quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Resenhas Especiais


O aventureiro: A maldição da caixa de Midas

Mariah Mundi (Aneurin Barnard), um garoto de 17 anos, tem a vida virada de cabeça pra baixo quando os pais desaparecem e o irmão é raptado. Sozinho, pega uma trilha para encontrar pistas do paradeiro de sua família e chega a um mundo oculto, com segredos mortais e monstros raptores de crianças.
Do diretor britânico Jonathan Newman, de “O menino de ouro” (2011), essa é uma aventura subestimada, pouquíssima conhecida do grande público e que se torna, numa revisão, um entretenimento bem legal para o público teen. Naufragou nas bilheterias mundiais, inclusive no Brasil, saindo em seguida em DVD pela Universal Pictures.
É um “O enigma da pirâmide” com “Harry Potter” e “Percy Jackson”, rodado no Reino Unido, com efeitos visuais dignos, figurino e direção de arte caprichados, e uma escalação interessante de elenco, que vai do protagonista Aneurin Barnard ao veterano Sam Neill, passando por participações de Michael Sheen, Ioan Gruffudd e Lena Headey.
O roteiro é movimentado (baseado na série de livros “Mariah Mundi”, de G.P. Taylor, grande sucesso na Grã-Bretanha), com subtramas corriqueiras de mistério e investigação, e faz alusão à lenda do rei Midas, que tinha o poder de transformar tudo em ouro (a tal caixa do título é um artefato que o personagem terá de encontrar em sua saga). Para ver em família, sem compromisso.

O aventureiro: A maldição da caixa de Midas (The adventurer: The curse of the Midas box). Reino Unido/Espanha/Bélgica, 2013, 99 min. Aventura. Colorido. Dirigido por Jonathan Newman. Distribuição: Universal Pictures


Bem-vindos ao meu mundo


Alice Klieg (Kristen Wiig) é uma mulher de trinta e poucos anos com transtorno emocional, sem muitos amigos ou família por perto. Um dia ganha na loteria e com o dinheiro resolve montar seu próprio talk-show, conquistando um sonho que tinha desde criança.

Kristen Wiig em mais um papel inusitado, numa comédia independente original, mas de humor estranho, longe de ser um filme para todos os públicos. Gosto de filmes diferentes, por isso curti “Bem-vindos ao meu mundo” (2014) quando o vi pela primeira vez em DVD, e essa semana o assisti novamente, onde pude reparar detalhes (esse é o lado positivo das revisões, que podem melhorar ou piorar). Não espere uma comédia para dar gargalhadas, esse é um exemplar do cinema americano independente autoral, mais inteligente, que privilegia roteiros fora do eixo.
Kristen Wiig está à vontade como uma protagonista temperamental, fio condutora de uma sucessão de eventos relacionados aos bastidores de uma produção de TV. Ela é uma mulher trintona emocionalmente instável, que abandona os medicamentos e compra um espaço para seu programa televisivo após ganhar na loteria. Sua vontade é ser uma apresentadora famosa, porém o caminho será espinhoso. Bem curto (com seus 87 minutos), o filme é metalinguístico, com críticas diretas aos talk-shows feitos nos Estados Unidos, e indicado para quem procura algo alternativo diante de um mundaréu de comédias repetitivas. No elenco aparecem de forma especial Jennifer Jason Leigh, Linda Cardellini, Wes Bentley, Joan Cusack, James Marsden e Tim Robbins.

Bem-vindos ao meu mundo (Welcome to me). EUA, 2014, 87 min. Comédia. Colorido. Dirigido por Shira Piven. Distribuição: Universal Pictures


Viva a liberdade

Secretário do partido de oposição na Itália, Enrico Oliveri (Toni Servillo) desaparece quando as pesquisas para as próximas eleições não o favorecem. Os membros do partido o procuram dia e noite pela região. Sem notícias, recorrem ao seu irmão gêmeo, Giovanni (Toni Servillo), um filósofo com transtorno bipolar, e fazem um trato com ele, para assumir o papel de Enrico e assim disputar as eleições.

Se um Toni Servillo engrandece qualquer filme, imagine dois! O astro italiano dos longas de Paolo Sorrentino, com destaque para a obra-prima ganhadora do Oscar “A grande beleza” (2013), reinventa-se com delicadeza esbanjando dignidade nessa comédia dramática política inteligente, escrita e dirigida por Roberto Andò, baseado em um romance de sua autoria. Num papel duplo difícil de ser criado, ele faz irmãos gêmeos de comportamentos opostos para levantar forte diálogo com a política da Itália na era Berlusconi, marcada por intransigência dos mais altos níveis e escândalos inomináveis. Repleto de ironias, questionador, é uma fita de arte brilhante para os fãs do cinema italiano contemporâneo, que, olha, vem ganhando espaço e sem sombra de dúvida é um dos melhores do momento!
Recebeu indicações a prêmios em vários festivais, como o David di Donatello (o Óscar italiano), onde ganhou melhor roteiro.

Viva a liberdade (Viva la libertà). Itália, 2013, 95 minutos. Comédia dramática. Colorido. Dirigido por Roberto Andò. Distribuição: Paramount Pictures

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