terça-feira, 31 de maio de 2011

Cine Lançamento

.

Mistério da Rua 7

Uma pane elétrica deixa a cidade de Detroit no escuro total. Os carros não funcionam, e rapidamente a população desaparece de forma misteriosa. Apenas um pequeno grupo de pessoas fica abrigado em um galpão, na Rua 7, na tentativa de desvendar o ocorrido. É quando Luke (Hayden Christensen), Paul (John Leguizamo) e Rosemary (Thandie Newton) descobrem o rastro de uma força sinistra na espreita de novas vítimas.

Lançada no Brasil diretamente nas locadoras, ficou inédita nos nossos cinemas essa produção de terror com aura de filme B (baixo orçamento). Mas nem para os fãs do gênero haveria boas razões de ter exibição nas salas – a fita é mal dirigida (aqui uma infeliz ideia do bom diretor de “O operário”, Brad Anderson), com elenco fora de rumo. O nome dos atores que interpretam o trio central não acrescenta em nada – Christensen, Thandie e Leguizamo. Os três são rasos demais, com trabalhos que variam do ruim ao péssimo.
O pior é a fotografia escura, que dificulta identificar as ações dos personagens. Como eles estão presos numa cidade à noite, sem luz, resta aos coitados uns faroletes mequetrefes; e para o público que está assistindo resta fazer um esforço tremendo para enxergar aquilo tudo.
Outro ponto que gera discussão está exatamente em não dar detalhes sobre as tais forças ocultas que atacam as vítimas. Nunca se sabe a procedência delas (O que são? Espíritos, demônios, energia do mal, maldição?). Ou seja, não explica nada, fica no ar a dúvida.
Em suma, um filme danado de ruim, que surgiu quieto e, pela proposta desastrosa, pode continuar anos-luz longe do público. Por Felipe Brida

Mistério da Rua 7 (Vanishing on 7th Street). EUA, 2010, 92 min. Terror. Dirigido por Brad Anderson. Distribuição: Playarte

domingo, 29 de maio de 2011

Cine Lançamento

.

Machete

Atormentado por uma tragédia no passado, o ex-agente federal mexicano Machete (Danny Trejo) é contratado pelo criminoso Michael Booth (Jeff Fahey) para uma missão especial: assassinar o senador McLaughlin (Robert De Niro). Mas Machete torna-se alvo de uma conspiração contra o povo do México. Para se defender de outros bandidos que estão no seu encalço, reúne alguns colegas matadores, dentre eles o velho amigo Cortez (Cheech Marin), um padre sanguinário.

Com roteiro criativo, repleto de cenas violentas com baldes de sangue, “Machete” é diversão excepcional, que mistura ação desenfreada (prepare-se para a barulheira), humor negro e toques de dramalhão proposital. Só para explicar sobre a origem da fita, esta é uma homenagem do diretor Robert Rodriguez ao subgênero “exploitation”, tanto visto nos cinemas norte-americanos nos anos 70 e 80. A proposta envolvia produções B que casava o estilo policial com a comédia, com absurdos na narrativa que desvirtuavam o tradicionalismo dos filmes do gênero, beirando o mau gosto e o ridículo – assim tornou-se cultuado por gerações de jovens.
A começar pelo título “Machete”, nome do personagem interpretado pelo feioso Danny Trejo (ator das fitas de Rodriguez e de Tarantino), que nada mais é que uma faca imensa, usada por ele para destroçar os inimigos. Com essa ferramentazinha, ele corta braços, pernas, arranca cabeças, enfim, fique longe!
Movido pela vingança em capturar os assassinos da esposa, Machete pretende matar o senador (papel caricato aonde De Niro se diverte como um exímio matador de imigrantes ilegais, nas horas vagas). Mas a ordem das coisas se inverte, e ele é perseguido por uma série de bandidos cruéis (tem até o canastrão Steven Seagal, gordo e com o mesmo rabo de cavalo).
No decorrer da história reviravoltas fazem do filme um deleite para quem entender a sacada e se lançar para dentro da fita. Vale lembrar que “Machete” surgiu como outra brincadeira de Rodriguez – como um teaser falso (trailer) na fita de terror dele que compunha o double feature “Grindhouse”, o super divertido “Planeta terror” – a outra era dirigida pelo Tarantino, “À prova de morte”, menos impactante que o primeiro.
Em DVD, procure já e bom divertimento. Por Felipe Brida

Machete (Idem). EUA, 2010, 105 min. Ação. Dirigido por Robert Rodriguez. Distribuição: Sony Pictures

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Cine Lançamento

.

