quarta-feira, 17 de julho de 2024

Cine Nostalgia


Três clássicos dos anos 50 e 60, distribuídos recentemente em DVD pela Classiclime.


Simbad e a princesa

O marujo e aventureiro Simbad (Kerwin Mathews) viaja até a ilha de Colosso para reaver sua amada, Parisa (Kathryn Grant), sequestrada por um misterioso feiticeiro. A jovem foi encolhida e enclausurada numa caixa. Simbad chega àquela terra desconhecida e enfrentará armadilhas e monstros míticos.

O cinema norte-americano produziu dezenas de filmes e animações populares sobre o marujo, explorador dos sete-mares e aventureiro Simbad, personagem celebre dos contos árabes ‘As mil e uma noites’. A primeira aparição dele em filme foi em ‘Sinbad, o marujo’ (1947), com Douglas Fairbanks Jr no papel principal; depois vieram outras aventuras, como ‘O filho de Sinbad’ (1955), esse ‘Simbad e a princesa’ (1958) – um dos melhores da série, ‘Capitão Sinbad’ (1963), ‘A nova viagem de Simbad’ (1973), ‘Simbad e o olho do tigre’ (1977) e a animação da DreamWorks ‘Sinbad: A lenda dos sete mares’ (2003).
Originalmente da Columbia Pictures e rodado inteiramente na Espanha, ‘Simbad e a princesa’ virou um clássico da Sessão da Tarde, reprisado na TV muitas vezes e até hoje cultuado pelo público. É uma aventura com fantasia ingênua, cheia de peripécias e para todos os públicos. Traz o aventureiro antes de se tornar príncipe de Bagdá, que segue numa jornada desafiadora para resgatar sua amada das garras de um maligno feiticeiro. A jovem foi enfeitiçada, encolhida do tamanho de um dedo. Até chegar ao palácio do bruxo numa ilha distante, Simbad enfrentará obstáculos, armadilhas e monstros, como ciclopes, pássaros de duas cabeças, um dragão acorrentado e até uma caveira com espada.
O ponto alto do filme são os efeitos especiais, estrondosos para a época, do mestre Ray Harryhausen (1920-2013) - antes do digital e da computação gráfica. Ele criou a técnica Dynamation, uma forma pioneira de stop-motion (Harryhausen e sua equipe moldavam as criaturas ‘de massinha’ e fotografavam quadro a quadro para dar o movimento). Criou monstros memoráveis, dos filmes ‘O monstro do mar’ (1953), ‘As viagens de Gulliver’ (1960), ‘Jasão e o velo de ouro’ (1963) e ‘Fúria de titãs’ (1981).




Quem dirige é austro-húngaro Nathan Juran (1907-2002), que começou a carreira como diretor de arte e dirigiu longas de vários gêneros, como o terror ‘O castelo do pavor’ (1952), o faroeste ‘A morte tem seu preço’ (1953) e aventuras com ficção científica como ‘A 20 milhões de léguas da Terra’ (1957) e ‘O ataque da mulher de 15 metros’ (1958).
O filme acaba de ser relançado em DVD numa ótima cópia pela Classicline – no ano passado a distribuidora relançou em DVD ‘A nova viagem de Simbad’ e ‘Simbad e o olho do tigre’, que também recomendo.

Simbad e a princesa (The 7th voyage of Sinbad). EUA/Índia/Hong Kong, 1958, 88 minutos. Aventura. Dirigido por Nathan Juran. Distribuição: Classicline


Duelo de titãs

* Reedição - Resenha publicada originalmente em 2011

Atormentado pelo assassinato da esposa, uma indígena, o marechal Matt Morgan (Kirk Douglas) sai na captura de um jovem acusado pelo crime. Ele prende o rapaz e mantém seu objetivo: colocá-lo no trem das nove da noite, onde será levado para a cadeia. O que Morgan não desconfia é que o pai do suspeito é o rico fazendeiro Craig Belden (Anthony Quinn), seu grande amigo. Para proteger o filho, Belden contrata pistoleiros, que cercam a cidade. É quando explode um verdadeiro duelo entre dois titãs.

