Especial ‘Cinema folk horror’
Um clássico filme de
terror
Em viagem, um grupo de jovens se perde em uma estrada abandonada. Ela
fica ao lado de uma vasta floresta no sul da Itália. Os amigos acabam
sequestrados por membros de uma estranha seita. Eles passam por torturas e
tentam fugir do local onde estão aprisionados, num casarão antigo.
Fita italiana independente, lançada pela Netflix na pandemia, em 2021,
com roteiro inspirado em antigos filmes de folk horror – por isso o título do
longa. O terror folclórico envolve uma seita de pessoas que se vestem com
túnicas vermelhas com capuz e máscaras de madeira com traços monstruosos. Eles
sequestram os personagens centrais da história e os aprisionam numa velha casa
na floresta. No porão, os membros daquela comunidade torturam as vítimas com
instrumentos da época da Inquisição, tipo a Dama de Ferro, e arrancam os olhos
dos coitados para concluir seus rituais pagãos, de sacrifício humano. Os que
sobrevivem tentam escapar daquele inferno. Traz características do terror slasher,
já que a seita tem assassinos perversos, que matam de maneira sanguinária, e
momentos que remetem ao maior folk horror do cinema, ‘O homem de palha’ (1973). A fotografia escura da casa antiga – o filme se passa
inteiramente lá, dá o tom de medo e aprisionamento. Com um estilo de gravação
de filme antigo, envelhecido, como em películas em 16 e 35mm, o filme foi
exibido no Festival de Taormina e concorreu na categoria de melhor efeitos
visuais no David di Donatello, o Oscar italiano. A protagonista é a atriz
Matilda Lutz, de ‘Vingança’ (2017) e ‘Camaleões’ (2023).
Para quem gosta de trilhas sonoras em
filmes, como eu, repare na famosa música italiana ‘Il cielo in una stanza’, na
voz de Gino Paoli, cantada nos anos 50, que abre e fecha o longa – uma canção
melancólica, triste e que combina com o enredo. Disponível na Netflix.
Um clássico filme de
terror (A classic horror
story). Itália, 2021, 95 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Roberto De Feo
e Paolo Strippoli. Distribuição: Netflix
Fréwaka
Shoo (Clare Monnelly)
trabalha como cuidadora de idosos. Ela aceita um serviço longe de sua cidade e
viaja até uma remota vila para cuidar de uma idosa com agorafobia, Peig (Bríd
Ní Neachtain). A senhora conta para Shoo que está aprisionada na casa por
espíritos que a raptaram. A jovem acredita que aquilo seja apenas superstição,
já que Peig é idosa e está doente, no entanto estranhos acontecimentos a
deixarão perplexa, colocando suas crenças em jogo.
Gosto de filmes de
terror sem ter violência explícita ou monstros e fantasmas. O subentendido
causa mais medo e angústia, como acontece neste folk horror irlandês pouco
conhecido do público, exibido nos festivais de Locarno e Chicago e premiado em
Sitges, festival de cinema espanhol especializado em terror, realizado na
cidade costeira de Sitges. Na história, realidade e paranoia se confundem na
rotina de trabalho de uma jovem cuidadora de idosos em uma cidadezinha remota.
Ao se aproximar de sua paciente, uma idosa solitária, temida pelos vizinhos por
acharem que ela endoidou de vez, a jovem começa a duvidar da própria sanidade.
Teriam, de verdade, espíritos malignos raptados aquela mulher, como a
senhorinha diz? No filme, as ameaças são nos detalhes, com vultos e urros
estranhos, que provocam um ou outro jumpscare – até a descoberta de um sinistro
porão na casa, onde se faz bruxarias. Aquilo se transforma num jogo mental – a
apreensão da protagonista a faz revisitar o passado marcado por um suicídio e
outros traumas, colaborando para o tormento dela. O folk horror aos poucos se
revela, com símbolos sagrados e uma seita naquela comunidade rural na Irlanda.
Produção original da Shudder, streaming norte-americano especialista em terror
e fantasia, está disponível no streaming Reserva Imovision – aliás, a Imovision
é responsável por lançar vários títulos da Shudder no Brasil, já que não existe
o streaming original deles disponível por aqui, como ‘Mad god’ (2021), ‘A
tristeza’ (2021), ‘Deadstream’ (2022), a primeira versão de ‘Não fale o mal’ (2022)
e a série ‘The Creep tapes’ (2024). OBS - Fréwaka é um termo
irlandês que significa ‘raízes’, no sentido de conexão e ancestralidade.
Fréwaka (Idem). Irlanda, 2024, 103 minutos. Terror.
Colorido. Dirigido por Aislinn Clarke. Distribuição: Imovision






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