sábado, 31 de dezembro de 2011

Resenha

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Operação Valquíria

Durante a Segunda Guerra, o destemido comandante alemão Claus Von Stauffenberg (Tom Cruise) arquiteta um engenhoso plano para matar Adolph Hitler. Na chamada “Operação Valquíria”, ele contará com apoio do alto escalão nazista, além de uma série de pessoas que desejam eliminar aquele que foi o tirano mais cruel de todos os tempos.

Baseado em fatos reais ocorridos no final da Segunda Guerra Mundial, “Operação Valquíria” retrata, em duas horas tensas de filme, uma história sobre fracasso que, por um triz, não virou um dos fatos mais notórios do século passado. Isto porque a tal operação do título resultou num desastroso ‘plot’ para matar Hitler, uma tentativa frustrada de assassinato – pessoas importantes se deram mal, porém o alvo da vez não foi totalmente atingido... Na época, eliminar o ditador, famoso pelas atrocidades contra os judeus, seria algo impensável, ideia de megalomaníaco. Mas existiu um cidadão desse naipe. Destemido, o comandante alemão Stauffenberg tentou barrar o avanço nazista, sem sucesso, sem honras.
Diante do panorama citado acima, percebe-se que esse filme de ação que mistura drama de guerra com suspense psicológico (tenso do começo ao fim) não fala de gente comum ou de uma história batida sobre o Hitler na Segunda Guerra. O bom trabalho de Bryan Singer (de “X-Men” e “Os suspeitos”) vai além: acompanha a jornada do homem que encarou a fundo a própria missão proposta e, a sete chaves, bolou um ardiloso plano junto de pessoas com intenções semelhantes. Não há, portanto, ‘mocinhos’ na trama: os personagens querem vingança, morte, sangue.
Tom Cruise interpreta o comandante audacioso por trás do crime, sempre usando um tapa-olho. O papel, para ele, soa estranho, mas não decepciona – aliás, Cruise sempre foi bom ator, mesmo em dramas, e hoje envelheceu bem, melhorando a cada trabalho. E o elenco, além dele, conta com atores sérios em participações como coadjuvantes, dentre eles Terence Stamp, Kenneth Branagh, Bill Nighy e Tom Wilkinson (todos ingleses/ irlandeses).
Politizado, o filme não explica exatamente o levante do grupo de generais e soldados que se uniram para concretizar o diabólico plano, e sim já parte para os arranjos do mesmo. Com boa produção técnica (direção de arte, figurinos, edição), serve como ponto de partida de um evento histórico esquecido, mostrando que nem todos os alemães do alto escalão eram favoráveis às estratégias de Hitler, dentre elas a matança dos judeus nos campos de concentração.
Quatro anos antes, em 2004, houve a versão alemã, feita para TV, do cineasta Jo Baier, que filmou uma minissérie homônima, exibida lá em duas partes. No Brasil saiu em DVD com duração bem reduzida, mas ainda válida (mais lenta e menos intensa que o filme norte-americano), com os bons Sebastian Koch e Ulrich Tukur. Para os interessados em História, a dica é conhecer ambas as versões. Por Felipe Brida

Operação Valquíria (Valkyrie). EUA/Alemanha, 2008, 121 min. Ação/Guerra. Dirigido por Bryan Singer. Distribuição: 20th Century Fox

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Cine Lançamento

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Se beber, não case! Parte II

Após a absurda farra em Las Vegas, Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms), Alan (Zach Galifianakis) e Doug (Justin Bartha) hoje seguem suas vidas normalmente. Mas um deles, Stu, resolve se casar, escolhendo a exótica Tailândia como palco da cerimônia, que contará com seletos convidados. Convoca os dois melhores amigos para uma despedida de solteiro naquele país, o que acaba se transformando em uma aventura alucinante, ainda mais acompanhados por um divertido macaco fumante.

Segunda parte de um filme campeão de bilheteria, só que inferior, abusado, altamente absurdo e menos cômico que o original. Mas o público não se preocupa com essas questões. O lema no cinema é diversão e entretenimento, mesmo se o que for projetado na tela seja algo repetido, sem originalidade, e o pior, banalizando o ser humano. Tem tudo isso e mais um pouco em “Se beber, não case! Parte II”, comédia que somente no fim de semana de estreia nos EUA faturou mais que o orçamento, que era estimado em U$ 80 milhões – o montante superou U$ 250 milhões só no país, uma das maiores bilheterias do ano.
Reúne novamente todo o elenco e a produção do anterior, que eu havia achado curioso e melhor do que o esperado (com ressalvas). Nessa nova aventura, as confusões provocadas por uma bebedeira descontrolada acontecem na Tailândia, país que esconde mistérios. E no mesmo jeitão, com reviravoltas, descontrole, gozações e maior grosseria com piadas escrachadas de sexo e órgãos genitais.
Em férias para comemorar a despedida de solteiro de um deles, os amigos azarados (olha que coincidência), de ressaca, não recordam da noite anterior. Óbvio que no caminho aconteceram fatos bizarros, como sempre, e aos poucos os personagens têm conhecimento do que realmente se sucedeu. É mais do mesmo...
O elenco traz o trio ainda mais desvairado (Galifianakis de barba e agora com a cabeça raspada, e Ed Helms com uma tatuagem gigante do rosto), e retornam dois outros secundários, como o chato Mr. Chow (feito pelo ator Ken Jeong) e o lutador de boxe Mike Tyson (numa rápida participação no desfecho).
Como no primeiro, é uma sucessão de piadas repetidas em torno do trio, com bobagens mirabolantes num ritmo ágil que o público adora acompanhar. Pra mim, resulta descartável. E olha que os produtores já anunciaram a terceira parte para 2013... Por Felipe Brida

Se beber, não case! Parte II (The hangover Part II). EUA, 2011, 102 min. Comédia. Dirigido por Todd Phillips. Distribuição: Warner Bros

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Cine Lançamento

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Meninas malvadas 2

A jovem Jo (Meaghan Martin) é a nova aluna do colégio, que tem uma grande amiga e aliada, Abby (Jennifer Stone). Juntas, as "Mean Girls" fazem o que sabem melhor: espalhar fofocas. Até que as duas envolvem-se em uma série de confusões com professores, diretores da escola e colegas próximos.

Desnecessária continuação da premiada comédia teen de 2004 (que havia vencido diversos MTV Awards, dentre eles melhor atriz para Lindsay Lohan), inferior em todos os aspectos possíveis. Não traz mais nem o elenco original nem os produtores tampouco a direção, que resulta falha e de extrema mediocridade. Pende para o besteirol, no padrão daquelas fitas grosseiras voltadas ao público jovem que invade as locadoras. A responsável por tamanho equívoco é uma atriz de TV pouco conhecida, Melanie Mayron.
A história repete, sem piadas criativas, as intrigas de um bando de meninas maledicentes em um colégio. Elas criam situações embaraçosas com professores, distribuem gratuitamente fofocas com o simples prazer de vingança pessoal, de fazer chacota com a cara dos “inimigos”, ou seja, tudo aquilo que vimos com certo humor negro no primeiro filme. Diferentemente, aqui a comédia rala não provoca risada. Enfim, não acrescenta em nada, até porque não existe mais os personagens do original para que na trama fossem incrementadas as peripécias e malandragens das tais garotas malvadas.
Não obteve repercussão nos Estados Unidos, sendo lançado em home vídeo sem passar nos cinemas – e no Brasil idem. Não perca tempo... Deixe pra lá. Por Felipe Brida


Meninas malvadas 2 (Mean girls 2). EUA, 2011, 96 min. Comédia. Dirigido por Melanie Mayron. Distribuição: Paramount Pictures

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Resenha

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Marcas do destino

O garoto Rocky Dennis (Eric Stoltz) é portador de uma rara doença chamada leontíase óssea. Seu rosto, completamente desfigurado, assemelha-se a uma máscara. Em meio ao preconceito enfrentado na escola e nas ruas por onde passa, o jovem tem, como amparo e suporte, a mãe, Florence Rusty (Cher), uma mulher viciada em álcool e cocaína. Ela convive com um grupo de motoqueiros selvagens que também estão ao lado de Rocky. A inabalável determinação do rapaz, mesmo com a doença se agravando, o fará crescer como pessoa, inspirando assim os colegas de classe, professores e amigos.

