sábado, 30 de março de 2013

Nota de cinema


SESC Catanduva abre na próxima quarta Festival Melhores Filmes

A 39ª edição do Festival Sesc Melhores Filmes, um dos mais antigos festivais independentes do Brasil, tem início na próxima quarta-feira (dia 03). Novamente a unidade de Catanduva irá integrar o circuito, recebendo uma extensa programação com filmes importantes brasileiros e estrangeiros lançados em 2012 e escolhidos por juri popular por meio de votos virtuais.
No Estado de São Paulo, o SESC promove as exibições até o dia 25 de abril; em Catanduva elas serão realizadas até o dia 11, nos Cinemas Lumiere (Garden Catanduva Shopping); durante a semana, haverá duas exibições – às 19h e 21h, e nos finais de semana, três exibições – às 15h, 19h e 21h.
A programação completa com o título dos filmes e horários está disponível no portal do SESCSP.
Os ingressos, sempre a preço acessível a todos os públicos, devem ser retirados nos Cinemas Lumiere. Acesse o site do SESC e conheça mais sobre o Festival:
http://www.sescsp.org.br/sesc


sexta-feira, 29 de março de 2013

Cine Lançamento



O segredo da cabana

Grupo de amigos viaja para as montanhas e se hospeda em uma cabana antiga. Isolados do mundo, os jovens querem curtir o final de semana com música, bebida e diversão. Na primeira noite exploram o subsolo da cabana, onde há um quarto abandonado com muita bugiganga. Encontram um estranho diário e começam a ler as páginas empoeiradas, libertando uma família de zumbis famintos. O alegre passeio dos amigos se transformará em um pesadelo cruel interminável.

O filme de terror mais original produzido recentemente, feito sob medida para um público específico que espera o inesperado. Apesar da leve semelhança com “A morte do demônio”, não se deixe enganar. Aliás, você nunca viu nada igual no gênero tamanha a imersão criativa do diretor estreante, Drew Goddard, roteirista do seriado “Buffy: A caça-vampiros” e da ficção “Cloverfield – Monstro”. Fico com as mãos atadas para escrever a crítica dessa produção canadense por motivos óbvios, o de implodir paradigmas naturais oferecidas pelas fitas de horror.
Leva um pouco de tempo para entendermos a função real dos personagens engomados que aparecem na abertura. Sabemos que, fechados em uma sala altamente computadorizada, controlam pontos espalhados ao redor do mundo e se divertem assistindo a matanças de alto nível ao vivo, como um “Big Brother” sanguinário – um dos episódios é o do grupo de jovens que fica preso na cabana e é perseguido por mortos-vivos.
De clima tenso e reviravoltas assustadoras, o terror é alimentado por outros elementos fora do comum até o desfecho revelador e bem filosófico. No ‘gran finale’ surge a figura-chave da história, interpretada por uma atriz famosa, três vezes indicada ao Oscar, cujo nome mal aparece nos créditos – não vou falar quem é para não perder a graça.
O esquema fake da trama, criado propositalmente para que as vítimas (o grupo de jovens) sejam os cordeiros sacrificados, não deixa dúvidas da originalidade do produto: há uma crítica implícita (mas se sacarmos, ela fica impiedosa) aos veículos de comunicação de massa que lucram volumes de dinheiro explorando a invasão do ser humano por meio da vulgaridade do Big Brother, sem mencionar o apelo da mesma mídia ao sensacionalismo, aqui levado ao extremo, a baldes de sangue. Há uma articulação lógica inteligentemente bem amarrada.
Enfim, um filme criativo e curioso, de referências. E importante por inovar uma história de horror, com crítica consistente à futilidade da mídia.
No elenco, temos Richard Jenkins e Bradley Whitford, como os colegas executivos que assistem às chacinas pela TV, e o bonitão Chris Hemsworth, o Thor do cinema, como um dos amigos que viaja para as montanhas.
Teve orçamento elevado (U$ 30 milhões) e retorno mediano na bilheteria – rendeu o dobro no mundo inteiro, U$ 65, 9 milhões, e aos poucos está virando Cult.
O diretor Drew Goddard (que não tem parentesco com o francês Jean-Luc) assina como roteirista junto com o produtor da fita, Joss Whedon, indicado ao Oscar por “Toy story”. Não perca. Por Felipe Brida

O segredo da cabana (The cabin in the woods). EUA, 2011, 95 min. Horror. Dirigido por Drew Goddard. Distribuição: Universal

quinta-feira, 28 de março de 2013

Ator e produtor Mário Lima morre em São Paulo


O ator e produtor de cinema Mário Lima, parceiro de José Mojica Marins, o Zé do Caixão, faleceu ontem após complicações de uma pneumonia.
Trabalhou com Mojica em 12 de deus filmes, como ator, dentre eles "A sina do aventureiro" (1958), "Meu destino em tuas mãos" (1963), "À meia-noite levarei sua alma" (1964), "O estranho mundo de Zé do Caixão" (1968), "O despertar da besta" (1970), "Finis hominis" (1971) e "Encarnação do demônio" (2008).

PS: Amigos de Mário Lima procuram desde ontem os filhos do ator para que possam autorizar o enterro dele. O corpo de Lima encontra-se no Hospital Regional de Ferraz de Vasconcellos (telefone - 11 4674-8400). Por Felipe Brida

terça-feira, 26 de março de 2013

Notícia de cinema



A distribuidora de filmes Colecione Clássicos lança em DVD no Brasil uma coleção de comédias musicais estreladas pela dupla Judy Garland e Mickey Rooney. São quatro produções, realizadas em Hollywood entre os anos 30 e 40 e com teor de show business, até então inéditas no mercado brasileiro. São elas, em ordem cronológica: “Sangue de artista” (Babes in Arms - 1939), “Rei da alegria” (Strike up the band - 1940), “Calouros na Broadway” (Babes on Broadway - 1941) e “Louco por saias” (Girl Crazy, 1943). Todos os filmes foram dirigidos pelo notório cineasta Busby Berkeley (1895-1976), especialista em musicais e três vezes indicado ao Oscar.
Confira abaixo as produções (sinopses extraídas do site da Colecione Clássicos):




Sangue de artista

Um grupo de artistas de Vaudeville deixa seus filhos na cidade e parte em turnê. Os jovens sozinhos vão tentar produzir uma peça e levá-la até a Broadway, guiados pelos talentosos Mickey Moran (Mickey Rooney) e Patsy Barton (Judy Garland), que buscam seu espaço no show business. Mas a chegada de uma ex-estrela infantil vai tirar o lugar de Patsey e causar muita confusão.
Indicado a dois Oscars: melhor ator (Mickey Rooney) e trilha sonora.


Rei da alegria

Jimmy (Mickey Rooney) e Mary (Judy Garland) participam de um concurso de dança no colégio, e o número é um sucesso. Eles recebem um prêmio em dinheiro que lhes dará a chance de participarem de um concurso em âmbito nacional, em Chicago. Mas o destino lhes reserva outros planos.
Ganhou o Oscar de melhor som, e ainda recebeu duas outras indicações da Academia: canção (“Our love affair”) e trilha sonora.


Calouros na Broadway

Os sonhadores Tommy (Mickey Rooney) e Penny (Judy Garland) são dois artistas desempregados que, descobertos por um produtor, irão estrelar um musical que pode ser a chance de suas vidas.
Indicado ao Oscar de melhor canção (“How about you?”).


Louco por saias

Danny é um garoto playboy que vai para uma faculdade. E por seu comportamento esnobe acaba por fazer inimigos e quase abandona os estudos. Conhece então a filha do reitor, chamada Ginger, que fica sua amiga e lhe diz que a faculdade está com problemas financeiros. O jovem então decide ajudar e passa a planejar eventos para atrair publicidade e salvar a faculdade da falência.

Para mais informações sobre os filmes, acesso o site oficial da Colecione Clássicos. Conheça também o catálogo completo da distribuidora. O link é:   http://www.colecioneclassicos.com.br
Por Felipe Brida 

sábado, 23 de março de 2013

Cine Lançamento



Moonrise Kingdom

Verão de 1965. Em uma ilha na costa da Nova Inglaterra, Sam (Jared Gilman) e Suzy (Kara Hayward), duas crianças de 12 anos, apaixonam-se e resolvem fugir para o campo após um pacto secreto. Os pais da garota (Bill Murray e Frances McDormand) mobilizam a comunidade para encontrar os fujões. A polícia entra na busca, e os escoteiros ajudam sensibilizados. Enquanto isso, uma tempestade devastadora está prestes a atingir a ilha.

Indicado ao Oscar de melhor roteiro original em 2013, “Moonrise Kingdom” é uma curiosa produção independente da Focus Features e da Indian Paintbrush, distribuída no mercado brasileiro em DVD e Blu-Ray pela Universal. Pena que não traduziram o título, de pronúncia complicada, o que dificulta o acesso ao público – “Moonrise Kingdom” significa “Reino da lua nascente”, algo simbólico que, diretamente, não tem nada a ver com a história.
A obra escapa da estrutura convencional das produções de Hollywood. O motivo é fácil descobrir: o diretor, produtor e roteirista Wes Anderson, um dos mais criativos em atividade. Ele injeta ar cult ao desconstruir a narrativa, com fragmentação da trama, concebe cenários e figurinos próprios, com cores não usuais, de tons fortes e vibrantes, e recorre a posições inusitadas de câmera, gerando ângulos esquisitos, fora do comum. Anderson imprime com vigor sua marca nos trabalhos – fez comédias tristonhas com teor anárquico, como “Os excêntricos Tenembaums”, e sempre incursa por uma linha mágica de viagem ao desconhecido, que pode ser visto em “A vida marinha com Steve Zissou” e nos dois de seus melhores filmes, “Viagem a Darjeeling” e este “Moonrise Kingdom”, a jornada de dois pequenos amantes em uma fuga mirabolante para viverem juntos. Sam e Suzy são duas crianças sonhadoras e rejeitadas por serem weirdo (estranhas, vistas como ‘retardadas’, de poucos amigos); ele, um menino perspicaz, de óculos grossos, que na calada da noite sai escondido do acampamento de escoteiros para se encontrar com a garota que conhecera um ano antes e por quem está apaixonado; ela, a pequena estranha, fechada, foge de casa e segue até o local marcado para iniciar o romance com o garoto. Fogem juntos para o campo, adentrando por esplêndidas paisagens costeiras de Nova Inglaterra, para viver a dois como adultos, porém ainda com as ingenuidades pueris, no estilo primeiro amor de infância.
Do outro lado da ilha, os pais de Suzy, desesperados, buscam pelo paradeiro dela, com apoio da polícia e dos escoteiros, enquanto uma tempestade dá sinais de uma futura devastação.
Com elementos pictóricos inusitados, vários deles bizarros (o brinco de besouros, a flechada no olho do escoteiro rival), impactados pelas cores intensas e os enquadramentos que rompem o padrão, Wes Anderson cria um retrato fantástico sobre as descobertas no mundo da criança seguidas das experiências fundamentais para o ritual de passagem para a adolescência.
O brilhantismo da abertura do filme com a fantasmagórica trilha crescente de Alexander Desplat dá a dimensão do que vem pela frente. Uma aventura original, de visual marcante, e que, das obras de Wes Anderson, torna-se a mais acessível ao grande público. Mas, é claro, quem conhece o cinema autoral de Anderson estará mais à vontade para apreciar o resultado.
Como de praxe, o diretor escala o elenco com famosos em papéis pequenos; dentre os coadjuvantes destacam-se Edward Norton (o chefe dos escoteiros), Bruce Willis (o xerife), Frances McDormand e Bill Murray (os pais da menina), Tilda Swinton (a assistente social), Bob Balaban (o apresentador da história), Jason Schwartzman (parceiro de outros filmes do cineasta, aqui na pele de outro escoteiro-líder) e Harvey Keitel (o comandante geral responsável pelos escoteiros). Não perca. Por Felipe Brida

Moonrise Kingdom (Idem). EUA, 2012, 93 min. Aventura/ Comédia. Dirigido por Wes Anderson. Distribuição: Universal

segunda-feira, 18 de março de 2013

Cine Lançamento



Selvagens

Em Laguna Beach, no sul da Califórnia, os amigos Ben (Aaron Taylor-Johnson) e Chon (Taylor Kitsch) trabalham juntos coordenando um centro de distribuição de maconha. O negócio é lucrativo, e eles vivem seus melhores dias, dividindo inclusive a mesma mulher, a charmosa Ophelia (Blake Lively). Certo dia, a chefe do cartel mexicano, Elena (Salma Hayek), e seu braço direito, o agente Lado (Benicio Del Toro), tentam montar sociedade com Ben e Chon. Eles não aceitam a proposta, o que faz com que Ophelia seja seqüestrada pelos aliados de Elena. Os dois organizam um plano para resgatar a jovem, enfrentando policiais corruptos e assassinos sanguinários com armas potentes.

Já premiado com três Oscars (como roteirista em “O expresso da meia-noite” e duas como diretor, pelos dramas de guerra “Platoon” e “Nascido em 4 de Julho”), Oliver Stone anda numa fase bagunçada da carreira. Usuário de drogas diversas e criador de escândalos e vexames diante da mídia, perdeu o prestígio há um bom tempo. Vira e mexe tenta se recuperar rodando fitas cada vez mais descartáveis e de gosto duvidoso, que leva uma surra da crítica americana e também da estrangeira (repare só, de uma década para cá, fez o sofrível “Alexandre”, o fraco “As torres gêmeas”, o já esquecido “W.”, sobre o presidente George W. Bush, o documentário parcial sobre o Socialismo “Ao sul da fronteira”, que muita gente detestou, e o melhor até agora, “Wall Street: O dinheiro nunca dorme”, uma continuação feliz do seu “Wall Street” dos anos 80). E no ano passado dirigiu uma produção bem pessoal, escrevendo também o roteiro baseado no livro de Don Winslow, “Selvagens”. No final das contas, um filme desconexo, confuso e arrastado. No Brasil, passou despercebido nos cinemas e saiu em DVD em versão estendida (10 minutos a mais que a de cinema, totalizando 141 cansativos minutos).
Inicia com uma cena esquisita de Blake Lively na praia, numa aparente viagem interior, uma possível alucinação que gera toda a trama de amor e vingança em Laguna Beach. Logo conhecemos um número exorbitante de personagens mal desenvolvidos, desde os empresários do ramo de maconha muy amigos (Aaron Taylor-Johnson e Taylor Kitsch) à gente corrupta, de má reputação, loucos por dinheiro e por sangue (John Travolta, Salma Hayek, Benicio Del Toro etc).
Há um triângulo amoroso que não dá para engolir – os três vivem numa vibe de sexo e drogas o filme inteiro, situações inverossímeis com táticas de guerrilha urbana, resoluções infelizes e sem amarração, citações de Buda deslocadas do contexto (sublima-se a violência sem perdão, e pouco a pouco o diretor apazigua os ânimos com pensamentos de paz interior, o que não dá liga à índole dos personagens, que são inescrupulosos). A fita é tão irregular e desastrosa que nem o elenco tenta se salvar; é o pior momento na carreira de quase todos eles, em especial Del Toro e Hayek – até porque nem temos como defender Kitsch e Travolta, certo?
Enfim, mais um trabalho em que Oliver Stone erra a mão bruscamente, reafirmando a ausência de bom senso na hora de dirigir. Triste fim para um cineasta aclamado, que assinou obras talentosas que explora a angústia das guerras (“Salvador – O martírio de um povo”, “Platoon”, “Nascido em 4 de Julho” e “Entre o céu e a terra”), deu vida a duras biografias de personagens lendários (“JFK – A pergunta que não quer calar”, “The Doors” e “Nixon”) e fuçou em temas de impacto na sociedade (“Wall Street” e “Verdades que matam”).  Em “Selvagens” tudo caminha mal, tudo está feio e perdido. Vamos portanto nos salvar desse delírio inoportuno. Por Felipe Brida

Selvagens (Savages). EUA, 2012, 141 min. Policial/Drama. Dirigido por Oliver Stone. Distribuição: Universal

domingo, 17 de março de 2013

Nota de cinema



A Universal Pictures lança no mercado box especial com as oito temporadas do divertido (e também dramático) seriado "The Office". A caixa contém 26 discos e está nas principais lojas a preço bem em conta.
Conduzido por Steve Carrell, 'The Office' acompanha o dia de funcionários de um escritório na Pensilvânia, servindo de um micro-cosmo universal do mundo do trabalho: os atritos entre colegas de profissão, o chefe que pega no pé, as crises pessoais levadas para dentro do serviço, oscilação do mercado, comemorações, festa e tristezas.
A série, lançada em 2005 (e que hoje está na 9a. temporada nos EUA), é baseada no seriado de mesmo nome produzido pela BBC inglesa em 2001, e que durou apenas três anos (com Rick Gervais). Vale ter em casa! Por Felipe Brida

sábado, 16 de março de 2013

Cine Lançamento



O que eu mais desejo

Na ilha montanhosa de Kyushu, no extremo sul do Japão, o garoto Koichi (Koki Maeda), de 12 anos, mora com a avó, pois os pais se separaram. O irmão mais novo, Ryunosuke (Ohshirô Maeda), vive com o pai, um guitarrista, na região norte da ilha. Koichi deseja a união da família, principalmente a reconciliação dos pais, para que, assim, volte a morar com eles e com o irmão que tanto gosta. Num dia, na sala de aula, Koichi escuta de um amigo a história mágica de como o desejo pode se transformar em algo real, a partir do cruzamento de trens-balas. Diante dessa crença popular, ele organiza, com dois outros colegas, uma viagem escondida até o local de intersecção dos trens, para que seu desejo, o dos pais voltarem atrás com o casamento, aconteça.

Uma preciosidade do cinema japonês contemporâneo chega às locadoras pela excelente distribuidora Imovision, que de cinco anos para cá lança pequenas jóias do cinema Cult mundial. A pureza e a sensibilidade de “O que eu mais desejo” impressionam qualquer um, diante de tantos filmes pavorosos que saem no mercado atual. Pena que não exista público para esse tipo de filme asiático, pouco explorado no Brasil, comercialmente falando.
A obra, dirigida por um cineasta japonês de mão delicada, Hirokazu Koreeda, o mesmo de “Depois da vida” (1998), “Andando” (2009) e “Boneca inflável” (2009), explana o olhar da criança em meio a situações de fragilidade. No caso o garoto Koichi, que viu os pais se separarem e hoje mora com a avó. Ele tem o profundo desejo de voltar a vê-los juntos, na mesma casa, a reconciliação que será da família como um todo, aproximando também o irmão, que reside em outra cidade, distante.
Koichi observa dia a dia um vulcão na região que pode em qualquer momento explodir suas lavas. O que para ele seria um sinal divino, pois a cidade onde mora com a avó ficaria destruída, e ele retornaria à casa da mãe ou do pai, outro indício de que a reconciliação do casamento poderia ser revista (o filho assustado com o vulcão, precisando da atenção dos pais etc).
O garoto é um sonhador, como toda criança na fase de descobertas, e inteligente também, pois esboça criteriosamente um plano para que seu desejo se concretize, no caso fugir sem deixar pistas para dar vida ao milagre.
Poético, o filme é uma ode à esperança, alicerçada numa pintura íntima da pureza infantil. Conta com interpretações sensatas de um time de crianças bem emolduradas pela fotografia suave, com locações de Uto City, Kumamoto, na ilha de Kyushu.
Mil e um motivos para assistir E indicar aos amigos. Procure já em DVD. Por Felipe Brida

