sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Especiais sobre cinema

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As indiscrições escandalosas de uma princesa vienense

Por Felipe Brida *

Produzida em 1960 por Carlo Ponti, a suntuosa comédia romântica O Escândalo da Princesa reúne, no elenco, duas personalidades artísticas mundiais – a atriz italiana Sophia Loren e o cantor e ator francês Maurice Chevalier. O filme narra uma história leve sobre amores proibidos na realeza austríaca nos primeiros anos do século 20.
Tudo transcorre em um vilarejo próximo à capital da Áustria, Viena, conhecida como "Cidade da Valsa". Nesse local, onde harmonicamente dialogam castelos soberanos e verdes campos, a princesa Olympia (Sophia Loren) reluta em aceitar a imposição da mãe, de se casar com um príncipe. A jovem já sofre por ter sido expulsa da família por conta de "indiscrições escandalosas". Certa ocasião conhece, em um acidente, Charlie Foster (John Gavin), engenheiro americano por quem se apaixona de imediato. E o primeiro passo para um futuro relacionamento está prestes a ser dado, se não fosse o furor que tal fato causará na sociedade.
Sophia Loren esbanja charme com a personagem da princesa indiscreta apaixonada por um rapaz de classe social inferior e, acima de tudo, que não tem sangue nobre. Insistente, ela vai até o fim para conquistar o homem de sua vida, só tendo como aliado o pai (o notório Maurice Chevalier).
“O Escândalo da Princesa” segue a linha de um conto de fadas moderno, com recursos simplistas de direção e roteiro, eficaz para quem se envolve em histórias de amor. A direção de arte é um registro coerente da Áustria da virada do século, com rica cenografia no interior de castelos.
Assina a direção o cineasta húngaro Michael Curtiz, vencedor do Oscar por “Casablanca”, em 1941, e criador de clássicos memoráveis, como “As Aventuras de Robin Hood” e “A Canção da Vitória”.
Curiosidade: Sophia Loren casou-se duas vezes e com o mesmo marido, o produtor de cinema italiano Carlo Ponti, que fez esse filme – a primeira vez, de 1957 a 1962, e depois de 1966 até 2007, quando ele faleceu aos 94 anos. Ponti produziu “O Escândalo da Princesa” especialmente para a esposa, que era 22 anos mais nova. Juntos tiveram dois filhos homens.

Viena: Música e arte dominantes

Mundialmente conhecida como a "Cidade das Valsas", Viena, situada no extremo nordeste da Áustria, recebe outro codinome muito utilizado – "Capital da Música". Não é por acaso o apelido: na capital viveram Mozart, Beethoven, Schubert, Mahler, Haydn, Strauss (pai e filho) e Brahms – e, claro, cidade-natal do pai da Psicanálise, Sigmund Freud. A Filarmônica de Viena e os Pequenos Cantores de Viena destacam-se também no cenário da música mundial.
Fundada pelos celtas no ano 500 a.C., Viena virou palco de fatos históricos diversos. Foi dominada no Império Romano, elevou-se centro soberano supremo da Dinastia Habsburgo por sete séculos, foi capital do Sacro Império Romano, além de ter sido atingida pela peste bubônica, que matou um terço da população.
Destacou-se como centro cultural e político influente da Europa. Viena está sobre o Rio Danúbio e seu centro histórico integra a lista de patrimônios da Unesco.

Ficha técnica
Título original: A breath of scandal
País/ ano: EUA, Itália/ 1960
Direção: Michael Curtiz
Gênero: Comédia romântica
Duração: 97 min.

* Resenha publicada no "Cine na Intra", coluna de cinema do site Senac SP, no dia 23/09/2011.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Viva nostalgia!

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O bebê de Rosemary

Recém-casada e grávida, Rosemary Woodhouse (Mia Farrow) mora com o marido Guy (John Cassavetes) em um antigo prédio em Nova York. Ambos fazem amizade com um casal de idosos que reside no apartamento vizinho. O que Rosemary não desconfia é que os velhos são bruxos mentores de uma seita diabólica, e que seu esposo, em busca de sucesso e prestígio, fizera um pacto com o diabo em troca da alma do filho que irá nascer.

