domingo, 14 de maio de 2023

Resenha Especial


Resenha do filme "Quem matou Rosemary?" (1981), escrita especialmente para o livro "Slashers - 11 filmes essenciais da coleção", lançado pela Versátil Home Video em novembro de 2022. Livro disponível para venda no site da Versátil, em https://www.versatilhv.com.br/produto/livro-slashers-onze-filmes-essenciais-da-colecao/5393997

Medo e terror em Avalon Bay

É noite de formatura na escola feminina de Avalon Bay, em New Jersey. A festa é minuciosamente preparada pela comunidade, para receber formandos, familiares, professores e amigos. No mesmo local, há 35 anos, uma garota chamada Rosemary e seu namorado foram brutalmente assassinados. O assassino fugiu, o crime nunca foi resolvido, e aquele fato marcou a memória das pessoas. À medida que a formatura se aproxima, o psicopata de décadas atrás volta a atacar os jovens em uma noite de medo e tensão.
Essa é a trama central de “Quem matou Rosemary?”, um slasher icônico do início dos anos 80 e um dos mais violentos já produzidos no cinema americano. O filme foi lançado exatamente no ano de ouro do cinema slasher, 1981, um período em que os fãs de terror deliraram com os melhores exemplares desse subgênero. São fitas a perder de vista produzidas em 1981: “Sexta-feira 13 - Parte 2” (de Steve Miner), “Chamas da morte” (de Tony Maylam – também conhecido como “A vingança de Cropsy”), “Feliz aniversário para mim” (de J. Lee Thompson), “Halloween II – O pesadelo continua!” (de Rick Rosenthal), “Noite infernal” (de Tom DeSimone), “Aniversário sangrento” (de Ed Hunt), “A hora das sombras” (de Jimmy Huston), “Pouco antes do amanhecer” (de Jeff Lieberman), “Escola noturna” (de Ken Hughes), “Olhos assassinos” (de Ken Wiederhorn) e o the best one, “Dia dos Namorados macabro” (de George Mihalka). Cada um com suas qualidades e diferenças, há slasher com serial killer mascarado, outros com pessoas deformadas em busca de vingança etc.
“Quem matou Rosemary?” abre com duas cenas distintas em preto-e-branco, mas que dialogam: a primeira, de um antigo cinejornal, sobre o fim da Segunda Guerra Mundial, com soldados combatentes retornando da Europa em navios lotados - e em breve se encontrarão com suas famílias. Na sequência, aparece uma carta romântica escrita por Rosemary. O ano é 1945, e em Avalon Bay haverá uma badalada festa de formatura onde parte dos soldados festejarão com seus grupos. Rosemary também está lá, com um namoradinho em um gazebo. Sozinhos, conversam até que alguém se aproxima. A câmera capta pormenores do desconhecido, em que se vê botas e uma farda camuflada do exército. Quando Rosemary abraça seu affair, uma forquilha pontiaguda atravessa o corpo dos dois, e o sangue escorre veloz. O assassino estica uma rosa e a deposita na mão de Rosemary. O tempo passa, e estamos em 1980, na mesma Avalon Bay, onde haverá outra festa de formatura. O assassino fardado e mascarado pega uma faca de caça, coloca na bainha e junta a forquilha para novos assassinatos. Quem é ele e por que está cometendo os crimes?
Ao longo do filme juntamos pistas para descobrir a identidade do sádico serial killer que mata com fúria, sem pestanejar, no melhor estilo “Whodunit” (“Quem fez isso”, “Quem matou”). O rosto dele só será revelado na cena final (inclusive uma cena bem forte). Até lá uma série de mortes violentas será cometida. O gore corre solto, com momentos notórios – a sequência do banho, por exemplo, ficou famosa, é assustadora e traz todo um clima de tensão.
Por falar em gore e cenas sanguinárias, elas são convincentes, dado o grau de realismo da maquiagem e dos efeitos, assinados por Tom Savini, mestre no assunto desde os anos 70 – Savini, que trabalhou como ator em “Um drink no inferno” (1996), fez a maquiagem de “Despertar dos mortos” (1978) e de outros slashers como “Sexta-feira 13” (1980), “O maníaco” (1980) e “Noite de pânico” (1982).




A direção conduzida por Joseph Zito, diretor de “Sexta-feira 13 – Parte 4: O capítulo final” (1984) e de “Braddock: O supercomando” (1984), é de um tom sombrio e de angústia, ele investe pouco no humor, foca no suspense e até no terror psicológico, para que o público possa entrar na mente do assassino, ver o lado doentio dele e “entender” as razões do assassinato. Zito também assina como produtor, ao lado de David Streit, produtor executivo de “A experiência” (1995).
O elenco reúne atores novatos da época, como Vicky Dawson, de “A cara do pai” (1981), Christopher Goutman e Cindy Weintraub, e participação de dois veteranos (o cinema slasher costumava convidar atores e atrizes de peso para puxar público além dos jovens), Farley Granger – que esteve em dois filmaços de Alfred Hitchcock, “Festim diabólico” (1948) e “Pacto sinistro” (1951), e Lawrence Tierney, de “Nascido para matar” (1947) e “Cães de aluguel” (1992).
Até pouco tempo atrás a única cópia disponível de “Quem matou Rosemary?” no Brasil era da própria Universal Pictures, com metragem menor que a exibida nos cinemas da época (a metragem desse DVD era de 84 minutos, editada devido à violência). Em 2019, a Versátil distribuiu o filme na versão original de cinema, sem cortes e restaurada, igual à lançada nos Estados Unidos (de 89 minutos), dentro do box “Slashers vol. VI - uma caixa em edição limitada com quatro cards e duas horas de extras, onde acompanham também os filmes “Sombra no escuro” (1979, de Denny Harris), “Prefácio da morte” (1989, de Tibor Takács) e “Popcorn – O pesadelo está de volta” (1991, de Mark Herrier).
Sou fã do cinema slasher desde pequeno, e não posso deixar de recomendar “Quem matou Rosemary?”, um dos melhores do gênero. Um filme de terror bem escrito e assustador, que faz o sangue escorrer pela tela da TV!




Capa, sumário e texto de "Quem matou Rosemary?" no livro da Versátil

Nenhum comentário: