segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Na Netflix



Serei amado quando morrer

Documentário sobre os últimos 15 anos de vida do cineasta Orson Welles (1915-1985), focando sua tentativa em realizar seu último grande filme, “O outro lado do vento”, que não deu certo.

O documentário da Netflix, de 2018, é um estudo sobre a dificuldade dos cineastas em produzirem seus filmes, os atritos nos bastidores, o confronto com estúdios etc. O filme segue os últimos 15 anos da carreira de um dos maiores nomes do cinema, o diretor, roteirista, ator e produtor Orson Welles, quando tentou realizar seu último grande filme incentivado pelos amigos. Ele estava doente, fora de forma, já sem vigor, mas foi adiante com o projeto de “O outro lado do vento”, rodado entre 1970 e 1976, e que tentou conclui-lo anos depois, sem sucesso. Ele morreu em 1985 sem ver o filme pronto. Somente em 2018 “O outro lado do vento” foi lançado (pela Netflix e disponível lá), a partir de um financiamento coletivo dos diretores Wes Anderson e Noah Baumbach, que assinam como produtores. Infelizmente o filme é muito ruim. Desengonçado, longo, feito às pressas, mal editado; percebe-se um Welles perdido, sem interesse, numa obra autobiográfica frágil, e para mim, um desastre decepcionante vindo dele. Os problemas técnicos estão evidentes: fora de foco, com iluminação estourada e planos e enquadramentos distorcidos. Uma pena, pois se esperava muito de sua obra derradeira. O roteiro do filme se confunde com a vida real, há ali um tom autobiográfico: trata de um diretor de cinema, velho e cansado, que procura concluir sua última produção com auxílio de amigos e deixar um legado na história.
O doc acompanha todos esses bastidores de “O outro lado do vento”, cujo elenco foi escalado por Welles a partir de colegas próximos do cinema, que aparecem em pontas diversas, como Peter Bogdanovich, Henry Jaglom, Susan Strasberg, Oja Kodar (na época esposa de Welles e produtora também), e os veteranos John Huston, Cameron Mitchell, Edmond O´Brien e a oscarizada Mercedes McCambridge. O doc resume bem o que foi essa produção que se tornou o maior tormento do cineasta criador de “Cidadão Kane”.


Assina a direção Morgan Neville, que em 2014 ganhou o Oscar pelo documentário “A um passo do estrelado” (2013), sobre cantores de apoio e seus trabalhos no completo anonimato.

Serei amado quando morrer (They'll love me when I'm dead). EUA, 2018, 98 minutos. Documentário. Colorido/Preto-e-Branco. Dirigido por Morgan Neville. Distribuição: Netflix

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