Sem dúvida o melhor filme de horror de todos os tempos. Baseado no romance de Ira Levin com roteiro escrito pelo próprio diretor, Roman Polanski, esse clássico do gênero é um pleno exercício psicológico sobre tormento, paranóia, alucinação e isolamento, temas recorrentes do cineasta francês que também pode ser conferido com a mesma qualidade em “Repulsa ao sexo” e “O inquilino”.
Junto com “O exorcista”, “O bebê de Rosemary” provocou medo nas platéias do mundo inteiro no ano de seu lançamento, em 1968. O filme, diferente do primeiro, apenas sugere a presença do diabo, ou seja, deixa a dúvida no ar, o que é mais incômodo.
Polanski rodou no ano seguinte de “A dança dos vampiros”, quando estava casado com a linda modelo Sharon Tate. Meses após o lançamento de “O bebê”, a jovem, grávida de oito meses, foi brutalmente assassinada junto com um grupo de amigos na casa onde residia, crime cometido pela seita satânica de Charles Manson. Por isso na época muita gente considerou o filme maldito, que ainda causa curiosidade por fazer relação com esse fato descabido.
A atriz Mia Farrow, em fase inicial de carreira, segura o papel da mãe do “bebê demônio”. Ela, com 22 anos, (era casada com Frank Sinatra, 30 anos mais velho) contracena com o grande ator e diretor John Cassavetes, em papel marcante, e também com os veteranos Ruth Gordon (venceu o Oscar de coadjuvante aqui, como a sinistra senhora que resguarda a seita), Ralph Bellamy, Sidney Blackmer, Maurice Evans e Elisha Cook Jr., além do estreante Charles Grodin.
Terror de primeira, perturbador, de dar frio na espinha, um marco que consegue, mesmo quatro décadas depois, arrepiar o telespectador. Relançado pela Paramount na coleção “Clássicos Paramount”, recebeu ainda indicação ao Oscar de roteiro adaptado. Por Felipe Brida

O bebê de Rosemary
(Rosemary’s baby). EUA, 1968, 136 min. Horror/Drama. Dirigido por Roman Polanski. Distribuição: Paramount Pictures

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Viva nostalgia!

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Os embalos de sábado à noite

Tony Manero (John Travolta) trabalha de dia como vendedor em uma loja de tintas e nos finais de semana à noite domina as pistas da Discoteca 2001. O jovem é apontado como o melhor dançarino do Brooklin. Mas em casa enfrenta sérios problemas com os pais, além de ter um relacionamento enrolado com uma garota e ao mesmo tempo ser cobiçado por todas as jovens da cidade. Sua vida poderá tomar rumo diferente quando passa a se preparar para um importante concurso de disco music.

Filme mundialmente conhecido que, na época (1977), projetou John Travolta, que só havia atuado um ano antes em “Carrie, a estranha” e em filmes para TV. O ator tinha apenas 23 anos de idade e de cara recebeu indicação ao Oscar e ao Globo de Ouro pela interpretação do sexy dançarino Tony Manero.
Estouro de bilheteria – a produção custou U$ 50 milhões e arrecadou nos cinemas do mundo inteiro U$ 237 milhões, foi lançado em pleno auge da Era Disco, quando as discotecas eram o boom do momento. Ao contrário do que muitos possam pensar, é um drama pesado e não um musical (até porque ninguém do elenco canta). Pesado por retratar com seriedade o dificil dia-a-dia do personagem central, Tony Manero, frustrado com o trabalho e cheio de problemas familiares, mostrados com mão firme do diretor John Badham. Além do mais o final conduz para uma evidente tragédia, com desfecho amargo, no entanto realista.
Ficou notório também por dois outros motivos: 1º) A trilha sonora marcou toda uma geração, com canções compostas pelos irmãos Gibb, os Bee Gees, que na época ganhavam repercussão – a de abertura, “Stayin' alive”, a romântica “How deep is your love?”, as dançantes “Night fever” e “More than a woman” e a bonita “If I can't have you” (apenas esta não foi cantada pelo trio, e sim por Yvonne Elliman). Como resultado, “Os embalos de sábado à noite” chegou a ser a trilha mais vendida da história da música, um fenômeno pop arrebatador. 2º) A dança típica (repare na capa), símbolo das coloridas discotecas.
A fotografia rebate essas cores quentes alucinadas (vermelho e laranja) para dar o visual contemporâneo que a cultura pop daquele ano propulsionava.
Uma curiosidade: o nome “2001”, da discoteca, inspirou-se no clássico de Stanley Kubrick, já que o interior da espaçonave da fita de ficção científica em questão era revestida com cores fortes parecidas com as da pista de dança.
Teve uma continuação inferior em 1983, “Os embalos de sábado à noite continuam”, com Travolta e com direção de Sylvester Stallone!
Sai em DVD em edição especial para colecionador, com extras inéditos. Para quem viveu a época, o filme será uma grande viagem nostálgica. Por Felipe Brida

Os embalos de sábado à noite
(Saturday Night Fever). EUA, 1977, 118 min. Drama. Dirigido por John Badham. Distribuição: Paramount Pictures

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Cine Lançamento

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Thor

O guerreiro Thor (Chris Hemsworth) desobedece às leis do seu pai, o rei Odin (Anthony Hopkins), ao se vingar dos inimigos que tentavam um acordo de paz no reino de Asgard. Como punição, ele é expulso da terra natal, perde os poderes (como o martelo Mjolnir) e é enviado ao planeta Terra. Thor, agora um ser humano comum, conhece um grupo de cientistas, liderado por Jane Foster (Natalie Portman). Enquanto ele sai em busca do martelo, que lhe dava forças, seu irmão Loki (Tom Hiddleston) inicia um terrível plano para assumir o trono, iniciando uma batalha tanto na Terra quanto em Asgard.

Megassucesso de público, a badalada aventura “Thor” faturou quatro vezes o orçamento nas salas do mundo inteiro, cuja bilheteria, bota rentável nisso, atingiu a marca de U$ 500 milhões. Com produção sofisticada, classe A, a empolgante história acompanha o início da trajetória do famoso super-herói da Marvel, baseado no personagem da mitologia nórdica que representa o mais forte dos deuses já criados no imaginário. Thor, o Deus do Trovão, conforme o paganismo germânico, era intolerante, com arrogância suprema e desafiador. Banido após desrespeitar o pai, Odin, rei de Asgard, teve os poderes retirados e, para pagar o “crime” cometido, foi enviado para a Terra, onde acaba sendo encontrado (atropelado, melhor dizendo) por cientistas. O filme inicia com tudo isto: a batalha em Asgard (local habitado por deuses, separando-os dos mortais que viviam na Terra, chamada de Midgard), a expulsão de Thor do planeta e a chegada dele até os humanos terrestres. E a partir daí a aventura se completa quando o Deus do Trovão passa a ser perseguido pelos aliados do irmão, que quer ser o rei no lugar do pai adoentado.
O visual retrô (que lembra a cenografia brega de “Flash Gordon”, com muita cor prata e dourada) tenta manter a fidelidade dos quadrinhos, mas para alguns pode soar kitsch, carregado demais para um filme de super-herói – isto é o de menos em um trabalho fiel ao desenho original. Aliás, o ator australiano Chris Hemsworth como Thor dribla bem se dividindo entre o guerreiro arrogante que se “passa” por humano e depois retoma as forças ao localizar o poderoso martelo, a marca registrada do personagem.
Tem ainda Natalie Portman, vencedora do Oscar esse ano por “Cisne negro”, como o par romântico, Stellan Skarsgaard e Colm Feore, além de Anthony Hopkins.
Os bons efeitos visuais aliados à direção de arte, em especial no país de gelo (os principais inimigos de Thor, os “gigantes de gelo”, foram reconstruídos com exatidão), criam o clima perfeito para uma desfrutável fita sobre mitologia, com ritmo movimentado, que garante a diversão de jovens e adultos. Conheça. Por Felipe Brida

Thor
(Idem). EUA, 2011, 115 min. Aventura. Dirigido por Kenneth Branagh. Distribuição: Paramount Pictures

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Resenha

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Exótica

Christina (Mia Kirshner) é uma sexy stripper do clube Exótica, em Toronto, Canadá. A jovem tem um estranho convívio com o namorado, o DJ Eric (Elias Koteas), que trabalha na mesma boate. Ao mesmo tempo precisa lidar com um cliente misterioso, Francis (Bruce Greenwood), voyeur de meia-idade fissurado, que esconde um segredo perturbador.

Virou Cult esse drama psicológico aclamado pela crítica estrangeira, que constrói um painel moderno sobre voyerismo e obsessão sexual levada às últimas conseqüências. De dentro de um clube de striptease chamado Exótica surgem os estranhos personagens dessa história confusa, cheia de reentrâncias e revelações. Nesse ambiente com clima pesado (as luzes neon ajudam a criar o espetáculo visual de tormento) exibe-se para o público masculino a dançarina Christina, cobiçada ao extremo. Ela se relaciona de maneira bizarra com o namorado, um DJ violento, e passa a ser observada todas as noites por um homem maduro disposto a conhecê-la a fundo. Completa o quadro um rapaz homossexual em busca de curtição amorosa, que vez ou outra freqüenta aquele local.
Não é uma fita fácil, para qualquer público. Diante de uma ótica fria, o diretor canadense Atom Egoyan (o mesmo de “O doce amanhã”) cria um filme denso sobre voyerismo e perturbação psicológica, cujo pano de fundo envolve o submundo da populosa cidade de Toronto.
Rodado em 1994, recebeu prêmio especial em Cannes (e foi nomeado à Palma de Ouro no mesmo ano). Pela primeira vez em DVD no Brasil, lançado pela Lume. Por Felipe Brida

Exótica
(Idem). Canadá, 1994, 103 min. Drama. Dirigido por Atom Egoyan. Distribuição: Lume Filmes

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Viva nostalgia!

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Flashdance – Em ritmo de embalo

De família pobre, Alex (Jennifer Beals) é uma jovem sonhadora que trabalha em uma fábrica de aço e desenvolve, como hobby, afinidade pela dança. Certo dia, influenciada pelos amigos, resolve se dedicar a colocar os pés na pista. Poderá o talento da garota fazer dela uma exímia dançarina?

Megasucesso de público, “Flashdance” virou fenômeno da cultura pop, manifestando-se como um dos musicais icônicos dos anos 80. A história da menina humilde com talento para a dança foi inspirada na vida de uma operária canadense chamada Maureen Marder, que nas noites de folga atuava como dançarina. O próprio termo “Flashdancers” se refere a essas garotas que, como um flash, despontavam nas pistas.
Brilhantemente fotografado, o filme não ficou datado, e ainda hoje pode ser visto como um dos precursores dos musicais contemporâneos que invadiu o cinema nas décadas passadas.
O famoso compositor Giorgio Moroder (de “O expresso da meia-noite”) escreveu duas das mais famosas canções do filme – “What a feeling” (que ganhou o Oscar em 1984) e a romântica “Lady, lady, lady”. Outras músicas da trilha sonora incluem estouros típicos de hit parade, como “Gloria” e “Maniac” (esta indicada ao prêmio da Academia – o filme obteve ainda duas indicações ao Oscar, nas categorias técnicas de melhor edição e fotografia).
A bela Jennifer Beals, descoberta aqui, não firmou carreira (apesar de carismática, não era boa atriz), e seu papel consiste em abrir o leque para duas mulheres distintas, no caso uma operária que dá o maior duro para sobreviver e ao mesmo tempo uma mulher em transformação quando assume as pistas de dança.
O filme não esconde os típicos temas de superação, garra, busca dos sonhos, e lógico o final é previsível e bastante feliz.
“Flashdance” sai em nova edição em DVD, na coleção “Musicais”, junto com “Grease” e “Os embalos de sábado à noite”, recheado de extras inéditos. Quem não viveu a época, vale conhecer sem compromisso. Por Felipe Brida

Flashdance – Em ritmo de embalo
(Flashdance). EUA, 1983, 95 min. Musical. Dirigido por Adrian Lyne. Distribuição: Paramount Pictures

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Cine Lançamento

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Trabalho interno

Documentário estarrecedor sobre a crise mundial de 2008, que deturpou a economia norte-americana espalhando para o mundo o colapso financeiro. Assim como o “crash” da Bolsa de Valores em 1929, milhões de pessoas perderam tudo da noite para o dia.

A tagline na capa ironiza: “O filme que custou mais de $ 20 trilhões para ser feito”. O valor em questão é o amargo resultado da maior crise financeira dos últimos tempos, registrada com exatidão e uma infinidade de explicações técnicas nesse premiado documentário, vencedor do Oscar esse ano.
O filme serve para entender o complicado esquema de negociação, transações e acordos entre bancos americanos com instituições variadas cujo desfecho trágico atingiu, inicialmente, o setor imobiliário dos Estados Unidos. Como uma bola de neve gigantesca, a crise varreu o país, enfraquecendo a maior potência mundial. Pessoas ricas perderam casas e bens, e os pobres ficaram ainda mais miseráveis. Firmas faliram, indústrias quebraram, e muita gente do alto escalão político sentiu a danação.
Acaba sendo uma história de crime com rigor de detalhes – “Trabalho interno” nasceu da investigação surpreendente do cineasta Charles Ferguson, corajoso por sinal, que para alcançar os objetivos gravou uma série de entrevistas contundentes de especialistas na área (bancários, políticos, jornalistas econômicos, chefes de governo), ou seja, o documentário vem de uma ampla pesquisa de campo, informativa, ilustrada e bem complexa de entender.
A mensagem é clara e serve de alerta: a relação desenfreada de poder entre bancos, políticos e diversos setores da sociedade de cuja relação prostituída pode nascer um bicho de sete cabeças. E foi o que aconteceu em 2008, fato que até hoje causa revolta. E assistindo a esse documentário feroz, que mais parece um filme de terror, o público desliga a TV com ar de indignação frente a tanta sujeira gerada pelo capitalismo.
O diretor rodou apenas outro trabalho, “No end in sight” (inédito no Brasil, de 2007), indicado ao Oscar de documentário, também sobre tema semelhante – uma análise crítica sobre a ocupação do Iraque durante o governo Bush.
Necessário para interessados no assunto, “Trabalho interno” participou também de festivais importantes, como Cannes e Toronto. Em DVD. Por Felipe Brida

Trabalho interno
(Inside job). EUA, 2010, 109 min. Documentário. Dirigido por Charles Ferguson. Distribuição: Sony Pictures

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Cine Lançamento

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O dono da festa 3

Ao retornar das férias em Amsterdã, Van Wilder (Jonathan Bennett) ingressa na Universidade de Coolidge, que não é mais hoje o paraíso sexual da época de seu pai. Pelo contrário, a instituição adotou moldes militares, empregados por um reitor durão, Dean Reardon (Kurt Fuller). Wilder terá de encarar os estudos a sério sem se deixar mover pelos instintos de sacanagem típicos de seu comportamento.

Tudo o que há de pior em um besteirol (gênero discutível, de gosto duvidoso, diga-se de passagem) pode ser facilmente encontrado nessa comédia teen grosseira lançada no Brasil direto em home vídeo em versão sem cortes. O roteiro esculachado, o elenco composto por atores fracos e outros canastrões do cinema que andavam sumidos (como Kurt Fuller, o general da universidade) mais as piadas só sobre sexo torna a fita desprezível. Mudaram novamente o personagem principal – em cada filme um ator interpretou o personagem Van Wilder. A bola da vez é o fraco Jonathan Bennett, que se repete em tiques, substituto de Ryan Reynolds e Kal Penn (as comédias anteriores eram precárias também, sendo que a segunda parte sequer trazia Van Wilder!). Em suma, "O dono da festa 3" é um filme de baixa categoria, de mau gosto e infeliz nas ideias. Por Felipe Brida


O dono da festa 3 (Van Wilder: Freshman year). EUA, 2009, 98 min. Comédia. Dirigido por Harvey Glazer. Distribuição: Paramount Pictures

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Viva Nostalgia!

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Grease – Nos tempos da brilhantina

Califórnia, anos 50. O bonitão Danny (John Travolta) e a charmosa Sandy (Olivia Newton-John) estudam em escolas conservadoras. Ambos se amam, porém ela terá de largá-lo quando é chamada para retornar ao seu país, Austrália. Do dia para a noite os planos mudam, e Sandy se matricula na mesma escola de Danny, causando ciúmes nas meninas bonitas do colégio, que estão a fim de namorar o jovem recém-solteiro.

Sucesso de público em 1978, “Grease – Nos tempos da brilhantina” é daqueles filmes ingênuos que arrastou multidões aos cinemas. Registra uma época tão distante da atual, sobre o comportamento dos jovens nos anos 50, com cabelos com brilhantina, topetes, o início das roupas de couro coladas no corpo, as saias rodadas, as danças de salão e o rock n’roll prestes a germinar.
O casal John Travolta e Olivia Newton-John, com intensa química e carisma, marcou toda uma geração com as músicas “You’re the one that I want” e “Summer nights” (“Tell me more”), ainda hoje lembrada nos revivals dos anos 70.
Com visual colorido (tachado hoje de brega), o musical teve indicado ao Oscar de canção original (“Hopelessly Devoted to You”), de John Farrar, e também ao Globo de Ouro (em cinco categorias – Ator para Travolta, Atriz para Olivia, Filme – Musical ou Comédia, e em duas canções famosas, a da abertura, “Grease”, de Barry Gibb, dos Bee Gees, e “You’re the one that I want”).
Foi o melhor trabalho do diretor Randal Kleiser, o mesmo de “A lagoa azul” e “Amantes de verão”, especializado em fitas para jovens.
É um prazer rever e lembrar com saudade, ainda mais em edição dupla de colecionador, distribuída pela Paramount, com uma série de extras inéditos (making of, trailers, documentários), encontrado à venda em preço promocional nas lojas. Por Felipe Brida

Grease – Nos tempos da brilhantina
(Grease). EUA, 1978, 110 min. Musical. Dirigido por Randal Kleiser. Distribuição: Paramount Pictures

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Resenha

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Katyn

Em 1939, no início da Segunda Guerra Mundial, tropas russas ocupam a Polônia, aprisionando, a mando dos nazistas, oficiais daquele país. Parte deles é exterminado em campos de concentração, enquanto outra desaparece sem vestígio algum. Um dos que somem é o oficial Andrzej (Artur Zmijewski), que havia se recusado a fugir do país com a esposa Anna (Maja Ostaszewska). Quatro anos mais tarde, Anna e centenas de mulheres polonesas descobrem a brutal verdade dos desaparecimentos quando quilômetros de covas coletivas são encontradas na floresta de Katyn.

Cineasta polonês de inegável prestígio, o seríssimo Andrzej Wajda conta a trágica história do genocídio ocorrido na floresta de Katyn, nos arredores da cidade russa de Smolensk, com convicção, eficiência, sem recorrer ao melodramático. A matança foi um dos fatos mais obscuros da Segunda Guerra, escondida pelos comunistas por décadas, a pedido de Stalin – os russos organizaram o plano por si só, e a culpa caiu, na época, nas costas dos alemães, que logo desmentiram o fato. Até os anos 90 era aceita como verdade incontestável a versão russa de que os nazistas exterminaram os oficiais com um tiro na nuca, depois enterraram os corpos em valas comuns, como arma de propaganda política. Depois de muita pressão por parte dos Direitos Humanos, o presidente Gorbachev, no início da década de 90, reconheceu a responsabilidade do país no caso Katyn. Resultado: 140 mil oficiais e civis foram mortos pelos russos.
Lançado em 2007, chegou em DVD no Brasil em 2010, em versão reduzida – o filme distribuído no Brasil tem 116 minutos, a mesma exibida no Festival de Berlin, sendo que a original européia tem seis minutos a mais.
Mas não há perda do impacto da história, dos argumentos que contradizem alemães e russos, a narrativa madura e, claro, a experiência técnica do famigerado diretor que rodou o drama de guerra aos 81 anos de idade. Discretamente, relata aqui o assassinato de seu pai em Katyn – por isso o filme resulta com ar de autobiografia.
Recebeu indicação ao Oscar de fita estrangeira em 2008, perdendo para “Os Falsários”, de Stefan Ruzowitzky, que mostrava episódio um pouco semelhante sobre os judeus na Segunda Guerra.
Marcante, não hesita em condenar os governos autoritários e suas truculências, que ainda hoje existem por aí. Por Felipe Brida

Katyn
(Idem). Polônia, 2007, 116 min. Drama de guerra. Dirigido por Andrzej Wajda. Distribuição: Paramount Pictures

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Cine Lançamento

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Atividade paranormal - Tóquio

De volta a Tóquio depois de uma temporada nos Estados Unidos, a jovem Haruka (Noriko Aoyama) sofre um acidente de carro. Com as duas pernas quebradas, é recebida em seu país natal pelo irmão Koichi (Aoi Nakamura), um rapaz aficionado por câmeras de vídeo. Certa noite, em uma de suas gravações pela casa, percebe fatos estranhos de objetos se mexendo. A cada dia novos fenômenos macabros começam a perturbar os irmãos.

