sábado, 16 de abril de 2022

Cine Cult


Jeanne Dielman


Jeanne Dielman (Delphine Seyrig) é uma dona de casa viúva e metódica, que mora com o filho jovem. Para pagar suas contas, prostitui-se, intercalando clientes ocasionais. Um dia, o despertador do quarto toca mais cedo, num indício que sua vida poderá mudar.

Rodado em Bruxelas, o cultuado drama belga coproduzido na França, de 201 minutos de duração (3h21), acompanha três dias na rotina de uma mulher solitária, que leva uma vida triste e cheia de complicações ao lado do filho. Ela recorre à prostituição para poder regularizar suas contas, até que uma situação pontual ocorre, o que poderá mudar a trajetória dessa dona de casa para melhor.
O bom trabalho da libanesa radicada na França Delphine Seyrig (1932–1990), atriz de filmes como “Muriel” (1963), “O discreto charme da burguesia” (1972) e “O dia do chacal” (1973), assegura esse filme de arte lento, repleto de planos fechados (todos dentro de uma casa antiga), cuja estética rigorosa de enquadramentos definiu a forma de fazer cinema da diretora e roteirista Chantal Akerman. Chantal, que teve os avós mortos no campo de concentração de Auschwitz, faleceu cedo demais, cometendo suicídio aos 65 anos, em 2015, deixando a esposa, a violoncelista mundialmente conhecida Sonia Wieder-Atherton (com quem fez trabalhos no cinema e na música). “Jeanne Dielman” (1975) é a obra máxima e mais lembrada da cineasta, que traz um retrato íntimo e duro da mulher nos anos 70, e fala sobre alienação social, com uma linguagem inovadora e influenciada pela matizes da Nouvelle Vague.



Uma fita primorosa, para público específico. Disponível em DVD pela Lumes Filmes, recentemente também saiu em DVD no box ‘Chantal Akerman’, pela Obras-Primas do Cinema, com dois outros filmes da diretora, “Eu, tu, ele, ela” (1974) e “Notícias de casa” (1977).

Jeanne Dielman (Jeanne Dielman, 23, quai du commerce, 1080 Bruxelles). Bélgica/França, 1975, 201 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Chantal Akerman. Distribuição: Obras-primas do Cinema (no box ‘Chantal Akerman’, de 2021) e Lume Filmes (em DVD, lançado em 2010)



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