sábado, 22 de fevereiro de 2020

Resenha Especial



A última aventura de Robin Hood

Os últimos anos de vida do lendário ator americano Errol Flynn (Kevin Kline), o eterno Robin Hood do cinema.

Errol Flynn (1909-1959) integrou a galeria dos maiores astros da Era de Ouro de Hollywood, um nome imortalizado em clássicos de aventura intocáveis, como “Capitão Blood” (1935) e “As aventuras de Robin Hood” (1938). Era um homem alto, charmoso e galanteador, e como muitos astros da época, mulherengo. Mesmo casado, tinha uma fila de amantes, e teve relacionamento com menores de idade. É o caso retratado nesse drama pouco comentado em seu lançamento (2013), cuja polêmica história saiu das páginas do livro “The big love”, de 1961. Nos últimos dois anos de vida, o ator envolveu-se com uma menina de 15 anos, 33 anos mais jovem que ele, chamada Beverly Aadland (papel de Dakota Fanning), sua secretária e depois levou-a para fazer filmes, sem sucesso algum. A mãe da jovem, Florence Aadland (que no filme é interpretada por Susan Sarandon), viveu na corda bamba diante daquele romance, e foi ela quem escreveu o tal livro, dois anos após a morte de Flynn – muitas das passagens são questionadas, segundo a família do ator há muita deturpação e situações inverídicas ali.
Em todo caso como cinema o filme funciona bem, ainda mais quando toca no assunto-chave, as acusações de estupro do ator, com uma menor de idade (na década de 50 não se falava em pedofilia). Sabendo disso a mídia americana detonou o astro, o caso teve repercussão mundial, e fez afundar a carreira de Flynn, que adoecia a cada dia, entregou-se à bebida até morrer de infarto aos 50 anos.


Tem um sabor melancólico, com ares trágicos soltos no ar, que jogo luzes e sombras na vida de um grande ator do cinema de Hollywood e ainda retrata, como pano de fundo, o fim da Era de Ouro do cinema norte-americano.
Kevin Kline ficou a cara de Flynn, e Dakota Fanning, muito parecida com a verdadeira Beverly (a atriz Beverly Aadland nunca alcançou sucesso, dos quatro filmes que fez apenas em um recebeu crédito com o nome nos letreiros, foi casada três vezes e morreu esquecida em 2010, aos 67 anos).
Exibido no TIFF (Toronto International Film Festival), foi escrito e dirigido pela dupla Richard Glatzer e Wash Westmoreland, que eram casados – dirigiram juntos quatro longas, “The fluffer” (2001), “Meus quinze anos” (2006), este aqui e o mais importante da carreira, “Para sempre Alice” (2015 – que deu o Oscar de atriz para Julianne Moore, e no referido ano Glatzer faleceu vítima de esclerose lateral amiotrófica); depois da morte do companheiro, Westmoreland dirigiu a biografia “Colette” (2018) e em 2019 o suspense para o Netflix “Pássaro do Oriente”.
Quase ninguém ouviu falar da produção (uma pena), que saiu diretamente em DVD no Brasil pela Universal. Indico especialmente para quem curte relatos sobre os bastidores de Hollywood.

A última aventura de Robin Hood (The last of Robin Hood). EUA, 2013, 90 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Richard Glatzer e Wash Westmoreland. Distribuição: Universal


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