Rodado no Japão após a febre dos dois primeiros “Atividade paranormal” (que virou franquia com deslumbrante bilheteria), esta fita de terror não é a terceira parte oficial, que está em processo de finalização e deverá ser lançada em breve. É uma pequena ‘ponte’ entre o desfecho de um e início do outro, aproveitando o gancho do original para explicar os acontecimentos sobrenaturais em torno de uma casa habitada por espíritos zombeteiros.
Nunca gostei do estilo amador (proposital) desses filmes que ganharam força em festivais independentes de cinema e fora recebido com entusiasmo por fãs do gênero. O roteiro repetitivo, sempre segurando o telespectador com as mesmas sacadas que não levavam a lugar nenhum, cansou. Porém a maior surpresa é que este “Tóquio” se sai melhor do que aparenta, ou ainda, é melhor que os anteriores. Os recursos de gravação não mudam, com a câmera no ombro, meio fake, captando cenas noturnas com possíveis aparições de fantasmas, mas por ter sido rodado no Japão, no melhor estilo J-Horror (Japanese Horror), a visão é outra, bem acima da média. Este sim causa susto, angústia, com momentos arrepiantes (como o desfecho), que incomodam.
A franquia, criada em 2007, abriu portas para escola e de lá para cá muitos trabalhos com o tema parecido surgiram no cinema. No entanto, nenhum deles teve melhor resultado em termos de qualidade como “Tóquio”. Os fãs devem conferir. Por Felipe Brida

Atividade paranormal - Tóquio
(Paranômaru akutibiti: Dai-2-shô - Tokyo night). Japão, 2010, 90 min. Horror. Dirigido por Toshikazu Nagae. Distribuição: PlayArte

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Viva Nostalgia!

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Perdição por amor

Carrie Meeber (Jennifer Jones) é uma jovem interiorana que sai do Meio-Oeste Americano rumo a Chicago, onde ganha dinheiro como amante dos homens ricos da cidade. Um dos clientes, George Hurstwood (Laurence Olivier), gerente de um restaurante de luxo, larga a esposa para ficar com a bela garota. Do dia para a noite Carrie atinge o estrelato e passa a atuar em uma famosa peça teatral. Hurstwood, abandonado por ela, vê o mundo ruir e cai na miséria.

Clássico da Paramount lançado em 1952, estreou em pleno Macarthismo (Caça às Bruxas), condenado por cineastas e críticos pelo tema ousado (a personagem central, Carrie, é uma prostituta descompromissada, que faz capacho dos homens que a amam), além de ter fracassado pelo teor amargo e desfecho trágico, algo que, na época, era rejeitado pelo grande público não disposto a ver tragédias amorosas nas telas.
Hoje, revendo, o filme continua frio, em especial da metade para o final. Lembra muito “O anjo azul” (1930), o clássico alemão de Sternberg, com Marlene Dietrich na pele da dançarina que destrói o professor conservador (Emmil Jannings).
Tudo isto não prejudica a qualidade técnica e temática desse drama baseado no romance “Sister Carrie”, de Theodore Dreiser, lançado em 1900 (o título teve de ser mudado para que não causasse a sensação de que fosse uma história sobre freira). O notório ator Laurence Olivier se destaca como o milionário que acaba falido nas mãos de uma mulher fatal, Jennifer Jones, a tal da Carrie.
De clima pesado, “Perdição por amor” pode ser visto como um anti-conto de fadas, de certa forma perverso, sem concessões, original e com cenografia elegante, menção à virada do século XIX para o XX.
Recebeu duas indicações ao Oscar em 1953 (melhor figurino e direção de arte) e foi relançado pela Paramount na coleção ‘Clássicos’. Conheça. Por Felipe Brida

Perdição por amor
(Carrie). EUA, 1952, 118 min. Drama. Dirigido por William Wyler. Distribuição: Paramount Píctures

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Cine Lançamento

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Reencontrando a felicidade

Casal perde o filho de quatro anos em um atropelamento. A mãe, Becca (Nicole Kidman), não se conforma, vivendo o pior momento de sua vida. O marido, Howie (Aaron Eckhart), tenta trazer o consolo para a mulher. Certo dia aceitam o convite de participarem de um grupo de terapia de casais que perderam entes queridos. Ao mesmo tempo que Becca começa a olhar de forma diferente o seu novo dia-a-dia, resolve se aproximar do rapaz acusado pela morte de seu filho, Jason (Miles Teller), um desenhista altamente desiludido.

Um fita sensível que deu à Nicole Kidman uma terceira indicação ao Oscar, esse ano (ela ganhou pelo papel da escritora suicida Virginia Woolf em “As horas”, em 2003). Grande atriz de inegável beleza, transmite com naturalidade a tristeza de uma jovem mãe que acabara de perder o filho pequeno em um trágico acidente de carro (atropelado por um jovem). À beira do caos, isola-se em casa com o marido, enxerga o mundo com aspecto negativo, entregando-se às crises emocionais. Em suma: Nicole conduz o clima dramático com exatidão, sem ser piegas, num papel difícil de uma mulher sofredora.
O público entende, com o andamento da história, o significado do título original metafórico (“Rabbit hole”), alusão ao famoso buraco do coelho de “Alice no País das Maravilhas”, um lugar obscuro, misterioso, onde a personagem esconde-se para fugir da amarga realidade. É nesse ponto crucial que aceita o medo ao se aproximar do assassino do filho, um rapaz frustrado e sozinho.
Ao contrário do que parece, “Reencontrando a felicidade” não chega a ser desesperador como os tristes “O quarto do filho” e “Entre quatro paredes”. É delicado, narrado com certa poesia, sem causar comoção como o tema aparenta.
Baseado na peça de David Lindsay-Abaire, o filme traz ainda, no elenco, dois artistas fortes que provocam ar intenso de dramaticidade, cujos papéis sempre causam embate com a protagonista: Aaron Eckhart (o marido) e a duas vezes premiadas com o Oscar Dianne Wiest (a mãe de Becca, mulher de comportamento petrificado).
Nicole também concorreu a diversos outros prêmios, como SAG, Globo de Ouro etc. Em DVD pela Paris Filmes. Por Felipe Brida

Reencontrando a felicidade
(Rabbit hole). EUA, 2011, 91 min. Drama. Dirigido por John Cameron Mitchell. Distribuição: Paris Filmes

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Cine Lançamento

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Sexo sem compromisso

Avessa a sentimentos maiores quando o assunto é relacionamento amoroso, a médica Emma (Natalie Portman) está carente de carinho e sexo. Para aliviar a tensão, propõe ao amigo Adam (Ashton Kutcher), um rapaz sensual que descobre que o pai (Kevin Kline) está ficando com sua ex-namorada, um acordo superinusitado: sexo sem compromisso. Em encontros casuais, baladas e no cinema, topam viver uma intensa amizade colorida. Mas até que ponto duas pessoas que realmente se gostam conseguirão lidar com isto?

Agradavel comédia romântica com dois atores com química interpretando personagens carentes que ultrapassam os limites da amizade ao encarar curtições amorosas. A ganhadora do Oscar por ‘Cisne negro’, Natalie Portman, tem destaque carismático como a médica workaholic fracassada em relacionamentos - bonita, ela cativa os homens, mas foge de namoros sérios. Do outro lado da moeda, Ashton Kutcher, ator de inúmeras comédias teen, faz o bonitão que está na seca e de repente é pego de surpresa quando vê o pai (Kline, em papel imperceptível) assumir compromisso com sua ex, uma garota muito atraente. E com a proposta em jogo, ambos iniciam um enrolado caso livre, sem pé nem cabeça, daqueles que, quando um tem vontade de sexo, telefona para o outro e corre para o lugar marcado.
O criador de “Os caça-fantasmas”, Ivan Reitman (pai do promissor cineasta Jason Reitman), assina a direção depois de seis anos afastado das telas, desde a fraca comédia “Minha super ex-namorada”. Nesse seu novo filme, mais voltado ao público feminino, abandona qualquer pretensão ou explora recursos brilhantes. Pelo contrário, conta uma história apenas bonitinha baseada num roteiro com situações bastante previsíveis, sem novidades. Ou seja, está de bom tamanho como um rápido entretenimento.
Vale mesmo pelo charme encantador de Natalie que, ao lado de Kutcher (ator que sempre tive restrições, mas que aqui não está abobalhado como de costume), forma um casal fotogênico vivendo um relacionamento ultramoderno. Por Felipe Brida

Sexo sem compromisso
(No strings attached). EUA, 2011, 108 min. Comédia romântica. Dirigido por Ivan Reitman. Distribuição: Paramount Pictures