quarta-feira, 1 de abril de 2020

Resenhas Especiais


CINEMA E TV


Quatro bons telefilmes para conferir em casa na quarentena. Leiam e comentem!

Síndrome mortal

A detetive Anna Manni (Asia Argento) investiga uma série de assassinatos na Itália. O caso torna-se mais complicado por ela sofrer da Síndrome de Stendhal, aquela que deixa a pessoa vulnerável, com vertigens, quando fica frente a frente a grandes obras de arte. Sua suspeita é de que seja a próxima vítima do serial killer.

Telefilme italiano de horror e investigação assinado pelo mestre do giallo Dario Argento, dirigindo novamente sua filha, Asia Argento - juntos fizeram pelo menos três filmes, como o sangrento “Trauma” (1993), o melhor deles.
Nessa fita menor, não menos importante, Argento pegou o que há de melhor na Itália: o premiado compositor Ennio Morricone faz a genial trilha sonora, e Giuseppe Rotunno, de “O leopardo” (1963) e “Amarcord” (1973), dita a sombria fotografia. E como produtor e roteirista, livre para fazer o que bem entendesse, destila todos os ingredientes do conceitual cinema giallo nesse caprichado filme para a TV, com cenas de violência explícita, gritos, suspense e mortes macabras – baseado no romance original de Graziella Magherini, o roteiro é a quatro mãos, com seu velho parceiro Franco Ferrini, com quem escreveu um de meus gialli preferidos, “Terror na ópera” (1987).
Numa espiral do medo, uma novata detetive sai no encalço de um perigoso assassino enquanto lida com a Síndrome de Stendhal (ou Síndrome de Firenze), que a deixa com vertigens quando entra em museus e galerias de arte. Na lista suspeitos desfilam diante de seus olhos, mas a cada minuto a morte parece rondar a casa onde mora...
Memorável pelas sequências das balas de revólver atravessando o rosto das vítimas, feitas em câmera lenta (marca direta de Argento). E termina com um desfecho sem compaixão, nos moldes do melhor cinema do diretor.
Também atuam no telefilme Marco Leonardi, Thomas Kretschmann e os veteranos atores italianos Paolo Bonacelli e Luigi Diberti.
Retornou recentemente ao catálogo da distribuidora Versátil, disponível em DVD numa inédita versão integral restaurada.

Síndrome mortal (La sindrome di Stendhal). Itália, 1996, 119 minutos. Suspense/Terror. Colorido. Dirigido por Dario Argento. Distribuição: Versátil Home Video


O homem da máscara de ferro

O mosqueteiro D’Artagnan (Louis Jordan) lidera um grupo para secretamente libertar o irmão gêmeo do rei Luís XIV (Richard Chamberlain), aprisionado com uma máscara de ferro pelo déspota numa masmorra.

Com o sucesso absoluto de “Titanic” (1997), Leonardo DiCaprio tornou-se queridinho da América, com status de jovem galã, e atuou logo em seguida na superprodução “O homem da máscara de ferro” (1998), assistido em todo o mundo, em especial pelos fãs do ator. Muitos se lembram dessa versão que contava com um belíssimo figurino, mas bem irregular. Só que 20 anos antes houve esse telefilme britânico coproduzido nos Estados Unidos, muito bem realizado, e hoje esquecido. Trazia um elenco magistral, como Richard Chamberlain (em papel duplo, do rei Luís XIV e do irmão, Phillipe, o tal personagem do título), Patrick McGoohan (o vilão Fouquet), Louis Jordan (como D’Artagnan), Ian Holm, Ralph Richardson e Vivien Merchant, e uma direção cuidadosa do inglês Mike Newell, que no futuro faria filmes brilhantes como “Quatro casamentos e um funeral” (1994) e “Donnie Brasco” (1997) – e antes ainda houve uma versão PB, de James Whale, de 1939, com Louis Hayward e Joan Bennett.
O telefilme, que retornou recentemente em DVD ao catálogo da Classicline, adapta com livres criações o romance clássico de Alexander Dumas, pai, dando ênfase à emoção e ao romance, retirando personagens da obra literária (por exemplo, os mosqueteiros Athos, Porthos e Aramis nem são mencionados, deixando nas mãos de D’Artagnan a missão de resgatar o irmão do rei, amarrado numa masmorra com uma máscara de ferro como punição).
Indicada ao Emmy de filme para a TV e figurino, a aventura sobre vingança e justiça investe em boas cenas de luta de espadas, com um elegante figurino e direção de arte condizente, que nos transportam para a França da metade do século XVII, sob o reinado do déspota Luís XIV, o Rei Sol. Assista e se emocione com essa clássica história que perpassa o tempo!

