sexta-feira, 14 de junho de 2024

Resenhas Especiais


A seguir, três biografias produzidas para o cinema.

Ascensão e queda: John Galliano

Documentário sobre o estilista britânico John Galliano, da ascensão na alta costura nos anos 80, criando uma marca inovadora, depois assumindo a direção da Givenchy e da Dior, até ver a ruína ao se envolver em uma polêmica, quando proferiu xingamentos antissemitas a um grupo de pessoas em bares de Paris, em 2011.

A Mubi é hoje queridinha dos cinéfilos exigentes, uma das plataformas em streaming que mais traz fitas cult, seja de antigamente ou do cinema atual. Esse documentário, produção da Mubi, está lá disponível para assinantes, um filme extraordinário que traça o perfil biográfico de John Galliano, nome de destaque da alta costura, hoje recluso aos 63 anos. No doc, Galliano recebe a equipe do filme para uma conversa em sua casa, relembra a infância na Espanha - ele é filho de um gibraltino com uma espanhola, a juventude quando estudou na prestigiada St. Martins College of Art & Design em Londres, onde ganhou o título de melhor aluno do ano, e sua entrada no mundo da alta costura, fazendo roupas para celebridades. Ele recorda de fatos marcantes da carreira, o auge nas décadas de 80 e 90, até viver um inferno quando cometeu atos antissemitas em dois bares de Paris, em 2011. Alcoolizado, agrediu verbalmente um casal e depois duas mulheres italianas, todos judeus - um vídeo com os ataques viralizaram na época, Galliano foi detido pela polícia, demitido da Dior, onde trabalhava, e nunca mais se restabeleceu. Por enfrentar problemas com o álcool, foi internado em clínicas de reabilitação, e quando saiu se fechou num mundo particular, muito devido à exposição mundial que teve com as agressões.




O filme explora o universo criativo de Galliano e ao mesmo tempo seu lado temperamental e agressivo, que o destruiu. Um homem cheio de ideais, bem-quisto no mundo da moda, mas que decepcionou fãs e colegas de trabalho por sua atitude racista. E que sentiu na pele o cancelamento.
Kevin Macdonald é o diretor, que cultiva uma carreira formidável de filmes politizados, como 'O último rei da Escócia' (2006), 'Intrigas de estado' (2009) e 'O mauritano' (2021) e que havia dirigido bons docs, como 'Marley' (2012) e 'Whitney' (2018). Assistam e aproveitem para conhecer o catálogo impressionante de fitas cult na plataforma da Mubi.

Ascensão e queda: John Galliano (High & Low - John Galliano). EUA/Reino Unido/França, 2023, 116 minutos. Documentário. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Kevin Macdonald. Distribuição: Mubi


I am Bolt

Documentário sobre Usain Bolt, atleta jamaicano multicampeão olímpico.

Entre os anos de 2010 e 2020, a Universal Pictures lançou nos cinemas e em mídia física (DVD e Bluray) documentários sobre atletas de diversas modalidades, como ‘Senna’ (2010, premiado no Bafta e no Festival de Sundance), ‘O time de 92’ (2013 - sobre os jogadores do Manchester United nos anos 90, liderados por David Beckham), ‘Manny’ (2014 – sobre o boxeador filipino Manny Pacquiao), ‘Eu sou Ali: A história de Muhammad Ali’ (2014) e ‘Ronaldo’ (2015 - sobre o jogador de futebol Cristiano Ronaldo). Também saiu ‘I am Bolt’ (2016), que recorta partes da vida, como infância, juventude e vida adulta de um dos maiores velocistas de todos os tempos, o jamaicano Usain Bolt.
Nascido em 1986 numa pequena comunidade do condado de Cornwall chamada Trelawny, na Jamaica, Bolt cresceu nas ruas jogando críquete e futebol. Ainda na escola primária, incentivado pelos pais, praticava corridas e participava de torneios, até que aos 15 anos, em 2001, um técnico de atletismo começou a treiná-lo. Disputando torneios no país de origem e em outros lugares, sendo o primeiro passo para o estrelato no mundo do esporte. Foi tricampeão em duas modalidades de pista em Jogos Olímpicos de maneira consecutiva (100 metros rasos e 200 metros rasos), conquistou oito medalhas de ouro e recebeu o título de ‘o homem mais rápido do mundo’. O filme acompanha os treinos de Bolt na juventude e na atualidade – como o longa saiu em 2016, ele ainda era velocista, mostra sua relação com a família e o vínculo com a nação jamaicana, que nunca abandonou, as festas que participa, a relação com os fãs e com os antigos treinadores.
Um ano depois do lançamento do filme, em 2017, Bolt se aposentou do atletismo e entrou para o futebol (isso não aparece no longa) - foi jogador de campo por dois anos, até 2019, nos times Strømsgodset, da Noruega, e Central Coast Mariners, da Austrália, até parar de vez.



Carismático e positivo, Bolt conquistou o coração dos fãs, e nesse doc podemos apreciar parte importante de sua trajetória.
Quem dirige é a dupla de irmãos diretores e produtores britânicos que fizeram o documentário ‘O time de 92’ (2013), Ben Turner e Gabe Turner. Disponível em DVD pela Universal Pictures, também pode ser encontrado no streaming para aluguel, no Prime Video, Youtube Filmes, Google Filmes e Apple TV.

I am Bolt (Idem). Reino Unido, 2016, 107 minutos. Documentário. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Ben Turner e Gabe Turner. Distribuição: Universal Pictures



Amazing Journey: The story of The Who

Jornada musical em torno da histórica banda inglesa The Who, que revolucionou o rock e o beat.

Documentário eletrizante e digno de aplausos conduzido pelos dois únicos integrantes vivos da primeira formação da banda de rock inglesa The Who, Pete Townshend e Roger Daltrey, respectivamente guitarrista e compositor e o vocalista. Sentados frente às câmeras, eles vasculham a memória para contar fatos inusitados do grupo, as viagens e turnês, a relação dos membros e as tragédias que abalaram cada um deles – como a morte do baterista Keith Moon, em 1978. Tudo começou como uma banda de bar londrina em 1964, influenciada pelos Beatles e pelo movimento psicodélico, transformando-se em pouco tempo num sofisticado e imponente grupo de rock e beat que percorreu os quatro cantos do mundo com suas músicas satíricas e críticas. Enquanto Townshend e Daltrey falam, reportagens e trechos de shows percorrem a tela. Não podia faltar nos depoimentos menções aos discos de sucesso da banda, como a estreia com ‘My generation’ (1965), ‘The Who sell out’ (1967), ‘Who’s next’ (1971 – onde tem a música ‘Behind blue eyes’, regravada em 2001 pela banda americana Limp Bizkit) e ‘Who are you’ (1978). Os dois também lembram o lançamento de dois álbuns que viraram filmes, ‘Tommy’ (1969) e ‘Quadrophenia’ (1973), as novas formações e a reciclagem de gênero a partir do início dos anos 80 e a polêmica prisão de Townshend em 2003, acusado indevidamente de pornografia infantil.



O documentário, dos realizadores de ‘No direction home: Bob Dylan’ (2005), passou nos festivais de Toronto e no IN-Edit e concorreu ao Grammy de melhor doc musical. Disponível em DVD, em edição com dois discos, lançado pela Universal Pictures, com a metragem de cinema, de 119 minutos, a mesma exibida no Festival de Toronto; há ainda a versão estendida, de 237 minutos, lançada apenas nos EUA, e uma alternativa de 208 minutos, distribuída na Europa. A versão de cinema também pode ser assistida no Prime Video, disponível para assinantes da plataforma.

Amazing Journey: The story of The Who (Idem). EUA/Reino Unido, 2007, 119 minutos. Documentário. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Paul Crowder, Murray Lerner e Parris Patton. Distribuição: Universal Pictures

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