O diretor Peter Bogdanovich (dos excelentes “A última sessão de cinema” e “Lua de papel”) soube conduzir com sinceridade e de forma sensível essa história verídica do jovem Roy L. Dennis, apelidado do Rocky (1961-1978), portador de uma displasia crânio-facial chamada leontíase (doença cujo nome vem da palavra “leão”, devido ao rosto deformado como se fosse uma máscara – daí também o título original, “Mask”). O rapaz enfrentou rejeição por todos os lados (na escola, nas ruas, na vizinhança etc), as pessoas tinham medo de se aproximar. Realmente a face de Rocky causava impacto pela deformidade – seu crânio tinha mais de 60 cm de diâmetro, e a mandíbula chegava a 40 cm! Paralelamente mostra a superação de Rocky para vencer o preconceito e assim ser visto como uma pessoa “normal”. Uma figura importante na vida dele foi a mãe, que, apesar de viciada e ter comportamento explosivo, cuidou do adolescente até os minutos finais.
O drama dá certo pelas incríveis atuações de Eric Stoltz (em início de carreira, então com 24 anos), como Rocky, todo transformado por uma maquiagem impressionante, e da hoje cantora Cher, em seu primeiro papel principal no cinema, na pele da mãe ora equilibrada ora tresloucada.
No elenco, participação de veteranos como Harry Carey Jr., na pele de um motoqueiro, Richard Dysart e a falecida Estelle Getty. Sam Elliott, o ator típico por personagens de cowboy e pistoleiro, faz o padrasto de Rocky, e Laura Dern, com apenas 18 anos, aparece no final como uma menina cega, o interesse romântico do jovem protagonista.
Venceu o único Oscar indicado, o de melhor maquiagem em 1986. Também recebeu duas nomeações ao Globo de Ouro – ator para Stoltz e atriz para Cher. Esta, em Cannes, dividiu o prêmio de atriz com Norma Aleandro pelo argentino “A história oficial”. O diretor Bogdanovich recebeu ainda indicação à Palma de Ouro.
Um drama indicado a todos, que causa emoção e nos faz refletir sobre o herói que existe dentro de nós. Por Felipe Brida

Marcas do destino (Mask). EUA, 1985, 120 min. Drama. Dirigido por Peter Bogdanovich. Distribuição: Universal

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Cine Lançamento

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Os Smurfs

O ardiloso feiticeiro Gargamel (Hank Azaria) persegue os Smurfs fora da aldeia onde vivem, após adentrarem um portal que os levam à tumultuada cidade de Nova York. O temível vilão não dá tréguas bolando diversas armadilhas para caçar os homenzinhos azuis. Os pequenos Smurfs terão pela frente a missão de fugir para garantir a sobrevivência.

Divertida e bem ágil, a primeira adaptação para cinema da série animada “Smurfs” é melhor do que se esperava. E a boa bilheteria pegou muita gente de surpresa. Isto porque o famoso desenho criado pelo falecido cartunista belga Peyo entre 1981 e 1990, sucesso inclusive no Brasil, havia caído no esquecimento das pessoas (já se passaram 21 anos do término dos episódios, e as emissoras de TV pararam de exibi-los faz tempo). Ou seja, as novas gerações, para quem o filme é destinado, desconheciam as aventuras dos homenzinhos azuis. Uma das explicações cabíveis para a enorme receptividade do público infantil nas salas de cinema dá-se pelo fato da recriação diferenciada. A fita apela à computação gráfica, que dá vida aos Smurfs, aliada a atores “reais”. O resultado é um passatempo descompromissado, mais para crianças – os personagens são fofinhos, agradando pela simpatia.
Tem uma produção acima da média, bons efeitos visuais e uma história bem ralinha, para consumo imediato, sobre o mal versus o bem – a velha fórmula do vilão, que propaga a maldade, e busca eliminar os seres de bom coração.
O comediante Hank Azaria está irreconhecível na pele do malvado Gargamel, escondido em uma maquiagem pesada. Uma série de atores desconhecidos empresta suas vozes para os Smurfs, e o elenco “de carne e osso” é feito por artistas de TV.
Sem dúvida acaba sendo o filme melhorzinho do diretor Raja Gosnell, especialista em fitas infantis (bem fracas por sinal), como “Esqueceram de mim 3”, “Vovó...Zona” e as duas primeiras partes de “Scooby-Doo”. Assista sem compromisso e sem exigências. Por Felipe Brida

Os Smurfs (The Smurfs). EUA, 2011, 103 min. Aventura/Animação. Dirigido por Raja Gosnell. Distribuição: Sony Pictures

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Viva Nostalgia!

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Inferno nº 17

Em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, um pequeno grupo de soldados norte-americanos é abatido pelos alemães. Eles são alojados no campo de prisioneiros de número 17, onde ali moram “temporariamente” cerca de 630 homens capturados pelas tropas nazistas. Naquela velha caserna, os mais rebeldes planejam uma fuga mirabolante, enquanto o líder do grupo, sargento Sefton (William Holden), é apontado como espião devido ao contato às escuras com os alemães.

Clássico de guerra que mistura humor e cinismo inteligente típico do cineasta de origem polonesa Billy Wilder, um dos nomes mais reverenciados do cinema norte-americano de todos os tempos. Foi ele mesmo que adaptou para as telas a peça teatral de Edmund Trzcinski (que faz uma ponta emprestando seu próprio sobrenome ao personagem), rodando-o no intervalo entre dois clássicos famosos que dirigira, “A montanha dos sete abutres” (1951) e “Sabrina” (1954). Resulta como um deboche meio farsesco, que brinca com assuntos sérios, no caso as atrocidades do Nazismo na Segunda Guerra. Toda a história se concentra dentro do tal Stalag 17 (em alemão significa “campo de prisioneiros”), onde às vésperas do Natal um seleto grupo de soldados rebeldes, e muito desmiolados, planeja fugir daquele lugar sufocante. Há um coleguismo fervoroso entre aqueles homens até que dois deles são mortos na tentativa da primeira escapada. É quando começam as intrigas, já que a forte suspeita parece se confirmar: o cabeça do grupo (interpretado por William Holden) pode ser um espião.
“Inferno nº 17” não deixa de ser crítico, recorrendo ao teor cômico que serve para zombar do regime nazista (uma das cenas cruciais é a dos prisioneiros colocando bigode para imitar Hitler durante um discurso na caserna).
Rodado em PB, o filme rendeu a Holden o Oscar de melhor ator, pelo papel do sargento desbocado que negociava com os alemães para ter privilégios pessoais – e assim passa a ser mal visto pelo grupo. Também foi indicado a dois outros prêmios da Academia: diretor e ator coadjuvante para Robert Strauss, como um divertido prisioneiro doido por farras.
A história inteira é narrada por um soldado, Clarence Cookie (Gil Stratton), que desde a abertura apresenta o stalag e faz comentários engraçados sobre os nazistas, bem como reclama dos filmes de guerra produzidos hoje em dia (o que seria uma auto-crítica, claro que ironizando o próprio “Inferno nº 17”).
Uma sequência bastante conhecida: os atores reunidos cantam “When Johnny comes marching home”, marchando pelos quartos – outra referência crítica, agora em torno dessa música popular surgida na Guerra Civil Americana.
Tem muitos nomes curiosos no elenco, como o famoso cineasta ucraniano Otto Preminger, na pele de um chefe nazista durão (em um dos poucos papéis como ator), além de Don Taylor, Peter Graves e Harvey Lembeck. Clássico indispensável, para ver e rever e comprar! Sai novamente em DVD na coleção ‘Clássicos’ da Paramount, sem extras. Por Felipe Brida

Inferno nº 17 (Stalag 17). EUA, 1953, 120 min. Drama/Guerra. Dirigido por Billy Wilder. Distribuição: Paramount Pictures

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Viva Nostalgia!

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O tempo não apaga

Três amigos de infância, Martha, Walter e Sam, guardam um segredo assustador. Duas décadas se passam, e Martha (Barbara Stanwyck) está casada com Walter (Kirk Douglas); ela é uma industrial bem-sucedida e gananciosa, enquanto ele trabalha como promotor de justiça, de comportamento suspeito e muito ambicioso. A rotina dos dois muda quando o velho amigo Sam (Van Heflin) surge de forma inesperada na cidade, passando a ameaçar o casal para se “vingar” do crime cometido pelos três no passado.