O que eu mais desejo (Kiseki). Japão, 2011, 128 min. Drama. Dirigido por Hirokazu Koreeda. Distribuição: Imovision

quinta-feira, 14 de março de 2013

Viva Nostalgia!



Sabrina

O playboy David (William Holden) apaixona-se pela filha do chofer dos seus pais, a charmosa Sabrina (Audrey Hepburn). O irmão mais velho, Linus (Humphrey Bogart), também sente atração pela jovem. Enfeitiçados pelo encanto de Sabrina, David e Linus travam uma disputa em família pela mão da garota.

Obra-prima do cinema, o famoso romance dirigido pelo notório Billy Wilder recorre ao conto de Cinderela numa versão otimista e de pura magia. É a história de uma menina humilde chamada Sabrina, filha do chofer da família de multimilionários Larrabee, que, ao voltar de Paris, onde foi estudar culinária, desperta uma avassaladora paixão nos irmãos David e Linus. Os dois entram em atrito, envolvendo os pais na jogada, tudo porque ambos querem conquistar a jovem. E apenas um pode ser o ganhador da batalha!
Lançado em 1954 e rodado em preto-e-branco, “Sabrina” baseia-se na peça de teatro de mesmo nome, que estreou na Broadway após o sucesso do filme (um fato inédito!). Na época, Audrey, que havia recebido, dois anos antes, o Oscar de melhor atriz por “A princesa e o plebeu” e já era queridinha de Hollywood, teve um romance escondido com o galã William Holden (ele era casado), que interpreta o bonitão David Larrabee. De um carisma notável, Audrey estava no auge da beleza e elegância, e firmou sua carreira de prestígio a partir da marcante interpretação da inocente Sabrina. Pelo papel foi indicada ao Oscar; o filme ganhou o de melhor figurino e ainda teve quatro outras nomeações: diretor, roteiro, fotografia e direção de arte.
Além de Audrey, Holden e Bogart dão conta do recado – fácil para eles, pois estavam acostumados em participar de produções de drama e romance.
Um clássico encantador, apontado como um dos top 10 do gênero romance de todos os tempos. Feito sob medida por um cineasta que abriu mão de sua marca autoral, de cunho crítico e de humor cínico, para realizar uma obra sensível, mágica, apaixonante, que fala diretamente às mulheres. Imperdível!
Procurem o original. Em 1995 o diretor Sydney Pollack, numa má fase, teve a infeliz ideia de refilmar “Sabrina”, com resultados inferiores (a sumida Julie Ormond interpreta a personagem-título, e os papéis dos irmãos que disputam a jovem ficaram para os desajeitados Harrison Ford e Greg Kinnear). Por Felipe Brida

Ficha técnica

Sabrina (Idem). EUA, 1954, 113 minutos. Romance. Preto-e-branco. Disponível em DVD e Blu-Ray.

terça-feira, 12 de março de 2013

Cine Lançamento



Mundo sem fim – Volume IV: Xeque-mate

A Peste Negra assolou Kingsbridge, e poucas pessoas sobreviveram. A pequena cidade volta a se organizar, com novos habitantes que chegam ao local. É também época de despedidas. A filha do rei Eduardo (Blake Ritson), a jovem Joan (Elinor Crawley), muda-se para a Espanha com o objetivo de se casar com o príncipe de Castela; um casamento arranjado, para concretizar uma aliança com a França, país que acabara de guerrear com a Inglaterra. Enquanto isso, o misterioso cavaleiro Thomas Langley (Ben Chaplin) resolve revelar seu passado. E quando a paz parece finalmente reinar, uma nova revolta explode nos arredores de Kingsbridge.

Último episódio da microssérie “Mundo sem fim”, continuação de “Os pilares da Terra”, ambos best sellers escritos pelo britânico Ken Follett (vale destacar que “Os pilares” virou seriado, premiado com Globos de Ouro e distribuído no mercado também pela Paramount).
É o melhor momento da série, junto com o primeiro capítulo, “O jogo” – os anteriores “O duelo” e “A peste” não cumpriram o dever de casa, ficaram extremamente arrastados, sem incrementar na trama emoções fortes, sequer doses de ação empolgante.
Muitos dos personagens já morreram, restando alguns poucos principais e um ou outro coadjuvante para dar novos rumos à Kingsbridge, devastada pela Peste Negra e pela guerra com a França. Os habitantes tentam reconstruir suas vidas, enquanto pessoas de feudos vizinhos migram para lá. Estamos no final do século XIV, poucas décadas antes de terminar a Idade Média. Em razão disso há um clima persistente de adeus, no velho estilo de mudança de ares, desde a filha do rei inglês que muda de país para se casar com um príncipe espanhol até as revelações do cavaleiro Langley. Nos minutos finais Kingsbridge sucumbirá a um fato surpresa de proporções definitivas.
“Mundo sem fim” termina bem com esse capítulo sucinto. Pena que a microssérie, como um todo, tenha ficado defasada, abrindo de forma explosivamente dinâmica e aos poucos perdendo velocidade e fôlego. Só ressuscita no episódio final, este aqui, quando o público já perdera o interesse. Em DVD. Por Felipe Brida

Mundo sem fim – Volume IV: Xeque-mate (World without end). Inglaterra/Canadá/Alemanha, 2012, 96 min. Aventura/Drama. Dirigido por: Michael Caton-Jones. Distribuição: Paramount

segunda-feira, 11 de março de 2013

Nota de cinema


Curte seriados americanos?

A Paramount Pictures lança essa semana, no mercado (para venda e locação), três deles:

"Hawaii Five-0" (2a. temporada - 2011)
"The Good Wife" (3a. temporada)
"Suits" (1a. temporada)

A partir de 16 de março.


domingo, 10 de março de 2013

Cine Lançamento



Mundo sem fim – Volume III: A peste

O rei de Kingsbridge, Eduardo III (Blake Ritson), continua à frente da guerra contra a França, para defender seu país, Inglaterra. Os franceses lideram em número e avançam sem trégua. Enquanto isso, a Peste Negra assola a Europa, atingindo a pequena população de Kingsbridge. O terror se instala no pequeno povoado.

Terceiro capítulo de “Mundo sem fim”, lançada em DVD no Brasil pela Paramount. Saiu junto com o quarto e último episódio, ”Xeque-mate”, encerrando assim a microssérie baseada no best seller de Ken Follet, o mesmo de “Os pilares da Terra”.
Os eventos do capítulo anterior, “O duelo”, abrem a nova história. A Inglaterra continua a poderosa guerra com a França, o rei Eduardo encabeça as batalhas, em Kingsbridge a situação econômica não é das melhores, a população morre de fome, há violência em toda parte, como estupros e roubos nos feudos. A novidade, como o próprio título menciona, envolve a Peste Negra, a pandemia da febre bubônica que dizimou 70 milhões de pessoas na Europa no século XIV, ou seja, um terço da população da época. Porém o episódio apenas pincela a situação alarmante da doença, a partir da metade da trama, sem riqueza de detalhes ou mesmo impacto. Mostra pouco a peste e informa menos ainda.
No capítulo, grande parte dos personagens que já conhecemos morre, uns com a doença e outros na guerra, sinal de desfecho da microssérie.
Tanto o anterior, “O duelo”, quanto este, “A peste”, resultam nos episódios mais fracos de “Mundo sem fim”. Não há impulsos que provoquem emoção, vibração ou mesmo ação! Uma pena. Em “Xeque-mate”, a última parte, o clima de tragédia anunciada permanece com todo vapor. Leia a seguir. Por Felipe Brida

Mundo sem fim – Volume III: A peste (World without end). Inglaterra/Canadá/Alemanha, 2012, 95 min. Aventura/Drama. Dirigido por: Michael Caton-Jones. Distribuição: Paramount

quarta-feira, 6 de março de 2013

Viva Nostalgia!



Bravura indômita

O xerife texano Rooster Cogburn (John Wayne), velho e beberrão, auxilia a garota Mattie (Kim Darby) a encontrar os assassinos de seu pai. Para isso, terão de percorrer longas caminhadas a cavalo pelo Oeste selvagem, dominado pelos índios.

Faroeste classe A da Paramount, protagonizado pelo lendário ator John Wayne, o velho cowboy do cinema, ícone dos westerns americanos. Por esse filme ele ganhou o único Oscar da carreira, em 1970 – ele havia sido indicado duas vezes antes, por “Iwo Jima – O portal da glória” (1949) e “O álamo” (1960). Na pele de um destemido xerife que vive alcoolizado e que usa um tapa-olho, Wayne conduz a trama de vingança no Oeste selvagem. Toma a causa da menina, cujo pai foi assassinado por pistoleiros, e segue no encalço dos bandidos.
O personagem Rooster Cogburn ficou célebre pelos detalhes cômicos (beberrão, falar irritado), carregando o estereótipo dos velhos xerifes (chapéu, jaqueta surrada, lenço vermelho no pescoço, pistolas nos coldres, tapa-olho e botas com esporas). Apesar do jeito truculento do grandalhão, no fundo, no fundo, seu coração é piedoso para com as pessoas de boa índole – já os maus ele manda pra cova.
Há uma sequência famosa onde o xerife, montado em seu cavalo, segura as rédeas pelos dentes, nas mãos segura uma pistola e uma espingarda, e com um olho só mira um bando de matadores, também a cavalo, e sai atirando para todos os lados, com sede de vingança.
Violento (não chega a ser sanguinário como os faroestes de Sam Peckinpah) e ao mesmo tempo descontraído, o filme tem, como diretor, Henry Hathaway, especialista no gênero e parceiro de trabalho de John Wayne; juntos fizeram também “A conquista do Oeste”, “A lenda dos desaparecidos” e “Os filhos de Katie Elder”.
No elenco há participação de futuros astros, como Robert Duvall e Dennis Hopper, além de rostos conhecidos do faroeste, como Strother Martin e Jeff Corey. “Bravura indômita” foi indicado também ao Oscar de melhor canção, “True grit”.

Curiosidade: Seis anos depois de “Bravura indômita”, em 1975, houve uma continuação menor, mas bem produzida e movimentada, intitulada “Justiceiro implacável”, novamente com John Wayne, fazendo par com Katharine Hepburn. Em 2010, os irmãos Coen rodaram o remake homônimo, totalmente descartável, sem motivo cabível para existir, protagonizado por Jeff Bridges – devido a uma alucinação coletiva da Academia, concorreu a 10 Oscars, incluindo melhor filme, direção, roteiro adaptado e ator, não vencendo nenhuma categoria. Por Felipe Brida

Ficha técnica

Bravura indômita (True grit). EUA, 1969, 129 minutos. Faroeste. Colorido. Disponível em DVD e Blu-Ray