Você vai conhecer o homem dos seus sonhos

Alfie (Anthony Hopkins), casado há 40 anos com Helena (Gemma Jones), pede o divorcio a fim de recuperar a tal “juventude perdida”. A mulher entra em depressão e, com a ajuda da filha, Sally (Naomi Watts), passa a frequentar a casa da vidente Cristal (Pauline Collins), que lhe mostra caminhos alternativos a serem seguidos. Já Sally está em crise com o marido Roy (Josh Brolin), um escritor com bloqueio criativo. Enquanto ela flerta com o chefe, Greg (Antonio Banderas), Roy fica enlouquecido com a jovem Dia (Freida Pinto), que mora no prédio vizinho e se exibe na janela para ele.

Nova investida do superestimado cineasta Woody Allen em comédias românticas, que resulta em um trabalho agradável, e... ponto final. Nada demais nessa fita que poderia nem ser dele. Cadê a marca autoral do velho Woody?
O filme, que tem um título grande para ser lembrado (sempre confundo “conhecer” com “encontrar”), traça um pequeno universo de conflitos de casais em busca de realização. O idoso Alfie quer a juventude que deixou de desfrutar no tempo certo; sua mulher recém-divorciada se ilude com as previsões da vidente (a explicação do título do filme está em uma de suas falas, sobre o homem perfeito) e assim procura um jeito de lidar com a vida de solteira; a filha paquera escondido o chefe bonitão, mas é mal amada pelo marido confuso; e este, workaholic, fracassado e explosivo, faz de tudo para conhecer a vizinha gatíssima que vive vestindo vermelho.
As histórias ora emocionam ora fazem rir e se entrelaçam como sempre, sem surpresas. Enfim, um filme bonitinho, sobre encontros e reencontros, ilusões amorosamente perdidas, que não entra na lista dos melhores do velho Woody. Por Felipe Brida

Você vai conhecer o homem dos seus sonhos (You will meet a tall dark stranger). EUA/Espanha, 2010, 98 min. Comédia romântica. Dirigido por Woody Allen. Distribuição: Paris Filmes

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Cine Lançamento

.


Os pilares da Terra III: O legado

Na Europa medieval, a nobreza e o clero estão em plena disputa pelo poder, enquanto os servis reivindicam terras e melhores condições de trabalho. O rei Stephen (Tony Curran) acaba de assumir o trono, causando tensão entre os membros da família. Por outro lado, continuam as negociações para a construção da catedral gótica. Paralelamente a família Hamleigh fecha o comércio em Kingsbridge, o que traz prejuízos para toda a população. Quando menos se espera, uma tragédia repentina coloca o vilarejo em um profundo caos.

Os pilares da Terra IV: Obra dos anjos

Após a tragédia do capítulo anterior, a população de Kingsbridge, enlutada, procura uma forma de seguir o dia-a-dia. O monge Phillip (Matthew Macfadyen) encerra os acordos com o diácono Waleran (Ian McShane), que, com suas trapaças e crimes, segue na tentativa de obter o título de arcebispo de Canterbury, apoiado pela família Hamleigh. Em meio ao clima de disputa, tensão e intrigas, um segredo vem à tona fazendo com que o vilarejo de Kingsbridge se lance em um novo desafio.

Os dois capítulos finais de “Os pilares da Terra” fecham com chave-de-ouro a microssérie campeã de audiência quando exibida em TV fechada nos Estados Unidos. O terceiro e o quarto capítulo saíram juntos em DVD, lançados no Brasil pela Paramount Pictures. Uma boa pedida para professores e alunos de História e fãs de aventuras medievais.
Adaptado do best seller de Ken Follett (de 1989), o épico não retrata personagens reais, mas remonta com fidelidade o conturbado período de transição entre Alta e Baixa Idade Média na Europa, envolta de traições e intrigas entre nobres, servis e a Igreja. Tudo acontece no século XII, no auge do período Gótico, reunindo um apanhado de pequenas histórias de pessoas gananciosas em busca do poder, como os herdeiros do rei que brigam pelo trono, as trapaças entre eles, os planos de vingança etc. Desde o primeiro capítulo, todos os fatos giram em torno da construção de uma catedral, o que desencadeia conflitos sem precedentes. A Igreja toma as dores, instituição representada por um personagem marcante, padre Waleran, interpretado pelo ator Ian McShane, homem ambicioso, sem escrúpulos, detentor de um segredo assustador, só revelado nos últimos momentos da microssérie.
Conheçam por completo essa superprodução caprichada, com reconstituição fiel de uma época turbulenta e que transformou o cenário político-social do mundo inteiro – dá certo o resultado graças à perfeita direção de arte, figurino e fotografia, além do elenco afinado. Assinam a produção os irmãos cineastas Tony e Ridley Scott.
Recebeu, este ano, três indicações ao Globo de Ouro: melhor minissérie ou filme para TV, melhor ator de TV (Ian McShane) e melhor atriz de TV (Hayley Atwell). Por Felipe Brida


Os pilares da Terra III: O legado (The pillars of the Earth III - Legacy). Canadá/Alemanha, 2010, 103 min. Drama. Dirigido por Sergio Mimica-Gezzan. Distribuição: Paramount Pictures

Os pilares da Terra IV: Obra dos anjos (The pillars of the Earth IV – The work of angels). Canadá/Alemanha, 2010, 105 min. Drama. Dirigido por Sergio Mimica-Gezzan. Distribuição: Paramount Pictures

domingo, 22 de maio de 2011

Cine Lançamento

.


Duelo de titãs

Atormentado pelo assassinato da esposa, o marechal Matt Morgan (Kirk Douglas) sai na captura de um jovem acusado pelo crime. Ele prende o rapaz e mantém seu objetivo: colocá-lo no trem das nove da noite, onde será levado para a cadeia. O que Morgan não desconfia é que o pai do suspeito é o rico fazendeiro Craig Belden (Anthony Quinn), seu grande amigo. Para proteger o filho, Belden contrata pistoleiros, que cercam a cidade. É quando explode um verdadeiro duelo entre dois titãs.

Faroeste clássico da Paramount, que reúne novamente o diretor John Sturges com seu ator preferido, Kirk Douglas (dois anos antes, em 1957, haviam feito o ótimo “Sem lei e sem alma”, divulgado há duas semanas nessa coluna).
A ação principal segue o típico conflito existente nos filmes western - o embate entre duas pessoas, uma movida pela vingança, outra pela auto-proteção. Em “Duelo de titãs”, dois antigos amigos tornam-se rivais de uma hora para outra; tudo porque a esposa do marechal Morgan é brutalmente assassinada (ela era indígena, e foi morta por preconceito). Ele descobre que o jovem que acabara de prender, acusado pelo crime, nada mais nada menos é filho de um velho conhecido, no caso um influente criador de gados. Atocaiado no quarto de um saloon, o homem com espírito de vingador enfrentará bandidos dispostos a salvar a pele daquele rapaz.
A curiosidade maior é que o filme segue uma linha bastante explorada no gênero na época, o “faroeste psicológico”: tenso, mexe com os nervos – imagine que da metade para o final o personagem-chave fica aprisionado num ambiente fechado, sem poder fugir, à espera do trem, sendo que na espreita está um grupo de atiradores vorazes, como se fossem lobos famintos.
A história adota uma visão ponderada da retaliação nos moldes de Talião, “olho por olho, dente por dente” (com o desenrolar dos fatos, o marechal não quer mais prender o rapaz e sim matá-lo de maneira truculenta, como uma vingança plena).
Confiram em DVD, distribuído no mercado pela Paramount, em um projeto primoroso de relançamento de clássicos do cinema.
Observação: Não confundir com outro “Duelo de titãs” (2000), cuja temática era sobre racismo no futebol americano, estrelado por Denzel Washington. Por Felipe Brida

Duelo de titãs (Last train from Gun Hill). EUA, 1959, 95 min. Faroeste. Dirigido por John Sturges. Distribuição: Paramount Pictures

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Cine Lançamento

.

Senna

Documentário sobre a trajetória de um dos maiores ídolos do automobilismo mundial, Ayrton Senna, desde a ascensão na metade dos anos 80, passando pela rivalidade com Alain Prost e a conquista dos três títulos mundiais, até a trágica morte durante o Grande Prêmio de San Marino, na Itália, no dia 1º de maio de 1994.

Premiado como melhor documentário pelo júri popular no Festival de Sundance (o cultuado festival de cinema independente nos EUA), “Senna” é um projeto digno de elogios, feito para os fãs e para as novas gerações que não conheceram o lendário piloto brasileiro Ayrton Senna (1960-1994).
Reúne vasto material inédito da carreira do piloto, que compõe, quadro a quadro, um bonito panorama sobre a vida desse esportista, três vezes campeão mundial, que fazia o Brasil inteiro parar quando competia nas corridas.
Traça rapidamente o lado pessoal de Senna (quando criança, em festas com os familiares, depois os namoros com Xuxa e Adriane Galisteu etc), centralizando-se em especial na rivalidade com o piloto francês Alain Prost, ambos colegas de trabalho pela McLaren – as disputas pelo pódio e as brigas intensas ficaram famosas, o que rompeu a amizade dos dois.
Chega a comover quem viveu essa época e quem pode, um dia, como eu, acompanhar as corridas de Senna, cujo brilhantismo nas pistas era motivado pelo desafio de vencer, o que muitas vezes o fazia abusando da velocidade. Não por acaso morreu em virtude disso, durante o GP de San Marino, no autódromo de Ímola, quando passou direto na curva Tamburello, a 300 quilômetros por hora. Sua morte comoveu o mundo e fez o país inteiro chorar. Uma perda até hoje sentida, insuperável.
Ao longo do documentário, vozes em off de pilotos, jornalistas, familiares e amigos ajudam a montar o perfil de Senna – sem nunca aparecer o rosto de quem fala, ou seja, foge da estrutura convencional de documentários onde aparece a imagem do entrevistado.
Reviva as vitórias de Senna, sua carreira de dedicação, nesse trabalho pessoal e muito bem construído (vale lembrar que o filme não é brasileiro). Indicado para todos os públicos. Por Felipe Brida

Senna
(Idem). EUA/Inglaterra/França, 2010, 104 min. Documentário. Dirigido por Asif Kapadia. Distribuição: Universal Pictures

terça-feira, 17 de maio de 2011

Cine Lançamento

.


A suprema felicidade

O pequeno Paulo (Caio Manhente) sonha grande como toda criança. Vive no Rio de Janeiro, é filho de um militar, e de repente estoura a Segunda Guerra Mundial. Dos oito aos 18 anos, irá aproximar-se de novos amigos e conhecer o amor e o sexo, sempre influenciado pelos ensinamentos do avô Noel (Marco Nanini).

