Festival MixBrasil
divulga lista dos premiados
A equipe do ‘33º
Festival MixBrasil de Cultura da Diversidade’ anunciou na última semana a lista
dos filmes premiados em todas as categorias. Um dos maiores festivais de cinema
LGBTQIAPN+ da América Latina, que reúne também outras expressões artísticas,
como games, exposições de artes visuais, workshops, literatura e shows, deu aos
seguintes filmes o prêmio principal, o Coelho de Ouro: ‘A natureza das coisas invisíveis’,
de Rafaela Camelo, ‘Arrenego’, de Fernando Weller e Alan Oliveira, e ‘Boi de salto’,
de Tássia Araújo. O Mix Brasil termina ontem, dia 23/11.

Premiados
Os vencedores na
categoria ‘Cinema’ da 33ª edição do Festival MixBrasil de Cultura da
Diversidade foram anunciados na noite da última quarta-feira, 19 de novembro,
na Biblioteca Mário de Andrade. ‘A natureza das coisas invisíveis’, de Rafaela
Camelo, recebeu o prêmio de melhor longa-metragem brasileiro, enquanto ‘Arrenego’,
de Fernando Weller e Alan Oliveira, venceu a Mostra Reframe; o curta-metragem
brasileiro ‘Boi de salto’, de Tássia Araújo, levou o prêmio nesta categoria.
Todos eles receberam pelo júri o Coelho de Ouro, honraria máxima do evento.
De acordo com a votação
do público, o Coelho de Prata ficou para ‘Apolo’, de Tainá Müller e Ísis
Broken, na categoria de melhor longa-metragem nacional, e o australiano ‘A sapatona
galáctica’, de Leela Varghese e Emma Hough Hobb, como melhor longa
internacional. ‘Fardado’, de Dan
Biurrum, e ‘Tão pouco tempo’, de Athina Gendry, receberam respectivamente os
prêmios de melhor curta nacional e internacional. Confira abaixo outros filmes
premiados na edição 2025 do Mix Brasil:
Coelho de Prata -
Prêmio do Júri da Mostra Competitiva Brasil para Curtas-metragens
· Melhor Direção: Rosa Caldeira e Nay
Mendl, por ‘Fronteriza’
· Melhor Roteiro: Luma Flôres, por ‘Como
nasce um rio’
· Melhor Interpretação: Leona Vingativa,
Aria Nunes, Laiana do Socorro, Victor Henrique Oliver, Agarb Braga, Mac Silva e
Juan Moraes por ‘Americana’
· Menções Honrosas: ‘A Vaqueira, a dançarina
e o porco’, de Stella Carneiro e Ary Zara, e ‘Vípuxovuko – Aldeia’, de Dannon
Lacerda
Coelho de Prata -
Prêmio do Júri da Mostra Competitiva Brasil para Longas-metragens
· Melhor Direção: Guto Parente, por ‘Morte
e vida Madalena’
· Melhor Roteiro: Guto Parente, por ‘Morte
e vida Madalena’
· Melhor Interpretação: Laura Brandão e
Serena, por ‘A natureza das coisas invisíveis’
· Menções Honrosas: ‘Apolo’, de Tainá
Müller e Ísis Broken, e ‘Apenas coisas boas’, de Daniel Nolasco
Coelho de Prata -
Prêmio do Júri da Mostra Competitiva de Inteligência Artificial
· Melhor Filme: ‘Sakura Gansha’, de Sijin
Liu (Reino Unido/Taiwan)
· Menção Honrosa: ‘Essa não é uma carta de
amor’, de Danilo Craveiro (Brasil)
Coelho de Prata -
Prêmio do Público
· Melhor Curta-Metragem Nacional: ‘Fardado’,
de Dan Biurrum
· Melhor Curta-Metragem Internacional: ‘Tão
pouco tempo’, de Athina Gendry (França, Alemanha)
· Melhor Longa-Metragem Nacional: ‘Apolo’,
de Tainá Müller e Ísis Broken
· Melhor Longa-Metragem Internacional: ‘A
sapatona galáctica’, de Leela Varghese, Emma Hough Hobb (Austrália)
Menção Honrosa – Mostra
Reframe: ‘Resumo da ópera’, de Honório Félix e Breno de Lacerda
• Prêmio Canal Brasil de
Curtas: ‘Fronteriza’, de Rosa Caldeira e Nay Mendl
• Prêmio SescTV
Apresenta: ‘Como nasce um rio’, de Luma Flôres
• Prêmio Show do Gongo: ‘A
perna cabeluda’, de Manequins Harmonizades
Com o tema “A gente quer
+”, o ‘33º Festival Mix Brasil’ trouxe uma das maiores programações da sua
história, exibindo 142 filmes de 33 países e de 18 estados brasileiros, além de
uma série nacional e diversos curtas-brasileiros e internacionais. O evento é
uma realização da Associação Cultural Mix Brasil e do Ministério da Cultura,
conta com a iniciativa da Lei de Incentivo à Cultura, e patrocínio do
Itaú, Spcine e Prefeitura de São Paulo,
e com o apoio cultural do SescSP e da Embaixada da França, e parceria com a
Talent — responsável pela campanha “A
Gente Quer +”, Bumblebeat e Surreal. Apoio institucional: Instituto Moreira
Salles, Teatro Sérgio Cardoso, Museu da imagem e do Som, Centro Cultural São
Paulo, Mistika e DOT Cine, ImpulseSP, Reserva Cultural, Imovision e Cinemark.
Promoção: Canal Brasil e Gazeta.
Confira abaixo dois bons
títulos conferidos no festival por mim, que devem estrear em breve no circuito
de cinemas e nos streamings:
Niñxs
(México/Alemanha, 2025,
de Kani Lapuerta)
Uma jornada de
autodescoberta em torno da nova identidade de gênero de um garoto é o tema
central do bom documentário mexicano coproduzido na Alemanha que teve a première
no Brasil no 33º Festival Mix Brasil. Na idílica cidade de Tepoztlán, localizada
no México e conhecida por suas lendas e misticismo, Karla, de 15 anos, vive os
primeiros meses com a nova identidade, de pessoa transgênero – antes ela era um
menino que não aceitava sua condição. Alegre, inteligente, ela perambula pelas
ruas com amigos, tem respeito da família, mas percebe olhares preconceituosos da
sociedade. É o amadurecimento de uma garota da geração Z, antenada no mundo
digital e preocupada com questões sobre diversidade e inclusão. A personagem
conquista pelo carisma, o filme é curtinho, tem uma fotografia mágica dessa cidadezinha
mexicana cercada por pirâmides, penhascos e florestas, e há boa apresentação da
vida da protagonista e dos amigos e familiares dela – em momentos de pura
intimidade, outros engraçados e alguns de reflexões. Exibido no importante
festival suíço de documentários Visions du Réel, ganhou prêmios em mostras
competitivas internacionais. O ‘x’ do título afirma a linguagem neutra, entre ‘Niños’
e ‘Ninãs’.
Gravidade
(Brasil, 2025, de Leo
Tabosa)
Depois de passar por festivais
como Cine Ceará e Mostra de Cinema de SP, ‘Gravidade’, longa pernambucano de
Leo Tabosa, teve exibição no Mix Brasil onde foi recebido com calorosos aplausos.
É um bom filme de teor tanto feminista quanto queer, que flerta com gêneros dos
mais diversos, como drama, ficção científica e até o terror sobrenatural. O tom
do filme é de ‘fim do mundo’. Duas mulheres, mãe e filha, passam a noite em
claro esperando pelo fim dos tempos. Isto porque uma delas acredita em supostas
teorias da conspiração que apontam que a gravidade irá acabar nas próximas
horas. Isoladas em casa, os ânimos se acirram, as brigas crescem, e nada de o
mundo acabar. Porém uma fenda na parede da cozinha aos poucos se abre, chamando
a atenção para uma luz que sai de dentro. Não é um filme fácil nem fluido,
exige-se atenção, há muitas passagens simbólicas e visualmente ousadas, como a
da misteriosa fenda e a entrada de personagens ocasionais na trama, que mudam o
destino da história. Vejo o filme como um exercício estético para poucos – é difícil
vermos o scifi estilizado no cinema brasileiro. O elenco engrandece o curioso
filme independente, com veteranas do cinema em cena, como Clarisse Abujamra e
Helena Ignez, e um trabalho pessoal impecável de Hermila Guedes e Marcélia
Cartaxo. Gostei de ter conhecido o filme no Festival Mix e espero que logo
estreie para que o público possa vê-lo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário