a mais da exibida nos cinemas brasileiros), e um livreto ilustrado de 26 páginas, com textos do músico e ensaísta José Miguel Wisnik e do próprio diretor Carlos Nader. Como sempre, as edições em disco do IMS são um investimento magnífico para colecionador nenhum botar defeito.

Homem comum (Idem). Brasil, 2015, 103 min. Documentário. Dirigido por Carlos Nader. Distribuição: Instituto Moreira Salles (IMS)

Nota do blogueiro


"No caminho de casa, com o soco inglês limpo e guardado de novo, Healy parou em uma faixa pavimentada ao lado da Mulholland Drive. Estava atrasado, quase vinte minutos atrasado, mas a nova cliente com a qual havia combinado de se encontrar não havia desistido dele. Ela estava sentada no banco do motorista do conversível vermelho da VW [...]". Trecho do capítulo quatro do livro "Dois caras legais", uma novelização do filme, de autoria de Charles Ardai, baseada no engraçadíssimo roteiro de ação escrito por Shane Black e Anthony Bagarozzi. Conheça a história incomum de March e Healy, dois homens durões que buscam solucionar o sumiço de uma garota e ao mesmo tempo o misterioso assassinato de uma atriz pornô, possivelmente cometido por magnatas americanos. Altas doses de adrenalina e um incansável humor feroz conduzem a narrativa agitada. O livro saiu no Brasil pela editora Gryphus em 2016 (234 páginas, tradução de Miguel Damian Ribeiro Pessoa), com um bom projeto gráfico (com destaque para as cores da capa, lombada e orelhas). Assista também ao ótimo filme, com Russell Crowe e Ryan Gosling.
Obrigado, equipe da Gryphus, pelo gentil envio do livro.


sexta-feira, 21 de julho de 2017

Nota do blogueiro


INGRESSOS
Seis ingressos do filme de terror "7 desejos" que a Image Filmes nos enviou para presentear no blog Cinema na Web, no Instagram e no Facebook. Quer ir ao cinema? Para participar e concorrer, siga a página da @imagemfilmes no Instagram e envie mensagem no meu email (felipebb85@hotmail.com) com os dizeres "Eu quero ganhar um ingresso". "7 desejos" estreia em todo o Brasil no dia 27 de julho! Não perca!
Valeu, @imagemfilmes, pelo gentil envio dos convites.


quinta-feira, 20 de julho de 2017

Comentários do blogueiro


" - É verdade, meu pai era fazendeiro na época.
Então a escuridão desaparece, e tudo fica dourado e verde quando o vento bate nos pendões do milho novo que chegam à nossa cintura, chacoalhando as hastes, como se uma tempestade em algum lugar estivesse se aproximando".

Trecho do prólogo do livro Interestelar, romantizado por Greg Keyes a partir do roteiro original de cinema de Jonathan e Christopher Nolan. Lançado no Brasil pela editora Gryphus com o selo Gryphus Geek (2014, 266 páginas, tradução de Vera Whately), a obra literária circula entre o drama existencial, a ação e o scifi, com pormenores e explicações acerca da incrível jornada do fazendeiro Cooper em sua viagem interespacial. Recomendo a leitura e também ao premiado filme de Nolan, uma obra-prima do cinema contemporâneo. Obrigado, equipe da Gryphus Editora, pelo gentil envio do exemplar.


sábado, 15 de julho de 2017

Cine Lançamento


Boys

Dois garotos maratonistas, de 15 anos, Sieger (Gijs Blom) e Marc (Ko Zandvliet), integram um time da cidade para disputar um campeonato mundial. Ao se conhecerem melhor no intervalo dos treinos, acabam se apaixonando, mas reprimem o sentimento.

Sincero e tocante, o telefilme holandês “Boys”, de 2014, teve lançamento comercial no Brasil no final do ano passado, exibido em poucas salas de cinema, e depois saiu em DVD pela Flashstar. Curtinho (com 77 minutos apenas), modesto e com uma bonita fotografia, conta a história decisiva na vida de dois rapazes que descobrem o amor pela primeira vez, mas escondem o fato entre eles. Imaturos para compreender esse sentimento novo e avassalador, ainda enfrentam pressão na escola, na competição esportiva e entre os colegas de turma; não bastasse isto, lidam, angustiados, com sérios problemas familiares. Tudo conspira para colocá-los à prova do amor recém-nascido, impulsionando-os a embarcar numa travessia de desafios e aceitações.
O filme não opta pelo romance conto de fadas ou colorido, nunca sabemos se haverá um beijo, toque ou abraço. O diferencial: a diretora Mischa Kamp trabalha em cima de minimalismos, com a câmera captando pormenores dos personagens centrais, como troca de olhares, tremores nas mãos, vozes estremecidas. Sentimos a palpitação do coração de Sieger e Marc, até o cheiro das apreensões, nessa fita bem intencionada, que beira a sinestesia.
Uma descoberta altamente recomendada que melhor representa tanto o cinema de temática gay quanto o cinema europeu independente. Recebeu indicação a prêmios em festivais ao redor do mundo e já está disponível para locação e venda.

Boys (Idem). Holanda, 2014, 77 min. Drama/ Romance. Dirigido por Mischa Kamp. Distribuição: Flashstar

Comentários do blogueiro


Clássicos e cult movies da Universal com capas no estilo Pop Art. Novos produtos em DVD no mercado brasileiro desde junho! "Gatinhas e gatões" (1984) é um deles, que comprei a preço bem baratinho. Desta primeira leva tem também quatro outros títulos: Orgulho e preconceito (2005), Psicose (1960), Mamma mia! (2008) e  Clube dos cinco (1985). Já à venda!


sexta-feira, 14 de julho de 2017

Comentários do blogueiro


"O que fazia Phiona voltar dia após dia eram as lindas peças que a haviam atraído em primeiro lugar. Ela queria desesperadamente mover aquelas peças, assim como as outras crianças já estavam fazendo. Ela podia notar a excitação em seus rostos, mas no começo não estava sentindo aquela mesma emoção".
Trecho do comovente livro "Rainha de Katwe", uma história real sobre a garota Phiona Mutesi, nascida e criada nas miseráveis favelas da Uganda, que conquistou o mundo ao se tornar campeã nas Olimpíadas de Xadrez. Lançado pela Harper Collins em 2012, o livro, de autoria de Tim Crothers (221 páginas, tradução de Alda Lima), voltou às prateleiras em nova edição devido a obra ter se transformado em filme pela Disney em 2016, estrelado pela vencedora do Oscar Lupita Nyong'o. Um livro super bonito e bem escrito sobre esperança, renascimento e persistência. Já nas melhores lojas!
Obrigado, @harpercollinsbrasil, pelo envio do exemplar. 


sábado, 8 de julho de 2017

Resenha Especial


A montanha sagrada

Num mundo corrupto e violento, um ladrão (Horacio Salinas) caminha errante em busca de salvação. Cruza com um alquimista (Alejandro Jodorowsky), que o apresenta a sete pessoas vindas de sete planetas solares. Todos estão à procura da Montanha Sagrada.

Um dos filmes mais surrealistas de todos os tempos, ousado, hermético no sentido, de difícil interpretação e que contesta o consumismo, a ditadura da beleza, a guerra, o sensacionalismo da mídia e, claro, todas as formas de religião. Escrito e dirigido pelo chileno Alejandro Jodorowsky (que interpreta um alquimista meio guia espiritual) três anos depois do cultuado e bizarro faroeste “El topo” (1970), a obra extensivamente crua e filosófica gera incômodo pelas imagens fortes e profanas, como a marcha de soldados levantando cruzes com corpos de carneiros sem pele, excrementos em igrejas e fuzilamentos – na época muitas sequências passaram por censura em alguns países. Bem inserido na Estética do Feio, o polêmico filme se passa em um lugar qualquer da América Latina com evidências de regime ditatorial (foi produzido no México), discutindo o autoritarismo nas relações de poder e a repressão de grupos marginalizados, numa época onde Golpes de Estado e regimes militares invadiam o mundo espalhando o medo.
Um experimento sem limites de um diretor ultracriativo, que também pensou em cada milímetro de cenário, com pura geometria, e de figurinos excêntricos (as cores vibrantes inundam a tela num espasmo sensorial). Um delírio cinematográfico como só Jodorowsky ousou fazer. Para ver e refletir.

A montanha sagrada (La montaña sagrada). México/EUA, 1973, 115 min. Drama. Dirigido por Alejandro Jodorowsky. Distribuição: Obras-primas do Cinema

* Publicado na coluna Middia Cinema, na revista Middia, edição de julho/agosto de 2017

domingo, 2 de julho de 2017

Nota do blogueiro


DVD do documentário "Homem comum" (2014), lançado recentemente pelo Instituto Moreira Salles (IMS) com distribuição pela Bretz Filmes. Indicado ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, o filme acompanha por 20 anos o cotidiano de um caminhoneiro, registrado pelas lentes do diretor Carlos Nader, e a íntima relação dos temas morte e vida com o filme dinamarquês "A palavra" (1955). Já em DVD - acompanha um bonito livreto ilustrado de 26 páginas.
Obrigado, @imoreirasalles, pelo envio do exemplar.