Um autêntico filme noir norte-americano em plena época em que Hollywood produzia filmes desse sub-gênero ‘importado’ da França. Indicado ao Oscar de melhor roteiro original em 1947, “O tempo não apaga” fala do sentimento da culpa, da consciência suja, tudo porque o trio da história guarda um terrível segredo a sete chaves – eles, pequenos, cometeram um assassinato brutal (logo na abertura exibe-se a referida ideia). O tempo passa, e cada um deles, já na idade adulta, tem suas vidas mesquinhas: Barbara Stanwyck é a mulher fatal, uma industrial com fama e poder; Kirk Douglas, o marido, promotor de justiça com ar perigoso; e Van Heflin, o tormento na vida do casal, um homem chantageador disposto a tudo, inclusive a revelar à sociedade o segredo que os unem.
Como sempre nos filmes noir, e aqui não é diferente, há intriga, chantagem e reviravolta em torno dos personagens, todos de moral comprometida e de má índole – não há ‘mocinhos’ na trama, tampouco pessoas éticas. E outros elementos de estilo noir estão presentes, como o final não feliz, a tortura psicológica, a tentativa de redenção etc
Produzido em PB, acaba sendo um dos trabalhos importantíssimos e menos conhecidos do diretor Lewis Milestone, duas vezes vencedor do Oscar – por “Dois cavaleiros árabes” (1927) e “Nada de novo no front” (1930), um cineasta que teve papel fundamental para a solidificação do cinema norte-americano durante a década de 30, cuja carreira durou até a metade dos anos 60.
Milestone escolheu bem o elenco: Barbara, uma das mulheres fatais do cinema noir, Kirk Douglas, aqui estreante, e Van Heflin, um de meus atores preferidos, além da participação menor da grande atriz Judith Anderson (como a mãe rude de Martha Ivers) e a coadjuvante Lizabeth Scott (a namorada de Sam).
Com título dramático demais – a tradução do original seria “O estranho amor de Martha Ivers”, que soa ambíguo e bem esquisito, o filme sai na coleção ‘Clássicos’ pela Paramount Pictures. Para quem tem curiosidade em conhecer o noir, este é um exemplo dos bons.

Curiosidade: O ator Kirk Douglas completou 95 anos no dia 9 de dezembro. Com três indicações ao Oscar (uma delas pelo papel do pintor Van Gogh em ‘Sede de viver’), acumula 85 filmes na carreira de seis décadas. Estreou em “O tempo não apaga’ e ainda está na ativa, em papéis pequenos em seriados de TV. De origem judia, nasceu na comunidade russa de Nova York com o nome Issur Issur Danielovitch Demsky. Deixa um legado valioso, bem como um filho ator, ótimo por sinal, que é Michael Douglas. Kirk, sem dúvida, é uma lenda viva do cinema.

O tempo não apaga (The strange love of Martha Ivers). EUA, 1946, 116 min. Drama. Dirigido por Lewis Milestone. Distribuição: Paramount Pictures

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Viva Nostalgia!

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Love story – Uma história de amor

A jovem estudante de música Jennifer Cavilleri (Ali MacGraw) apaixona-se por um rapaz da mesma idade, Oliver Barrett IV (Ryan O‘Neal), após conhecê-lo na biblioteca da universidade de Harvard. Ele estuda Direito e vem de uma família rica, enquanto a garota, de origem humilde, vive com o pai (John Marley). O relacionamento dos namorados não é aceito pelos pais de ambos. Por se amarem demais, Oliver e Jennifer arriscam tudo – família, amigos, estudos. Até que a jovem descobre estar gravemente doente.

“Amar é jamais ter que pedir perdão”. A famosa frase dita pela personagem Jennifer, que exprime o intenso amor pelo namorado Oliver, aliada à bonita trilha sonora de Francis Lai, vencedora do Oscar em 1971, ficou gravada na memória do público que assistiu ao filme na época. O mundo sofria as atrocidades da Guerra do Vietnã, e os jovens aderiam ao espírito livre do movimento hippie advindo da Woodstock quando foi lançada essa fita romântica que chega aos extremos do melodrama convencional. Talvez por tais fatores tenha se tornado mega-sucesso nos cinemas, um ‘estouro’ de bilheteria que influenciou gerações, inclusive uma infinidade de imitações. Apesar de datado, da narrativa lenta, sem reviravoltas e da previsibilidade da história (em especial o desfecho), é um filme querido do público, sem dúvida uma das fitas românticas mais populares do cinema.
Tudo começa com o rapaz Oliver lamentando a morte da namorada, vítima de uma doença incurável. Daí a trama se desenvolve com o relacionamento dos dois, a briga com os pais, as crises entre o casal, ou seja, conflitos comuns vistos em trabalhos do gênero. O público só irá entender os pormenores da doença da jovem a partir da metade para o final, quando o tom muda – o gênero romance dá abertura ao drama, um pouco amargo, triste, até o encerramento sem surpresas.
Voltado para adeptos de melodramas, que não se importam em deixar escorrer as lágrimas.
O roteiro original, escrito pelo falecido Erich Segal (1937-2010), o mesmo de “Yellow Submarine” (dos Beatles), lançou em seguida ao filme o livro, de mesmo título. Virou best-seller e nada mais é que o próprio roteiro mais alongado.
Além de ganhar o Oscar de melhor trilha sonora, recebeu outras seis indicações: filme, atriz (Ali MacGraw), ator (Ryan O’Neal), ator coadjuvante (John Marley, que interpreta o pai da jovem), diretor e roteiro adaptado. E no Globo de Ouro venceu cinco prêmios, como filme, diretor e atriz.
Realmente Ali e O’Neal, juntos, têm uma química interessante, um casal bonito de se ver na tela. Além do mais, o ator sempre foi bom em cena e convence como o rapaz apaixonado. O elenco traz também o monstro sagrado Ray Milland, personalidade forte do cinema dos anos 40 e 50, na pele do pai de Oliver, um empresário rico, e ponta de poucos segundos de Tommy Lee Jones, em sua primeira aparição no cinema.
Foi dirigido por Arthur Hiller (não confundir com Arthur Miller, o notório roteirista que foi casado com Marilyn Monroe). Em 1978 teve continuação inferior e desnecessária, chamada “A história de Oliver”, mantendo apenas, do cast original, Ryan O’Neal. Por Felipe Brida

Love story – Uma história de amor (Love story). EUA, 1970, 99 min. Drama. Dirigido por Arthur Hiller. Distribuição: Paramount Pictures

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Cine Lançamento

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Contra o tempo

O capitão Colter Stevens (Jake Gyllenhaal) integra o projeto secreto “Source Code”, capaz de transportá-lo para o corpo de outra pessoa e assim assumir aquela identidade durante oito minutos. Durante a explosão de um trem com centenas de passageiros em Chicago, ele recebe a missão de voltar no tempo, no corpo de uma das vítimas, com o objetivo de identificar o autor do crime para evitar nova tragédia. No trem apaixona-se por Christina (Michelle Monaghan), confronta-se com seus chefes e aos poucos altera as regras do jogo.

Bom thriller com uma curiosa mistura de ação e ficção científica. O lance máximo do filme é a trama engenhosa, que conduz milimetricamente o personagem central a experiências de vida e morte. A cada vai e volta no tempo, sempre com o atentado como fio condutor da história, o capitão (Jake Gyllenhaal, sempre melhorando como ator) depara-se com uma nova peça do quebra-cabeça. E assim tenta fechar a arriscada missão: prender o terrorista responsável pelas bombas no trem. Como cai nas graças de uma bela mulher (a bonita Michelle Monaghan), apaixona-se perdidamente, o que coloca em risco seu futuro – que pode mudar, já que isto não estava nos planos iniciais.
É uma fita original em termos, mas não única no gênero. Quem se lembra da ação “Tempo esgotado” (1995), com Johnny Depp, e de “12:01” (1993)? Bastante movimentado, às vezes repetitivo (com o retorno ao passado a todo instante) e bem curto de duração, pode servir como passatempo inteligente. Exige do público cabeça preparada, porque a história é confusa, com mudanças na trama minuto-a-minuto, e todo instante é decisivo!
Reparem nas boas participações de Vera Farmiga (já indicada ao Oscar) e Jeffrey Wright (irreconhecível de barba, calvo e de óculos).
Segundo filme do criativo diretor inglês Duncan Jones após o ótimo cult “Lunar” (2009). Boa pedida para o fim de semana!
OBS: Não confundir com a fita de ação de mesmo nome, lançada em 2003, com Jet Li e DMX. Por Felipe Brida

Contra o tempo (Source Code). EUA/França, 2011, 93 min. Ação/ Ficção científica. Dirigido por Duncan Jones. Distribuição: Imagem Filmes

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Viva Nostalgia!

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O grande Gatsby

A ascensão e queda do extravagante magnata Jay Gatsby (Robert Redford), que nos anos 20, despertou o desejo de consumo de toda uma sociedade em Long Island, Nova York.

Adaptado do famoso romance de F. Scott Fitzgerald, “O grande Gatsby” é um conto de vida e morte sobre o sonho americano nos anos anteriores à Grande Depressão. Vencedor do Oscar de melhor figurino e o de trilha sonora em 1975, traça um fiel panorama da época, inserindo no pano de fundo das Entreguerras a figura de um jovem novaiorquino rico conhecido por promover festas glamurosas repletas de mulheres exuberantes e exageros dos mais variados. Em uma delas, um jovem que acabara de chegar da cidade do interior (Sam Waterston, que na estréia nos cinemas, aqui, recebeu indicação ao Globo de Ouro) é atraído pela imagem sedutora do poderoso magnata. Boa parte da história contada a partir daí vem do olhar desse rapaz simples – é ele quem enxerga o mundo à sua volta e ‘devolve’ ao telespectador.
Fiel à obra de Fitzgerald, reconstitui com cinismo esse ruidoso cenário da sociedade burguesa norte-americana, com foco exclusivo na inconseqüente ambição humana em plena Era do Jazz, temas supervalorizados nas obras do autor original. No drama sente-se o clima de tragédia desde a abertura, ou seja, é uma típica ‘crônica da morte anunciada’.
Francis Ford Coppola assina o roteiro, e Mia Farrow interpreta o interesse romântico do personagem principal (tanto ela quanto Redford estão bem fotografados na tela, em pleno início de carreira).
De narrativa longa e excessivamente dialogado, o filme tem como outro atrativo a suntuosa direção de arte.
O elenco ainda traz velhos conhecidos dos anos 70, como Bruce Dern e Karen Black, além da participação de Scott Wilson, Lois Chiles e Edward Herrmann.
Lançado em DVD pela Paramount Pictures nos boxes “Mia Farrow” (junto com ‘O bebê de Rosemary’) e Robert Redford (com ‘Esta mulher é proibida’). Um trabalho que deve ser conhecido. Por Felipe Brida

O grande Gatsby (The Great Gatsby). EUA, 1974, 144 min. Drama. Dirigido por Jack Clayton. Distribuição: Paramount Pictures

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Viva Nostalgia!

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Barbarella

No futuro, em 40.000 d.C., a astronauta Barbarella (Jane Fonda) viaja pelo espaço em sua nave quando recebe um sinal de alerta para aterrissar em um planeta desconhecido. Sozinha em Lynthon, enfrenta robôs, monstros e bonecas assassinas. Acaba conhecendo o anjo Pygar (John Phillip Law) até que este é preso e torturado. Barbarella então terá pela frente a arriscada tarefa de salvar o anjo, agora dominado pelo temível Dr. Duran Duran (Milo O’Shea).

Foi o notório diretor Roger Vadim (1928-2000) quem criou a fantástica versão para cinema da astronauta ninfomaníaca Barbarella, um veículo de projeção para a atriz Jane Fonda, então sua esposa. Tudo não passa de uma esquisita e irregular fita de ficção futurista/surrealista, baseada nas histórias em quadrinho de Jean-Claude Forest, que lançou a personagem pela primeira vez em gibi em 1962. Tem como gênero-base a ficção científica, porém mistura um pouco de tudo: aventura, comédia, romance e horror (por exemplo, a sequência do ataque das bonecas e a dos pássaros, alusão ao icônico ‘Os pássaros’, de Hitchcock, lançado cinco anos antes).
Carregado de cores atordoantes, o filme tem visual e figurino Kitsch, soando brega e de baixo orçamento pela duvidosa direção de arte e os amplos cenários recriados por Dino de Laurentiis (o mestre das aventuras espaciais e de guerreiros).
Torna-se curioso para as novas gerações e nostálgico para a geração que viveu o fim dos anos 60. Vale lembrar que “Barbarella” ficou conhecido no mundo inteiro; os traços da personagem foram imitados nas décadas posteriores, e ela não pode ser apontada como heroína, pois pena em demasia nas mãos dos vilões e não tem armas ou mesmo golpes usuais. Seu grande lance é fazer sexo, de uma maneira diferente (‘avançada’, segundo o filme): encostar as mãos nas do companheiro e, assim, entrar em transe!
Mais do que erotismo, há um certo clima homoerótico: uma das vilãs sugere ser lésbica, o anjo é afeminado etc.
Produção franco-italiana em língua inglesa, a fita conta com participações especiais, de Ugo Tognazzi (na pele de um caçador dos séculos passados) e David Hemmings (como Dildano, um revolucionário que vive escondido no subsolo), além do mímico francês Marcel Marceau, da modelo Anita Pallenberg e dos atores Claude Delphin e Serge Marquand.
Jane Fonda, nos créditos iniciais, faz um striptease flutuante. Ela virou símbolo sexual, logo se engajaria nos movimentos feministas e estava casada com o diretor Roger Vadim – ela foi a terceira das cinco esposas do cineasta, com quem ficou junto de 1965 a 1973; seu primeiro casamento foi com a atriz francesa Brigitte Bardot, sex symbol na década de 50.
O título usa como base o nome da personagem “Cinderella”, e no Brasil o filme ficou pejorativamente conhecido como “Chatarella”.
Uma curiosidade do cinema, que ainda divide a opinião do público. Por Felipe Brida

Barbarella (Idem). França/Itália, 1968, 98 min. Ficção científica. Dirigido por Roger Vadim. Distribuição: Paramount Pictures

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Cine Lançamento

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Meia noite em Paris

Em Hollywood, o aspirante a escritor Gil (Owen Wilson) dedica seu tempo para escrever um roteiro de cinema. De folga por alguns dias, viaja a Paris com a noiva Inez (Rachel McAdams) para fechar um grande negócio. Em uma noite, vagando sozinho pelas ruas da capital francesa, topa com personalidades do século XX, todas já falecidas, como o pintor surrealista Salvador Dalí, o escritor Ernest Hemingway e o músico Cole Porter. Será um sonho interminável de Gil ou o roteirista está mesmo criando laços com esses notórios conhecidos?

Exemplar comédia na linha da fantasia dirigida pelo mestre Woody Allen, em um de seus melhores trabalhos recentes, que abriu o Festival de Cannes. É de novo um bom Allen em fase de renovação, junto de “Vicky Cristina Barcelona” (2008) e “Tudo pode dar certo” (2009).
A história é um deleite para os apaixonados em História, Artes e Literatura. Acompanha dias malucos na vida de um roteirista perdido no trabalho atual (um roteiro) que, ao chegar em Paris, conhece o “fantasma” de grandes escritores, pintores e artistas. Diariamente à meia noite, ele descobre a mágica e passa por um ritual: sozinho, pega carona no cruzamento de um beco e chega a bares e pontos de encontro de boêmios. Nesses lugares vive um verdadeiro sonho, que é reencontrar uma gentarada famosa, inclusive muitos deles que eram espelhos para o roteirista, como os escritores Hemingway e Fitzgerald (o casal F. Scott e Zelda). A partir daí os conflitos internos do personagem vem à tona – crise com a noiva, atrito com os pais dela (que estão juntos com ele na viagem) e uma crise de identidade devido à situação anormal de estar dialogando com os cidadãos “do além”. Owen Wilson manda bem, com trejeitos, tiques e cara de Woody Allen – Wilson é um bom ator quando bem aproveitado.
Uma comédia romântica mágica, com a pulsante marca autoral de Allen. A Cidade Luz nunca esteve tão bem fotografada como aqui. Assistir a “Meia noite em Paris” é também fazer um tour pelo Champs-Élysées, Arco do Triunfo, Palácio de Versalhes, Louvre e Sacré Couer.
A cantora Carla Bruni faz ponta como uma guia de turismo e Adrien Brody aparece rápido (e cômico) como o Dalí alucinado por rinocerontes. Por Felipe Brida

Meia noite em Paris (Midnight in Paris). EUA/Espanha, 2011, 94 min. Comédia romântica. Dirigido por Woody Allen. Distribuição: Paris Filmes