O homem da máscara de ferro (The man in the iron mask). Reino Unido/EUA, 1977, 105 minutos. Aventura. Colorido. Dirigido por Mike Newell. Distribuição: Classicline

Fuga de Sobibor

Em outubro de 1943, judeus aprisionados no campo de concentração de Sobibor, na Polônia, organizam uma fuga em massa, escapando de lá, com vida, 300 pessoas.

Rodado na Sérvia, com um grande número de figurantes, o emocionante e trágico telefilme foi baseado em três materiais sobre a famosa fuga em massa dos judeus dos campos de Sobibor: no livro de mesmo nome de Richard Rashke, no livro de memórias “Inferno em Sobibor”, de Stanisław Szmajzner (um sobrevivente desse campo de concentração), e nos manuscritos “From the ashes of Sobibor”, de Thomas Blatt (outro sobrevivente, que na época da escapada tinha 16 anos de idade).
O tema é duro, a história é uma ode à vida, também presta uma homenagem aos sobreviventes do temível Holocausto. O campo de extermínio alemão Sobibor, localizado na Polônia ocupada pelos nazistas, era chamada de “Máquina da morte”; lá cerca de 260 mil judeus, prisioneiros de guerra soviéticos e ciganos foram cruelmente mortos, em câmeras de gás alimentadas por escapamentos de motor a diesel. Matava-se uma infinidade de gente por dia, em série (um horror dos nossos tempos, infelizmente). E em Sobibor ocorreu a única revolta registrada dos judeus na Segunda Guerra Mundial – eles secretamente mataram onze oficiais nazistas para poder fugir, e dos 600 próximo da metade conseguiu escapar com vida. Do feito quase heroico, espalharam-se pelo mundo, constituindo família.
Drama, ação e guerra são os gêneros presentes no aclamado telefilme britânico, que contou com um elenco em atuações impressionantes, com destaque para o recém-falecido Rutger Hauer, que ganhou o Globo de Ouro de coadjuvante pelo papel – além dele, o telefilme recebeu o Globo de melhor minissérie, dividindo o prêmio com “Poor little rich girl” (a história da multimilionária socialite americana Barbara Hutton), e Alan Arkin indicado a melhor ator.
Do diretor Jack Gold, que fez muitos documentários, séries e telefilmes, mas pouco cinema, como o drama de guerra “Ases do espaço” (1976) e o terror com Richard Burton “O toque da medusa” (1978).
Há muitas cópias no mercado, mas a melhor é esta, da Classicline, relançada em DVD esse ano – com metragem reduzida, de 120 minutos (enquanto a original tinha 140 min.)
PS: No ano passado saiu um filme sobre a revolta, “Sobibor” (2019), um longa russo exibido nos cinemas brasileiros. Vale conhecer também.

Fuga de Sobibor (Escape from Sobibor). Reino Unido/Iugoslávia, 1987, 120 minutos. Guerra/Drama. Colorido. Dirigido por Jack Gold. Distribuição: Classicline

 
Às vezes eles voltam

O professor Jim Norman (Tim Matheson) muda-se com a família para uma pacata cidade do interior onde viveu a adolescência. Habitando-se à nova rotina, passa a ser assombrado por trágicas lembranças, ao mesmo tempo em que é visitado por um grupo de fantasmas perversos dentro de um carro preto.

Assustador telefilme escrito e dirigido por Tom McLoughlin, de fitas de terror dos anos 80 como “Numa noite escura” (1982) e “Sexta-feira 13 parte 6: Jason vive” (1986), em que adaptou um dos primeiros contos macabros de Stephen King para a TV. Produzido por Dino de Laurentiis,  fala de um professor que retorna à cidade natal e passa a ser assombrado por fantasmas de um grupo de jovens que morreu carbonizado em um trágico acidente de carro. Quando criança ele viu essas pessoas morrerem, e passadas as décadas eles querem vingança.
Febril, perturbador, com cenas asquerosas de mortos podrões, é um dos melhores telefilmes baseados em King - tem várias cópias no mercado, mas opte por essa remasterizada da Obras-primas do Cinema, que saiu no box “Stephen King – Contos de terror”, junto de “A criatura do cemitério” (1990), e as duas partes de “Creepshow” (1982 e 1987).
No elenco, Tim Matheson (de “Clube dos cafajestes”) faz par com Brooke Adams (de “Invasores de corpos”). Cinco anos depois houve uma péssima continuação, para vídeo, “Às vezes eles voltam 2” (1996), mudando elenco, produção, direção etc

Às vezes eles voltam (Sometimes they come back). EUA, 1991, 98 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Tom McLoughlin. Distribuição: Obras-primas do Cinema

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