Havia grande expectativa no retorno de Arnaldo Jabor ao cinema, pela originalidade dos filmes que rodou durante o fim do Cinema Novo e o destaque na Pornochanchada. Estava longe das câmeras desde 1986, quando fez o bom (e famoso) drama “Eu sei que vou te amar”. Vinte e cinco anos se passaram e eis um Jabor sem vitalidade, com brilho apagado, e porque não dizer com falta de empenho.
O filme não é de todo ruim, mas poderia ter sido rodado por qualquer um. A história, agradável, com momentos ternos outros engraçadinhos, é um olhar sobre a infância e a adolescência de um garoto carioca durante os anos 40 e 50, em época de guerra. Parece recorte de um período que tenta refletir uma geração do pós-guerra, universalizando o tema, mas tudo de forma menor, sem vigor ou grandes emoções.
O que me incomoda é a teatralidade dos atores em cena misturado com a falta de timing. Culpa que se atribui ao diretor. Soa fake para cinema, castigado por um elenco mal aproveitado e que não está em seus melhores dias. Marco Nanini é o único que segura as pontas nos poucos momentos que aparece. Dan Stulbach está exagerado como o pai militar, Elke Maravilha envelhecida, sem destaque algum, e rápidas aparições de Ary Fontoura, Jorge Loredo (o Zé Bonitinho), João Miguel (papel cômico como um pipoqueiro piadista), além de Maria Flor.
Jabor já foi melhor com “Toda nudez será castigada”, “Eu te amo”, “Tudo bem” e “Opinião pública”. Esse, junto com “Pindorama”, são seus filmes menores e descartáveis.
Em suma, um drama ingênuo, desconcertado, teatral demais. Por Felipe Brida

A suprema felicidade (Idem). Brasil, 2010, 125 min. Drama. Dirigido por Arnaldo Jabor. Distribuição: Paramount Pictures

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Resenha

.
Água para Elefantes

Por Morgana Deccache *

O drama estrelado por Reese Witherspoon, Robert Pattinson (da saga "Crepúsculo") e Christopher Waltz (o coronel Hans Landa, de "Bastardos Inglórios", vencedor do Oscar de ator coadjuvante) é uma adaptação ao cinema do best seller Water for Elephants, escrito por Sara Gruen, com roteiro de Richard LaGravanese e direção de Francis Lawrence (de "Eu sou a Lenda" e "Constantine").
A história: O jovem Jacob Jankowski (Robert Pattinson) perde os pais e a casa, entra em depressão e resolve abandonar a faculdade de Veterinária. O rapaz adentra um trem de passagem e conhece o mundo do circo, decidindo acompanhá-lo por causa de sua experiência na área veterinária, ficando responsável pelos animais.
Lá Jacob testemunha a brutalidade com que os bichos são tratados e cria um laço afetivo com uma elefanta que é adquirida de um outro circo que faliu. Ele se apaixona pela domadora de cavalos Marlena (Reese Whiterspoon), que é casada com o covarde treinador e dono do circo, August (Christoph Waltz).
O filme é ambientado nos anos de 1929 e 1930, início da Grande Depressão pós-guerra. O enredo é carregado de tensões, conflitos e dramas, e ao mesmo tempo rico em sensibilidade, dinamismo, fala sobre amizade e amor. Altamente recomendado. Vale a pena conferir este filme!

Ficha técnica

Título original: Water for Elephants
Direção: Francis Lawrence
Roteiro: Richard LaGravenese
Elenco: Reese Witherspoon, Robert Pattinson, Christopher Waltz, Hal Holbrook, Paul Schneider
País/Ano: EUA, 2011
Duração: 120 min.


(*) Morgana Deccache é jornalista, professora universitária no campo de Comunicação e palestrante com formação nas áreas de liderança e teatro amador de pantomima. É também locutora e professora de cursos profissionalizantes. Escritora nas horas vagas. Natural do Rio de Janeiro, atualmente reside em São José do Rio Preto, interior de São Paulo.

sábado, 14 de maio de 2011

Especiais sobre cinema

.
Um norte-americano na Revolução Russa

Por Felipe Brida *


Lançado em 1981, o épico moderno Reds retrata com seriedade e precisão a trajetória do jornalista John Reed (1887-1920), que, após viajar o mundo para cobrir guerras e revoluções no início do século 20, identificou-se com o comunismo na Rússia e muda para o país com o intuito de conhecer seus ideais. Lá, aprendeu a cartilha da Revolução Bolchevique, tornou-se ativista do sistema de governo e, ao retornar aos Estados Unidos, iniciou a formação do Partido dos Trabalhadores.
Reed vivenciou um período da história contemporânea de grandes transformações sociais e políticas em todo o mundo. Absorveu conceitos e estratégias daquela nova forma de política, baseada no notório Manifesto do Partido Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels, que afrontava diretamente o capitalismo reinante. Com apenas 28 anos, ficou famoso pelos discursos inflamados e influenciou futuras gerações de ativistas.
Com mais de três horas de duração, o filme apresenta todos esses momentos da vida do jornalista. Para interpretar o personagem principal, Warren Beatty (também diretor e roteirista do Reds) estudou a fundo o biografado e, durante as gravações na Rússia, colheu uma série de depoimentos de pessoas que tiveram contato com Reed, além de amigos de infância e colegas de profissão. Tais comentários foram incluídos ao longo do filme e permitem entender melhor a Revolução Russa.
A película não se prende ao panorama histórico e acompanha com rigor o relacionamento entre Reed e a escritora feminista Louise Bryant (1885-1936), o grande amor de sua vida, interpretada por Diane Keaton. Com 12 indicações ao Oscar em 1982, foi premiado em três categoriais: diretor, atriz coadjuvante (Maureen Stapleton) e fotografia (Vittorio Storaro).

A revolução e os personagens de Reds

Em 1917, a Revolução Russa ganhou projeção mundo afora e seus preceitos foram disseminados para outros países. Lênin foi um dos principais atores do movimento e, influenciado pela obra de Karl Marx, colocou em prática seus ideais em prol dos operários, que passaram a reivindicar melhores condições de trabalho e a organizar greves e paralisações nas fábricas. Foi um momento em que grande parte da classe trabalhadora foi à luta contra o setor dominante, detentor do poder.
Em Reds, a revolução em si aparece na metade do filme, quando Reed escreve os primeiros capítulos do seu famoso livro "Dez Dias que Abalaram o Mundo", que aborda todo o processo. Paralelamente à explosão do movimento, o jornalista descobre a traição de Louise, que mantinha um caso com o dramaturgo anarquista Eugene O’Neill (interpretado de forma marcante por Jack Nicholson). Nesse momento, resolve isolar-se na Rússia e volta a ter contatos frequentes e sigilosos com a velha amiga Emma Goldman (papel de Maureen Stapleton), que teve grande influência no desenvolvimento do Anarquismo na América do Norte.
A luta de Reed terminou em 1920, quando morreu de tifo em um hospital de Moscou. Ele foi o único norte-americano a ser enterrado com honras de herói na Rússia, próximo ao Palácio do Kremlin, na Praça Vermelha.

Ficha técnica

Título original e em português: Reds
País/Ano: Estados Unidos, 1981
Gênero: Drama
Duração: 195 minutos
Direção: Warren Beatty
Distribuição em DVD no Brasil: Paramount Pictures

* Publicado na coluna "Cine na Intra", no site do Senac São Paulo (www.sp.senac.br), em 25 de março de 2011

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Cine Lançamento



Demônio

Cinco pessoas ficam presas no elevador de um arranha-céu comercial. Do lado de fora, os bombeiros procuram uma maneira de retirá-las daquele espaço. É quando estranhos fenômenos tomam conta do local; o mal, sob a forma de um demônio, torna-se mais um integrante do elevador.

De arrepiar! Há muito tempo não assistia a um filme tenso, que me deixasse aflito na cadeira do cinema. E agora, “Demônio” pode ser conferido em DVD, já nas locadoras.
Tem uma história surpreendentemente criativa escrita por M. Night Shyamalan (de “O sexto sentido”, que de uns anos para cá cometeu sucessivos fracassos ao rodar filmes péssimos), que causa medo do início ao fim. Até os que não acreditam no diabo ficarão com os olhos bem abertos.
A idéia é simples: cinco cidadãos que nunca se viram estão presos no elevador durante um dia comum de trabalho (uma jovem bonita, uma idosa mal encarada, um segurança negro, um rapaz super descolado e outro de trinta anos engravatado). O clima de medo aumenta a cada instante, as cinco pessoas ficam sob tensão enquanto não vem o socorro, e cada um, incitados por algo misterioso, encontra meios de se agredirem tanto física quanto verbalmente. Para piorar, a luz se apaga, e uma força sinistra invade aquele lugar fechado. Até que um a um é morto de maneira brutal.
Dirigido por um rapaz talentoso, John Erick Dowdle, o filme já começa bem com um suicídio no edifício, onde um corpo despenca do alto do prédio. Este vira o fio condutor de toda a história.
Deixo de dar detalhes pelo final surpresa. Não deixem de assistir e se preparem para a trama assustadora. Uma autêntica fita de terror, original, marcante e que reúne tudo aquilo que o público espera do gênero. Por Felipe Brida

Demônio (Devil). EUA, 2010, 80 min. Horror. Dirigido por John Erick Dowdle. Distribuição: Universal

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Cine Lançamento



Do começo ao fim

Julieta (Julia Lemmertz) tem dois filhos com maridos diferentes, Francisco (João Gabriel Vasconcellos) e Thomas (Rafael Cardoso). Os irmãos, um com seis anos a mais que outro, tornam-se íntimos desde pequenos; na juventude, iniciam um relacionamento amoroso, cheio de dúvidas.

Um filme brasileiro de baixo orçamento que tenta, pela primeira vez, incursionar pelo tema da homossexualidade. Mexe com tabus ainda maiores, pois os personagens que se amam são irmãos (nascidos da mesma mãe, mas de pais distintos). Porém o grande problema é que a fita tem uma história pobre, sem conflitos, em especial porque vira um dramalhão, super piegas. De passagem, os dois atores principais não funcionam, são fracos, e seus personagens vivem um conto-de-fadas absurdo, aonde tudo se encaixa.
O que poderia ter sido notório pelo pioneirismo do tema, dá margem a uma fitinha sem sal que em nada acrescenta. A própria polêmica em torno de dois irmãos apaixonados não se destaca – repare como eles sequer questionam esse fato, sendo que os próprios pais não acham esquisito!
O elenco de coadjuvantes fica apagado: Julia Lemmertz, a mãe, logo desaparece; Fábio Assunção, o pai, está horrível (não funciona como ator de cinema); e pontas nada memoráveis de Louise Cardoso e do famoso documentarista Eduardo Coutinho.
Em seu terceiro longa, o diretor Aluizio Abranches, de “Um copo de cólera”, erra feio, criando aparentemente um projeto pessoal, só que distante da realidade. Não dá certo como drama tampouco como história de amor, pelo menos para o público mais informado, que não sairá convencido após a sessão. Por Felipe Brida

Do começo ao fim (Idem). Brasil, 2009, 95 min. Drama. Dirigido por Aluizio Abranches. Distribuição: Europa Filmes

sábado, 7 de maio de 2011

Viva nostalgia!

.

Sem lei e sem alma

O xerife Wyatt Earp (Burt Lancaster) e o pistoleiro Doc Holliday (Kirk Douglas) se unem na caçada de criminosos no Velho Oeste. A aliança desses dois destemidos culmina no famoso episódio do “Tiroteio em O.K. Corral”.

Faroeste classe A baseado em acontecimentos reais – o longo tiroteio em O.K. Corral, em Tombstone (Arizona), como já diz o título original do filme. Desse massacre, saíram vivos os dois protagonistas, que entraram definitivamente para a História do Oeste Americano no século XIX: o lendário xerife durão Wyatt Earp e seu amigo, o atirador alcoólatra e tuberculoso Doc Holliday, habilidoso no gatilho (e que era dentista!).
Ambos, na vida real, foram colegas próximos. Percorriam o Arizona caçando sem dó os marginais que perturbavam o sossego social. E não pensavam duas vezes em mandar bala nos mais valentões. Por isso ficaram famosos como “homens da lei” – interpretava-se “lei” de forma diferentes tempos.
Relançado em cópia excelente pela Paramount Pictures (havia outras no mercado com qualidade inferior, de outras distribuidoras), o faroeste divide-se em duas partes: na primeira metade a apresentação dos personagens centrais (suas aventuras, vida particular etc) e na outra, a preparação para o notório duelo que se transformou num tiroteio sem precedentes.
Kirk Douglas e Burt Lancaster interpretam a dupla com química perfeita, ambos com cara fechada, dois barris de pólvora, que se complementam, muito bem dirigidos pelo habilidoso John Sturges, de fitas de faroeste como “Duelo de titãs” (1959) e “Sete homens e um destino” (1960).
Feito em 1957, recebeu duas indicações ao Oscar, melhor edição e melhor som, e conta com pequenas participações de Jo Van Fleet, Dennis Hopper, John Ireland, Rhonda Fleming, DeForest Kelley e Lee Van Cleef.
Para os fãs, um western de primeira! Por Felipe Brida

Sem lei e sem alma (Gunfight at the O.K. Corral). EUA, 1957, 122 min. Faroeste. Dirigido por John Sturges. Distribuição: Paramount Pictures

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Morre o roteirista e dramaturgo Arthur Laurents

.

O roteirista de cinema, dramaturgo e diretor da Broadway Arthur Laurents morreu ontem aos 92 anos, em Manhattan, Nova York, vítima de complicações de uma pneumonia. Recebeu duas indicações ao Oscar em 1977 pelo drama “Momento de decisão” – melhor roteiro e melhor filme.
De origem judia, nasceu em 14 de julho de 1918 na cidade de Nova York. Escreveu o roteiro de fitas importantes como “Festim diabólico” (1948 – de Alfred Hitchcock), “Coração prisioneiro” (1949), “Anastácia, a princesa esquecida” (1956), “Bom dia, tristeza” (1958) e “Anastácia” (1997 - animação).
É de sua autoria a peça “Quando o coração floresce” (“Summertime”) que, em 1955, virou filme que deu a Katherine Hepburn indicação ao Oscar de atriz.
Clássicos do cinema, “Amor, sublime amor” (1961), “Gypsy” (1962) e “Nosso amor de ontem” (1973) foram baseados em livros escritos por Laurents.
Apontado como comunista, nos anos 50 entrou para a lista negra do Macartismo. Era homossexual assumido e teve um longo relacionamento com o ator Farley Granger, falecido em março deste ano. Por Felipe Brida

terça-feira, 3 de maio de 2011

Cine Lançamento


As crônicas de Nárnia – A viagem do peregrino da Alvorada


Ao tocarem em um quadro na parede, os jovens Lucy (Georgie Henley), Edmund (Skandar Keynes) e Eustace (Will Poulter) são transportados para o mundo mágico de Nárnia. Os três caem dentro do navio Peregrino da Alvorada e lá encontram príncipe Caspian (Ben Barnes) e o nobre rato Ripchip. Juntos, cruzarão ilhas misteriosas, onde irão enfrentar criaturas míticas, com o objetivo de salvar Nárnia da destruição.

Terceira parte da cinessérie “As crônicas de Narnia”, sucesso de público e crítica no mundo inteiro. É o mais fraco (ou menos bom) até agora (até porque os dois anteriores eram espetaculares), justamente por ter pouca ação, ritmo lento, muito diálogo – por isso a criançada não tem paciência. Por outro lado a qualidade técnica surpreende, notável pela direção de arte e bons efeitos visuais – a das águas que vazam do quadro, no início, surpreende.
Só mesmo quem acompanha as outras aventuras de Narnia irá compreender os detalhes dessa história de fantasias criada por C.S. Lewis (1898-1963), contemporâneo do também inglês J.R.R. Tolkien, que publicaram livros de segmentos parecidos (Tolkien é mais dark com aventuras que beiram o terror).
Indicado ao Globo de Ouro de melhor canção (“There’s a place for us”), este Narnia tem seu charme inegável como fita de magia, de grande produção. Não é o melhor, no entanto garante-se como entretenimento, mais voltado para jovens e adultos.
Dirigido por Michael Apted, de dramas sérios como “O destino mudou sua vida”, “Nas montanhas dos gorilas” e Nell”. Por Felipe Brida

As crônicas de Nárnia – A viagem do peregrino da Alvorada (The chronicles of Narnia: The Voyage of the dawn Treader). EUA, 2010, 113 min. Aventura. Dirigido por Michael Apted. Distribuição: Fox Film