Faroeste clássico da Paramount, que reúne novamente o diretor John Sturges com seu ator preferido, Kirk Douglas (dois anos antes, em 1957, haviam feito o ótimo “Sem lei e sem alma”). A ação principal segue o típico conflito existente nos filmes western - o embate entre duas pessoas, uma movida pela vingança, outra pela autoproteção. Em “Duelo de titãs”, dois antigos amigos tornam-se rivais de uma hora para outra; tudo porque a esposa do marechal Morgan é brutalmente assassinada (ela era indígena, e foi morta por preconceito), e o acusado pelo crime nada mais nada menos é filho de um velho conhecido do protagonista, no caso um influente criador de gados. Atocaiado no quarto de um saloon, o homem com espírito de vingança enfrentará bandidos dispostos a resgatar aquele rapaz.
A curiosidade maior é que o filme segue uma linha bastante explorada no gênero na época, o “faroeste psicológico”: tenso, mexe com os nervos – imagine que da metade para o final o personagem-chave fica aprisionado num ambiente fechado, sem poder fugir, à espera do trem, sendo que na espreita está um grupo de atiradores vorazes, como se fossem lobos famintos.
A história adota uma visão ponderada da retaliação nos moldes de Talião, “olho por olho, dente por dente” (com o desenrolar dos fatos, o marechal não quer mais prender o rapaz e sim matá-lo de maneira truculenta, como uma vingança plena).




O filme saiu em DVD pela Paramount em 2011 e recentemente numa nova e boa cópia pela Classicline, num DVD de disco único chamado ‘Clássicos do faroeste – volume II’, contendo outro bom western, ‘Gigantes em luta’ (1967, com John Wayne e Kirk Douglas).

Duelo de titãs (Last train from Gun Hill). EUA, 1959, 95 min. Faroeste. Colorido. Dirigido por John Sturges. Distribuição: Paramount Pictures (DVD de 2011) e Classicline (DVD de 2024)


Gigantes em luta

Depois de cumprir pena injustamente e ser roubado por um ambicioso dono de terras, o rancheiro Taw Jackson (John Wayne) sai da cadeia com sede de justiça. Alia-se a um antigo inimigo, o pistoleiro Lomax (Kirk Douglas), e juntos planejam o roubo de um carregamento de ouro que pertence ao fazendeiro que prendeu Jackson.

Faroeste eficiente e bem-humorado, com duas lendas do western, John Wayne, em fim de carreira, que não costumava apanhar em cena e aqui leva boas bofetadas, e Kirk Douglas, pai de Michael Douglas e que viveu até os 103 anos – ele faleceu em 2020. É um faroeste por excelência, rodado no México e com a fórmula tradicional do gênero – justiça, vingança, disputa por bens e terras. John Wayne está formidável, Kirk também, e o elenco de apoio com grandes nomes dá o tom da graça dessa obra nostálgica – Keenan Wynn faz um velho louco que dirige a carruagem dos personagens principais, Howard Keel é um índio resgatado que os auxilia na jornada, Robert Walker Jr, um jovem beberrão que vive caindo pelas estradas, Bruce Dern, um pistoleiro contratado para matar os dois parceiros, e Bruce Cabot, o vilão, o dono das terras.
O título original, ‘The war wagon’, ‘A carruagem de guerra’, faz menção a uma carruagem blindada de ferro que percorre o deserto e á alvo de disputa; ela carrega ouro e guarda uma gatling gun, metralhadora temida usada durante a Guerra Civil, composta por vários canos giratórios que disparavam 1300 balas por minuto. Tem uma cena memorável, de uma briga de cinco minutos no bar, onde tudo é quebrado, John Wayne apanha muito, e até jogam um piano no grupo de beberrões.



Um western divertido, dirigido por um entendedor do gênero, Burt Kennedy, de ‘Ginetes intrépidos’ (1965), ‘Latigo, o pistoleiro’ (1971) e ‘Chacais do oeste’ (1973). Conta ainda com trilha sonora grandiosa de Dimitri Tiomkin, de ‘Matar ou morrer’ (1952), e roteiro de outro realizador de faroestes, Clair Huffaker, adaptado de seu próprio livro.
Merece ser revisto nessa boa cópia lançada em DVD pela Classicline, que saiu junto a outro filmaço western, ‘Duelo de titãs’ (1959, com Kirk Douglas e Anthony Quinn).

Gigantes em luta (The war wagon). EUA, 1967, 100 min. Faroeste. Colorido. Dirigido por Burt Kennedy. Distribuição: Classicline

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